A CIDADADE DE "VAI NÃO TORNA" E O SEGREDO DAS TRÊS PORTAS

CIDADE DE “ VAI NÃO TORNA” e O SEGREDO DAS TRÊS PORTAS

Quer mistério havia naquela cidade estranha? Se não tinha como saber, quem lá entrava não voltava, porém havia um segredo a ser descoberto e uma pessoa, ou mais teria que ir a busca deste tal segredo....

Aquele pequeno povoado chamado Elmo, onde residiam poucos moradores remanescentes de uma grande catástrofe da natureza, um vulcão. Pouco sobrou de tudo, apesar de ter acontecido há uns 200 km de distância daquele vilarejo. Foi uma varredura quase que total, uma devastação fenomenal da natureza.

Já não existia mais verde, nada que plantava nascia, somente restou aquele lugarejo, alguns animais, no total, seis famílias, quarenta e sete pessoas contando ao todo; dezoito crianças, nove adolescentes, seis casais, evitavam ter mais filhos, oito idosos....Como viviam? Deus sabe como! Dos poucos animais que restavam; cabras, porcos, galinhas e alguns cavalos, esses tinham que alimentar, dar alimentos para sobrevivência de todos.

Havia a cerca de 20 km uma linha de ferrovia, passava trem mas era de de carga, a cidade mais próxima ficava há mais de 100kms. Dali. Os cavalos estavam magros, não conseguiriam fazer uma viagem tão distante. A sorte que antes de acontecer o tragédia que o vulcão provocou, eles tinham armazenado muita colheita, do milho, feijão, trigo e do capim que plantavam . Porém a reserva estava acabando.

Aquele povo vivia em comum, quem não tinha mais nada, era ajudado por quem tinha. Mas o medo dominava há quase todos e depois? Alguns pensavam em tomar um rumo, mas como? E o resto, iria deixar morrer ali? Até quando?

Era uma situação difícil de resolver, os mais velhos eram o que mais pensavam pela maioria, contudo havia um mais sensato, uma espécie de líder, conselheiro, muito respeitado por todos. O Bernardo, um homem que nunca perdia a esperança. Era como um pastor a guiar seu rebanho, a calcular a ração dos animais, a pequena produção dos ovos,porcos, cabras, leite , para ninguém passar fome, necessidade sim, mas fome não.

Havia um poço feito de pedras ao redor, onde eles puxava água por um carretel gigante que rolava a corda ,nela um balde na ponta, bem ao centro do vilarejo, com água ainda que escassa, muito profundo. Era o ponto de encontro, onde todos se reuniam em volta, para trocar ideias, fazer prece, pedido ao poço para nunca se esgotar, Já que a água simbolizava a vida.

Bernardo um dia, meditando sozinho diante de poço, era tarde da noite, perdera o sono. Todos dormiam, tudo era silêncio. Olhava as estrelas e a lua no céu, olhava em volta, perguntava a si mesmo o quê fazer com aquela gente quando acabasse todo alimento? Meditou, entrou profundamente em comunhão com o Altíssimo, sentiu arrepios pelo corpo, apesar do grande mormaço. Viu perfeitamente, a água de aquele poço brilhar diante dos seus olhos , como se fosse um espelho mágico, sabia que ele era muito fundo, mal dava para ver a água, mas estava enxergando muito bem, como se transbordasse águas e ideias.

As imagens como num filme em câmera lenta mostravam com uma seta,indicando um pequeno mapa, um lápis gigante sobre ele, uma cidade próxima e próspera, onde tudo era pura abundância; rios de pedras preciosas, árvores, pequenos castelinhos brancos...

Bernardo sacudiu a cabeça, saiu daquele devaneio, assustado, pensou: ”Será que foi um sonho ou revelação?” Bom, uma coisa ou outra, a verdade é que lembrava de tudo. Entrou em casa sem acordar ninguém, pensou muito e acabou dormindo.

Sonhou novamente, agora só com o mapa, uma voz dizia assim:

"Bernardo salve seu povo, mande alguns na frente, os mais necessitados, lá eles terão livres escolhas, várias opções de sobrevivências!"

Amanheceu, ele correu pegou um lápis e começou a desenhar um mapa, do jeito que imaginava ter visto , Será que iria da certo? Desenhou e convocou o povo para contar a novidade. Contou tudo, sobre efeito de grande entusiasmo, alegria, desconfiança, olhos arregalados da população de Elmo:

─ Iéeeeeeeeee, Obaaaaaaaaaaa!

─ Pessoal, eu sei que foi um sonho, uma visão que eu tive ontem, mas acho que é uma saída, não custa nada tentar. Teria que ser comprovado se o sonho era coisa certa, o mapa.

Foi feita uma avaliação, e foi decidido ir a família com mais filhos e o que tinha menos pra comer e foram-se.Total: dois adultos, cinco crianças e três adolescentes

Passado alguns dias, nada de notícias, um mês, dois meses... Nada.

O povo se reuniu novamente, decidiu, iria outro. Desta vez um jovem casal sem filhos. . O marido prometera voltar, para contar o que aconteceu com a outra família. Foram-se. Nada, não voltaram. Mais outra família,total oito pessoas :o casal e seis filhos foram-se e nada. Agora só restavam três famílias..

─ Reunião extraordinária pessoal! Gritou Bernardo. Todos vieram, de cara feia , aborrecidos já culpando o Bernardo pela aquela infeliz ideia. Ele justificou:

─ Eu sei , pressinto que algo aconteceu,aquela voz não iria brincar comigo, dizer coisas que não existiam, nada a ver com a visão o sonho, não iria ser assim iludido, era cheio de detalhes, até mapa, e se não existisse essa cidade ...Foi interrompido uma das pessoas gritou:

─ Se existe como se chama esta cidade?

─” Vai não torna” se não tem nome, batizo agora de:VAI NÃO TORNA! Já que os que foram não voltaram. A proposta é o seguinte: não temos quase nada aqui. Não dar mais por alguns meses, para alimentar os animais, se não temos, teremos que sacrificá-los e depois? Comeremos eles, e depois?

Melhor seria fazer como antigamente, uma tropa ,alimentar bem os cavalos com que sobrou, para aguentar o tranco da viagem cada qual com os seus bens que sobraram, muita água, arrumar as carroças, colocar os mais idosos e os pequenos em cima, o resto caminha a pé , quando cansarem, paramos para repouso e dormida...O que acham?

Todos responderam a uma só voz:

─ Concordamos, não temos outra escolha!

Começaram à arrumação, sacrificaram alguns animais para o sustento na viagem, alimentaram os cães, os cavalos e alguns restos das outras criações. Foram-se todos.

Era de madrugada, ainda existia uma estrela no céu, deveria ser a estrela Dalva, a única que desponta pela manhã ( pensou o Bernardo) Logo amanheceu, o sol deu as caras já esquentando a estrada que o mapa mostrava, pelo jeito era verão, pois o amarelão do sol era quente e forte. Não parecia tão longe, avistaram numa pouca distância, três portas gigantes. A princípio o Bernardo achou que era alucinação, divido o calor e a fadiga, porém, não foi só ele que avistou mais todos gritaram de alegria, sinal que estava próximo a chegada, mas, cidade com porta? Estranharam, seria uma cidade mesmo, diferente das demais? Pararam para comentar, seguir em frente? Sim!

Mas, aos poucos perceberam, era uma miragem, as portas pareciam perto, na medida em que caminhavam, mais longe ficavam. Assim caminharam por três dias, prostraram-se de cansaço e dormiram .Nem eles sabiam que era a última noite, na manhã seguinte, o destino daquelas pessoas mudaria para sempre.

Amanheceu... Um brilho intenso ofuscou a todos, esfregaram os olhos diante daquelas portas enormes, todas iguais, exceto os nomes nelas gravados. Cada uma com duas palavras: a primeira: DICIFRA-ME “MARAVILHA” . A segunda: DICIFRA-ME “ SABEDORIA”, A terceira e última: DECIFRA-ME “ INENFOR”.

─ Pessoal, não vamos nos separar, deixe-me pensar bem e direito, não vamos nos precipitar, chegamos aqui juntos, seja o que for, viver ou morrer, entramos na mesma porta que eu escolher, está feito?

─ Sim viver ou morrer unidos! Todos responderam.

A família do Bernardo, era os pais dele, os pais da sua mulher, dois filhos adolescentes, três crianças. Era uma verdadeira família, unidos e colaboradores com os demais, ajudavam a distribuir os alimentos para cada família mais carente.Eram muito queridos pelos os demais.

Bernardo silencioso encarou as três portas com os olhos que mais pareciam um raio X, ficou contemplando- as...Pensou, pensou, pediu uma força divina e veio na sua mente, que as famílias que não voltaram de certo na ansiedade, preferiram a porta da MARAVILHA, ou por curiosidade, pelo nome diferente a terceira porta INENFOR. Logo veio em mente a segunda porta é a certa. Gritou!

─ Meu povo, sem perguntas, vamos com calma, todos nós vamos entrar na porta da SABEDORIA, entenderam, alguma dúvida?

─ Sim, entendemos, nenhuma dúvida!

Entraram sem bater, porta a dentro, mas nada do que levaram passou na porta,somente as famílias, era automaticamente era defeito....Lá dentro um caminho cheio de pedras, curvas, carrapichos, pragas, o povo reclamando, parecia que não levava a lugar nenhum, mas para espanto de todos, começou uma chuva fina, há anos que eles não sentiam chuva assim, nem no corpo, nem na terra,nos escombros, das lavas, mais parecia um cemitério de lavas negras mortas.

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Viram dois vultos, chamando-os”por aqui” Era o casal que havia partido pela segunda vez.Explicaram o por quê de não ter voltado. Foi desvendado o mistério, O homem e a mulher, falaram intercalado, ora um ora outro,todos ouviram com atenção.

Pessoal, não poderemos voltar, depois que passarmos aquela porta, não poderemos voltar ao passado, aqui tem de tudo, fartura, água à vontade, rios, pedras preciosas, árvores, muito verde. Na verdade, voltar atrás pra que? Temos tudo!

Bernardo perguntou:

─ E cadê os outros?

─ Não sabemos, acho que entraram pelas outras portas. que têm as mesmas características dessa!Talvez na ansiedade, ou fome, foram na primeira atraídos pelo o nome.

─ Como sabe que não poderemos sair, voltar mais?

─ Porque tentamos, ai ao chegar abrir a porta, algo tenta nos sugar como um buraco enorme.

─ Ah, mas aqui só vejo mato, onde está essa abundância, as coisas boas?

─ Espera já todos virão, aguarde o som de um trovão é a senha.

Todos silenciaram , nenhum ruído, nada... Alguns minutos depois...

Cabrum!

Abre-se mais uma porta enorme de pedra e lá estava á vista de todos, tudo o que foi narrado pelo casal.

Alegria foi coletiva, mas, e os outros?

Quem sabe... Tente adivinhar, Decifra se for capaz.

Dora Duarte
Enviado por Dora Duarte em 10/07/2012
Reeditado em 16/09/2012
Código do texto: T3771100
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