vento de outono

O silvo do vento,com suas carapinhas,envergava o pequeno arbusto do jasmineiro,que,mal conseguia manter suas raizes nas entranhas do solo.A fôlha amarelada da figueira preciptava-se em seu vôo suicida,embalada pela brisa sinuosa que adiava o choque inevitável com a terra faminta. Vez por outra,aproximava-se de suas irmãnzinhas aflitas e as beijava,delicadamente,tocando suas tenras superfícies.Transmitia-lhes,talvez,a mensagem consoladora;"Não choreis"... Pequeno grupo de andorinhas eram arremessadas à direção contrária ao vôo infrutífero de suas frágeis asinhas. O ambiente alegre fora substituido pela dança soturna dos abutres agourentos,que abriam suas envergaduras e cortavam,orgulhosamente,os espaços. Mas...qual tormenta,qual nada,era,tão sòmente,as águas do outono,anunciadas pela aérea correnteza irrequieta,arauto da nova estação.As gôtas cristalinas escorriam pela terra e, à semelhança de capilares,perfuravam a superfície porosa,levando a seiva celeste,com seu frescor, às profundezas mornas.O agradável aroma de terra molhada se expandia,incensando a atmosfera à medida em que a chuva se avolumava.O besouro distraido se agarrava ao delgado cacho de florzinhas azuis pendentes,que resistiam ao pêso do paquidermico voador.Tal criatura era um desafio da natureza mãe à qualquer lei da gravidade... O fenômeno logo se acalmou,devolvendo a rotina aos habitantes silvestres. Mais uma vez,o Cósmico manipulador surpreende-me com suas divinas incoerências...O primeiro ser a aventurar corajoso retôrno é o mais frágil,mais leve esvoaçante par de pétalas amarelas a afundar suas patinhas nas gõtas orvalhadas remanescentes. Tal ação não foi por acaso,e agradeci a Êle por valiosos sinal...