Visita ao asteroide B 612

Quando desci da nave, mal pude acreditar que lá estava ele com seu carneiro e sua flor. Era o verdadeiro, pois, aqueles fios de ouro na cabeça, da cor do trigo de um campo africano, eram inconfundíveis. Desconfiado e assustado com minha presença, ele me fez de cara uma pergunta. Então eu tive a certeza que realmente se tratava do pequeno príncipe. Perguntou de onde eu vinha, e antes da minha resposta soltou logo outra, como eu tinha chegado ao teu planeta. Eu logo tratei de explicar, contei que já tinha lido a sua história, que ele era bem conhecido na terra onde há muitos anos tinha visitado. Então ele me sorriu com um sorriso tão alegre como uma chuva de estrelas cadentes, e por hora não quis mais explicações.

Percebi que aquele planeta era bem fiel a sua descrição, bem pequeno, e não tinha tantas coisas pra vê ou pra descrever, era bem vazio. O que o tornava o bonito, era justamente aquele invisível, juntando com a vista da terra e seus pôs do sol, sem falar da imensidão das estrelas, também dava pra vê outros planetas, até os olhos se perderem no infinito da galáxia.

Trouxe-me um pouco de água em um copo engraçado, Reparou que era gente grande, olhando-me dos pés a cabeça, achou legal meu traje de astronauta, e logo disse que eu estava parecendo um urso polar. Depois pediu para que contasse um pouco sobre minha viagem.

Contei quase tudo que eu sabia sobre ele, deixando-o assim feliz e importante, retribuindo minha admiração com mais um sorriso cheio como a lua. Sobre a razão de minha viajem deixei para contar no final. Então comecei falando das dificuldades de achar seu pequeno planeta, de como tinha me perdido várias vezes pela imensidão do universo. Disse a ele que passei por alguns planetas que o mesmo já tinha visitado. Essa informação despertou mais ainda a sua curiosidade, como se eu tivesse jogado gasolina em uma fogueira, ele logo começou a me disparar perguntas de novo. Ele queria saber como andavam as coisas naqueles outros pequenos planetas, e se as pessoas que ele tinha conhecido continuavam fazendo as mesmas coias. Então tomei mais um pouco d’água e comecei a falar. Primeiro falei sobre o Rei, que não era mais Rei, após receber uma visita de um revolucionário as coisas tinha mudado por lá, o planeta agora era um estado democrático, porém como não tinha ninguém além do Rei e o rato, o Rei sempre ganhava as eleições, era o único candidato, ganhava de um voto a zero, pois o rato sempre votava em branco. Partir então pro próximo na esperança de encontrar o planeta dele, e me deparei com o planeta do vaidoso, ele tinha envelhecido e não o restava mais a beleza de quando o pequeno príncipe tinha o visitado. O vaidoso estava velho e triste, o que reforça a ideia de que as aparências são apenas temporárias, e quando a beleza do vaidoso foi embora, levou consigo sua alegria. Então o pequeno príncipe olhou dentro dos meus olhos, com seus olhos pequenos e parecia surpreso com a situação do vaidoso. Resolvi então contar a minha visita ao próximo planeta, o do bêbado, contei a ele que não tinha mais ninguém lá, só muitas garrafas vazias e um esqueleto, expliquei a ele que agora estava bem assustado, que o bêbado morreu de tanto beber, a solidão e a falta de lógica fez com que ele não parasse de beber, levantei a hipótese de que ele bebeu até a morte.

Depois de ouvir essas três primeiras histórias de minha longa viagem, sua curiosidade diminuía, assim como a sua felicidade de eu estar lá, levantou-se, do vulcão onde estava sentado e olhou pro nada, parecia procurar um pôr do sol. Então continuei falando, do quarto planeta, daquele homem sério, que agora não estava mais sério, ele continuava contar as estrelas, continuava aumentando sua riqueza, então o pequeno príncipe voltou a sorrir e falou baixinho com a voz ainda triste, falou que certas coisas não mudam. Logo contei do quinto planeta, onde o acendedor de lampião morava, contei a ele que ali um viajante comovido com a história do acendedor, deixou um poste de presente, e ele nunca mais precisaria apagar e ascender aquele velho lampião, e assim realizou seu sonho de dormir e ele dormiu por anos e anos. Já estava cansado quando comentei sobre o sexto planeta, lá o geógrafo resolveu ser explorador, após a visita do pequeno príncipe ele saiu a explorar aquele planeta. Percebi que o pequeno príncipe ficou feliz em saber que o geógrafo resolveu aproveitar a vida sendo um explorador como ele foi um dia, e viver as coisas que seu mundo tinha a oferecer não apenas escrever. Ele com toda sua sabedoria comentou, meu relato sobre o sexto planeta, disse-me que a beleza de viver está em descobrir aquilo que já sabemos, não apenas saber que existir e sim conhecer provando de sua existência.

Depois de ter contato sobre minha viagem, resolvi contar sobre o motivo dela. Falei que o mundo das pessoas grandes estava me sufocando. Que as pessoas tinham se tornando mais cruéis, individualistas, já não ligavam para cativar uns aos outros, e que tudo tinha se tornado um jogo de interesses. Falei também sobre as guerras, sobre as ditaduras, essa parte ele não entendeu bem, e quando não entendia o significado de uma palavra ele me perguntava com uma humildade que nunca tinha visto antes. Notou minha tristeza e me ofereceu uma cadeira para ver o por do sol com ele, parece que entendeu minha razão. Calei-me por um longo instante, e apreciei aqueles lindos pôs do sol, vi uns 15 quando parei de contar, quando parei de me preocupar. E minhas tristezas iam embora suavemente, e a cada por do sol eu sentia-me mais calmo, feliz e jovem. Não perguntei a razão de ele continuar o mesmo, sem crescer, de ele continuar uma criança, sei que explicações estragam as coias, que explicações são coisas de gente grande. Apenas aproveitei o silêncio, e a beleza do momento.

Lembro que logo depois de vê algumas dezenas de pôs do sol, o pequeno príncipe adormeceu, foi nesse momento que resolvi partir, voltar para meus problemas. Sei que foi melhor assim, sem adeus, pois, o adeus é muito triste, é muito chato, mesmo parecendo falta de educação de minha parte sair sem avisar, sem dar tchau, resolvi apenas deixar um desenho da raposa, aquela velha amiga dele. Sei que ele ficou feliz quando acordou e a encontrou, sei que a raposa também ficou feliz de reencontrar aquela criança que um dia a tinha cativado.

"Esse conto é baseado na obra o " Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint - Exupery

Diêgo Vinicius
Enviado por Diêgo Vinicius em 25/07/2012
Reeditado em 25/07/2012
Código do texto: T3797083
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