O vento sobre a montanha

Acordou de um sonho em que dançava numa roda de guerreiros Mowthumi com a vaga impressão de que alguém gritava o seu nome, ao longe:

- Dmitry Alekseev Siyankovsky!

Abriu os olhos e viu acima de si o ventre metálico da nave, a rampa de descida fechada e os três trens de aterragem articulados ao seu redor. A tarde ia pelo meio, o vento fazia ondular o mato alto que envolvia o cocuruto pelado da colina, onde os retrofoguetes haviam incinerado a vegetação.

- Dmitry Alekseev!

Sentou-se na manta que usara como colchão e colocando a mão em pala sobre os olhos, perscrutou o ponto onde a floresta dava lugar ao matagal, na base da colina. Um homem de macacão cáqui emergiu dentre as árvores, o cabelo louro batido pelo vento, acenando amistosamente:

- Dmitry Alekseev!

Ergueu-se e caminhou para a luz do sol, acenando de volta:

- Pavel Kirillov Radinovich!

Mais cinco minutos transcorreram até que se vissem frente a frente, no topo da colina, à sombra do "Mensageiro das Estrelas".

- Dmitry Alekseev!

- Pavel Kirillov!

Apertaram-se as mãos e se abraçaram.

- Quanto tempo faz? Quase dez anos?

- Isso... havíamos acabado de sair da Academia. Mas como me descobriu nesse fim de mundo?

- Pousamos a uns 10 km daqui, numa curva do rio. Eu estou com o SKR.

- O Comitê Especial de Inteligência, "que tudo sabe e tudo vê" - sorriu Dmitry Alekseev. - Então, devo supor que veio por conta do meu relatório?

- Sim, nos chamou a atenção. Casualmente, eu estava nas vizinhanças e pedi para vir com o grupo de desembarque, assim poderia lhe fazer uma visita.

- Bom, você chegou na hora do chá. Me acompanha?

- Naturalmente!

Dmitry Alekseev deu dois assovios curtos e a rampa de descida da nave começou a descer vagarosamente, até tocar o solo enegrecido com um estalo seco.

[02-03-2013]