Uma Família Excêntrica

Estamos no ano de 2035, onde a ciência está bem avançada. As leis mudaram bastante e, ainda assim, existem muitos cientistas trabalhando secreta e clandestinamente. Um deles é o Dr. Luciano Bertos que trabalhava no campo da bioengenharia, eu sou Pedro Bertos, seu sobrinho.

Desde pequeno, sempre freqüentei o laboratório e acompanhei as pesquisas de meu tio. Há pouco tempo descobri que eu mesmo havia participado de uma de suas experiências. Eu tinha seis anos e tio Luc, como eu o chamava, utilizou, sem que ninguém soubesse, minhas células para sua pesquisa e o resultado foi Fabiano: meu clone! Este era um segredo só nosso, apenas nós três sabíamos disso.

Fabiano era um pouco desajeitado, porém muito esperto. Sempre que brincávamos e tentávamos enganar meu tio, Fabiano sempre era pego, mesmo sendo de sua autoria os melhores planos de nossas peripécias.

Sempre muito ousado, Fabiano resolveu um dia ir à minha escola. Quase fomos descobertos, muita gente ficou intrigada e se imaginaram malucos ou doentes. Um dos monitores do colégio acabou, depois de anos, finalmente pedindo férias no dia seguinte ao ocorrido; este foi o quem mais atentamos.

Por ter sido gerado através da clonagem de células já maduras e por um método ainda bastante experimental, Fabiano envelhecia mais rápido que o normal. Quando eu estava com 16 anos ele já estava com a aparência de 23. Com o tempo, sempre que eu queria ir a um local onde precisava da autorização ou presença de um responsável e sabendo da reprovação, vinda de meus pais, era Fabiano quem me acompanhava à esses “eventos”comigo. Fizemos muitas peripécias, tivemos aventuras, “perrengues” e aprendemos muita coisa com essa nossa “inovada relação”.

Certo dia fomos abordados por alguns homens que vinham vigiando meu tio. Não entendemos nada. Ficamos assustados. Fizeram-nos perguntas e pediram que os acompanhassem, nos levaram de volta à casa do tio Luc, aparentemente eles no conheciam.

Parecíamos cobaias em um laboratório, fizeram coleta de materiais e sangue; depois de algumas horas de angústia e medo, Fabiano e eu já sabíamos o que aconteceria. Sem palavras, apenas com olhares, nos despedimos; éramos muito ligados e sempre pudemos nos entender só através de olhares ou muito menos. Tudo aconteceu de forma muito rápida, apesar de o tempo ter sido longo. Deixaram-me em minha casa e me deram instruções para que não falasse sobre o ocorrido com ninguém, muito menos que procurasse por meu tio novamente.

Nunca mais vi tio Luc e nem Fabiano. Vez por outra alguém entra em contato anonimamente e traz um pouco de conforto ao meu coração com notícias de meus queridos tio e irmão. Esse moço que se comunica comigo é muito familiar e pelos meus cálculos e sentimentos, com certeza é Fabiano!

03/2005

Andrea Braga
Enviado por Andrea Braga em 31/07/2006
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