O MISTÉRIO DO LAGO lll

continuação da parte 2...

Enquanto montavam a torre, houve um tumulto na ala três, onde ficavam os prisioneiros Maiasxi. Os Maiasxi por serem mais fortes, eram os responsáveis pela pedreira, onde quebravam as pedras e levavam até o escorregador gigante onde os Pakalalas por serem grandes construtores, eram responsáveis pelas construções, principalmente as muralhas.

 

Os Maiasxis se revoltaram e se juntaram com os Incaperus e os Gualtecas e fizeram uma rebelião, destruíram parte do grande escorregador e alguns alojamentos, mas sem armas acabaram sendo dominados e a rebelião terminou com alguns mortos. Depois de controlarem a situação, os Gnorus fizeram uma reunião entre eles, e Mukala foi ao alto da pedra e falou que haveria algumas mudanças:

Não haveria mais regalias para nenhum prisioneiro, todos seriam tratados da mesma forma, haveria racionamento de comida em caso de rebeldia por parte de algum membro da tribo, todos só seriam alimentados duas vezes por dia e não haveria mais passeios lá fora.

 

Com isso o plano de Muon Pu Lala teria que acontecer mais cedo. Percebeu que até as tribos que eram aliadas com Mukala estavam descontentes, achou que a hora era oportuna, reuniu seu grupo e cada um recebeu a missão de comunicar cada tribo sobre o plano. Um de seus guerreiros veio até o galpão "donde" se encontravam os humanos e avisou para o grupo que na segunda lua haveria uma rebelião, os Maiasxis como eram os mais fortes, ficariam na frente de batalha. Jogariam as pedras na saída da fortaleza dos Gnorus, os Gualtecas usariam suas habilidades com os arcos, os Incaperus se encarregariam de abrir o portão, os Pakalalas se encarregariam de prender os chefes Gnorus, o resto das tribos menores incluindo os humanos, sairiam para fora quando o portão estivesse aberto e ajudariam o exército dos Pakalalas que viriam ajudar a retomar a montanha de pedra. Ficou tudo acertado e as tribos ficaram estudando as estratégias para o grande dia.

 

Ainda estava na terceira Lua, teriam que esperar fechar o ciclo e recomeçar novamente, e quando chegasse a segunda Lua, o plano seria orquestrado assim que a segunda lua aparecesse nos céus de Cirith. Enquanto isso todos trabalharam normalmente sem causar desconfiança dos Gnorus. Josué aos poucos durante a madrugada fabricava escondido algumas armas, fez alguns machados e lanças e uma malha fina de aço para usarem debaixo da roupa, escondia dentro de um buraco feito no chão e que era protegido com uma mesa de ferro que ficava em cima. A estrutura da grande torre de observação estava quase pronta para os Gnorus, seria uma grande aliada a favor do inimigo, mas Samuel em vez de bater nas pontas dos pinos, apenas os encaixou, tornando a torre vulnerável a um ataque, se a torre balançasse, os pinos se soltariam e a torre viria abaixo.

 

Toda madrugada Josué fabricava uma nova arma e guardava no buraco até todos tiverem suas próprias armas. Uma em especial estava sendo feita, essa era para Muon Pu Lala, uma grande espada afiada estava sendo preparada, mas não caberia no buraco, então ela foi feita por partes para depois ser montada. A região Cirith era rica em minerais e com isso Henrique descobriu por acaso que ali poderia se fabricar pólvora como antigamente, já que havia abundancia de nitrato de potássio, enxofre e carvão, com o moinho que Josué usava para abanar o fogo e derreter o aço, mas isso só era possível no inverno, já que a temperatura mínima para derreter o aço era de 1200 graus centigrados para pequenas quantidades e até 3500 graus para quantidades maiores. Samuel juntou os minerais mais o carvão e com a força do moinho, triturou-os até virar pó. A pólvora negra como é conhecida estava pronta. Atualmente, a maioria do nitrato de potássio vem dos vastos depósitos de nitrato de sódio existentes nos desertos, o que era comum no terreno que cercava a montanha de pedra.

O nitrato de sódio é purificado e posteriormente colocado para reagir com uma solução de cloreto de potássio, na qual o nitrato de potássio obtido, menos solúvel, cristaliza. Com a ajuda de Cassia e Cellis que fizeram uns sacos parecidos com meias. Samuel cuidadosamente encheu as meias com a pólvora misturadas com pequenas esferas de aço e as amarrou, era perigoso porque o atrito entre as esferas provocaria faíscas e aquela coisa explodiria como bomba, essa era a intenção de Samuel que depois de preparar algumas delas as escondeu no buraco junto com as armas.

 

Passou-se a terceira lua e a quarta que aconteceria o xamanã, agora com o alinhamento era chegado o inverno, há alguns dias atrás a temperatura já vinha despencando, o lago que protegia a fortaleza dos Pakalalas estava congelando aos poucos. O plano de ataque estava tudo devidamente planejado, seria durante à noite porque era a hora que Cassia e Cellis estaria no galpão. A grande torre estava quase pronta, durante à noite enquanto Josué e Samuel terminavam os últimos detalhes, o resto do grupo cavaram um pequeno túnel que saía pra fora da fortaleza, a terra era colocada dentro do espaço debaixo das camas feitas com tijolos, mas o buraco só poderia ser terminado no dia do ataque, porque se furassem do outro lado, os guardas Gnorus descobririam. Finalmente depois de trabalhar a noite toda, a torre e o túnel ficaram prontos, reconhecendo o esforço dos humanos que não criavam confusão, Mukala deixou-os descansar durante o dia. Todos estavam exaustos, mas havia valido à pena todo o sacrifício, cansados todos dormiram. Enquanto isso um guarda revistou o galpão pra ver se estava tudo em ordem, nada de estranho foi encontrado, o buraco estava debaixo da grande mesa de ferro e a terra dentro das camas onde os humanos estavam dormindo, satisfeito saiu sem desconfiar de nada.

 

Do lado de fora Mukala e seus guerreiros estrearam a torre. Lá de cima era possível ver toda a frente da fortaleza e aos arredores, ficaram tão contentes com a torre, que o chefe fez uma festa, distribuiu carnes e a bebida de ervas estranha para seu povo, menos para os prisioneiros que ficaram ainda mais revoltados.

Samuel estava ansioso e quase não dormiu, apenas descansou e deu uma cochilada, já impaciente acordou Henrique que já estava despertando.

 

- Henrique, é melhor a gente já deixar nossas coisas prontas, daqui a pouco vai começar a escurecer, vamos acordar os outros.

Henrique e Samuel acordaram todos e cada um se levantou, notaram que não havia guardas os vigiando, Cassia e Cellis prepararam a comida enquanto os homens voltaram para suas atividades para mostrar que estava tudo normal. Assim que a lua surgisse no céu saberiam que os guerreiros Pakalala estavam do lado de fora esperando o momento certo para atacar. Os Gnorus estavam distraídos e embebedados com o suco de ervas, muitos já estavam deitados sobre as mesas, mas alguns sóbrios permaneceram atentos e outros observavam o movimento dos escravos de cima da torre.

Estava frio, apesar de quase não haver vento, o frio era congelante, acostumados com o clima, os nativos de Cirith nem sentiam diferença, quem mais sofria era os humanos e outros seres de outras dimensões que também caíram em Cirith. A noite chegou, o ataque logo começaria, só aguardavam o sinal dos Pakalalas do lado de fora. Em toda a montanha de pedra estava um grande silencio, até Mukala achou estranho e pediu para os guerreiros que estavam na torre ficarem atentos.

 

Do lado de fora os guerreiros Pakalalas estavam camuflados, os que faziam parte do primeiro ataque, estavam sujos de lama e rastejaram até próximo do portão onde ficava dois guardas Gnoru vigiando a entrada e teriam que não chamar atenção dos outros que estavam na torre, a torre era dividida em duas partes, a parte de baixo ficavam seis Gnorus e na parte superior mais seis, todos andando de um lado para o outro, algumas tochas estavam fixas nas quatro colunas da torre e mais uma no centro logo abaixo da cobertura.

Dois guerreiros pakalala atacaram os dois guardas pelas costas e os mataram sem que eles reagissem, a trombeta de guerra ecoou na imensidão negra enquanto uma leve camada de neve caía, os homens logo correram e empurraram a grande mesa, pegaram as armas e as roupas especiais, Samuel entrou no pequeno túnel e terminou de escavar para fora, depois voltou e mandou que Cellis e Cássia saíssem pelo buraco, logo depois alguns pakalalas entraram pelo mesmo túnel, já dentro, Josué pediu para eles levarem a grande espada para Muon Pu Lala, Josué e Raimundo saíram pelo buraco também, depois dos outros homens insistirem por se tratar de serem mais velhos e não deveriam se arriscar durante a batalha, Samuel, Henrique, Elton e José Antônio já vestidos com suas armaduras e armas, foram junto com os pakalalas lutarem, os Incaperus correram e foram abrir o grande portão, era preciso seis deles para puxar a manivela, os Maiasxis jogaram grandes pedras nos Gnorus que saiam para ajudar os que estavam do lado de fora, os Gualtecas lutaram com seus arcos e flechas com uma precisão incrível, á essa altura Muon Pu Lala já estava com sua grande espada e derrubou vários guerreiros Gnorus, os Gnorus que estavam na grande torre chamaram os outros que estavam ainda dormindo com o som do seu instrumento berrante e ala de cima acertaram vários inimigos, samuel com os sacos de pólvora na mão pediu para um Pakalala arremessar em direção a torre, uma grande explosão fez uma parte deles e da torre despencar, outros sacos de bombas foram arremessadas na entrada principal de onde os Gnorus moravam, muitos morreram, outros ficaram grandemente feridos, todos os habitantes nativos ficaram assustados e admirados com a explosão nunca visto antes por eles, as edificações feitas de madeira e a grande ponte de madeira que levava os prisioneiros Maiasxis até a pedreira também foram destruídos, com os portões abertos os Pakalalas que estavam do lado de fora, logo invadiu a fortaleza, acuados e em grande desvantagem, os Gnorus se renderam enquanto Mukala, o chefe dos Gnorus tentou fugir por uma passagem que dava acesso para a parte de trás da montanha, mas Muon Pu Lala já conhecia essa passagem e já sabia que Mukala iria tentar escapar por lá. Ao sair Mukala foi surpreendido por Muon Pu Lala e não se entregou, preferiu lutar e morrer dignamente pela grande espada feita por Josué e usada por Muon Pu Lala.

Depois que todos os guerreiros Gnorus sobreviventes se entregaram, os guerreiros aliados soltaram seus gritos de guerra.

Agora outra batalha começaria. Quem seria a tribo líder, mas isso seria discutido mais tarde, primeiramente uma parte dos Pakalalas ficaria na montanha de pedra juntamente com as outras tribos aliadas, os Gnorus foram conduzidos até a pedreira onde ficaram presos. Muon Pu Lala agradeceu a todos pela vitória e enalteceu a grande ajuda dos humanos. Pela manhã ainda todos acordados, Muon Pu Lala levou os humanos até a grande fortaleza Pakalala.

 

O lago estava quase que totalmente congelado, mas a camada de gelo ainda era fina e tornava possível atravessa-lo com uma espécie de balsa, Cássia e Cellis ficaram maravilhadas depois de algumas horas de viagem sobre os Glokus, acostumadas com uma paisagem melancólica, parecia que estavam em outro lugar, até parecido com o seu mundo, agora as paisagens bucólicas trouxeram lembranças de sua terra. Assim que chegaram na fortaleza, logo foram recebidos pelo povo Pakalala, as mulheres Pakalalas apesar da sua aparência com primatas, tinha costumes parecidos com humanos que viviam em aldeias longínquas, costumes bem parecidos, usavam um espécie de brinco nas orelhas, andavam descalças que era normal em todas as tribos de Cirith, não usavam roupas, o corpo encoberto de longos pelos as protegiam do frio, os homens também tinham o mesmo costume. As mulheres chamadas de “hackla” pelos homens conduziram Cellis e Cássia até seus aposentos, e os homens seguiram para outro lugar, o costume Pakalala não podia mulheres ficar no mesmo lugar que os homens.

 

Muon Pu Lala depois de levar os humanos até seu território retornou para a montanha de pedra. Já pela manhã todos os chefes das tribos maiores e menores se reuniram, Muon Pu Lala foi declarado por votação que seria o grande chefe de todas as tribos, as tribos menores que não tinham espaço fixo para seu povo, viviam como nômades e sempre entravam em conflitos com outras tribos por causa da invasão de território, agora por ordem e aprovação dos outros chefes, todas essas tribos nômades ficariam com a fortaleza da montanha de pedra e seria uma única tribo, todos teriam que trabalhar e dividir as tarefas e a comida por igual, todo conflito interno teria que ser resolvido entre eles, mas se uma das tribos não respeitar as regras e numa votação forem votados pela maioria em deixar a montanha, essa tribo seria expulsa e não seria mais aceita em qualquer território Cirith. Depois de tudo ficar resolvido, cada tribo seguiu para suas respectivas regiões.

 

Em Ungol, Muon Pu Lala se reuniu com os humanos, fez um pedido especial para Josué e Raimundo: queria que eles ensinassem seu povo a trabalhar com serralheria, eles não precisavam se preocupar com os materiais, seu povo se encarregaria de providenciar e trazer todo o material que eles precisassem e sua esposa pediu para Cássia e Cellis ensinar ela e as outras hacklas as receitas que fazia para Mukala.

 

O tempo parecia não passar em Cirith, muito menos em Ungol, os humanos ganharam sua própria moradia, os casais Elton e Cellis e Cássia e Josué moravam juntos, os outros homens moravam separados. Josué com a ajuda dos amigos montou a serralheria e aproveitaram os fornos de fundição trazidos da montanha de pedra, com novas armas as caças ficaram mais fáceis. Samuel fabricou uma tesoura que tornou possível cortar o couro dos Glokus para confeccionar suas roupas, o inverno foi rigoroso até a chegada da quarta lua.

 

Samuel, Henrique, Josué, José Antônio, Raimundo, Cássia e Cellis aguardavam ansiosos para chegar logo a quarta Lua, a próxima seria o alinhamento e a esperança se retornar pra casa, era só uma questão de tempo, apesar de estarem seguros e não lhe faltando nada, queriam mesmo era voltar pra casa.

 

Continua no próximo e ultimo capítulo.