ReEvolução Capítulo 2 : Quebra Cabeças

ReEvolução é uma história baseada na evolução natural do homem, mas numa pacata cidadezinha é descoberto uma caverna que possui uma bolha temporal onde a evolução cerebral é acelerada, mas o que aconteçe quando um ser humano consegue usar 100% de sua mente?

No Capítulo 1: Nosso personagem principal tem pouco tempo de férias antes de ingressar na faculdade mais conceituada do mundo, então seus pais resolvem que ele aproveite suas 3 semanas antes do inicio das aulas m sua cidade natal, lá ele encontraria seus amigos de infância, mas antes ad viagem ele começa a ter sensações estranhas, pressentimentos, e na viagem encontra uma garota que muda toda sua vida... Um história de amor? Não... Histórias assim tem final feliz, essa aqui nem chegou na metade, e será que terá final feliz?

Então vamos ler--->

Estava me sentindo em casa... com meus amigos, todos ali, na minha infância em Sherwood, conheci muita gente, mas que eu considere amigos, só eram estes, e garanto que não troco nenhum deles, apesar de tudo, nem por 100 novos amigos, cada um com seu jeito de encarar a vida sempre me despertou interesse, interesse esse que fez com que se tornassem meus amigos, hum... cada um deles tinha seus jeito de ver a vida: Bruno era o mais velho estava com 26 anos, era engenheiro formado, mas tinha suas crises, que não conseguiria superar se não fosse por mim, e por David, eu sempre fui o braço direito de Bruno, era em mim que ele procurava ajuda, mas era o David que dava a verdadeira ajuda, com suas frias palavras David motiva o Bruno a seguir em frente, e assim é o jeito do David, frio e calculista, nunca demonstrou fraqueza na nossa frente, porém isso fez com que se tornasse uma pessoa difícil, por isso que quase não falo com ele, sou do estilo de pessoa que se sinto que sou evitado não incomodo mais, e David nunca foi de falar comigo, então talvez seja por isso que sempre tivemos uma relação a distância, distância essa que eu tentava manter com a Carol, aquela garota muitas vezes me colocou em enrascadas, se aproveitava da minha boa vontade e as vezes da minha inocência... lembram daquela história das baratas que não pude terminar de contar, por que o trem estava chegando na estação? Pois é, o desfecho dessa história é que, sabe se lá por que eu fui ajuda-la, ela me convenceu que podíamos livrar todos os alunos da penalidade botando a culpa das baratas num louco que perambulava pela cidade, só que para isso teríamos que atrair o louco até a escola e colocar a caixa de baratas do Juan perto dele, na caixa do Juan estava escrito bem claro “Baratas, não abra”, fizemos isso, o louco ficou caído, pois estava com muito sono e colocamos a caixa do seu lado, e fomos chamar o diretor, quando chegamos lá o louco tinha ido embora, só havia a caixa, a Carol disse que a caixa era do louco que jogou as baratas na panela, o diretor pegou a caixa, e a virou de ponta cabeça, e viu uma etiqueta escrito o seguinte “Propriedade de Juan Pablo” o problema estava feito, eu não havia percebido que a caixa do Juan estava com o nome dele, e o diretor não acreditou na história do louco, e começou a acusar o Juan de ter feito aquilo, a Carol queria que eu me mantivesse calado, assim só o Juan levaria a culpa, mas eu não pude, chamei o diretor e contei tudo, no final das contas, Carol, Juan e eu fomos penalizados, Carol por ter jogado as baratas na cantina, Juan por ter levado as baratas sem autorização pra escola e eu por ter sido um grande bucha e ajudado a Carol...

Sobre o Juan não tenho muito que falar, afinal pouco sei sobre ele, apenas sei o suficiente pra garantir que ele é uma pessoa extremamente sincera, um pouco “diferente” mas sincero, sou muito amigo dele, mas até hoje lembro de suas maluquices, porém sei que tudo ele faz na intenção de agradar, e o Doug este é apenas mais um a procura do sentido da vida, sempre incontrolável na arte de paquerar, nunca se conteve em dar uma cantada, fosse em qualquer garota que o atraísse, uma vez o Bruno me contou pelo telefone que o Doug foi expulso da sala por que paquerou a professora, que era estagiaria, pelo que o Bruno me disse, desde aquele dia não se tem mais notícias daquela professora, talvez tenha saído da cidade...

O pôr do sol anunciava o fim de mais um dia, ainda bem que amanhã será sábado, e Bruno já havia combinado com todos de se encontrarem na frente de sua casa a parte da tarde, para que pudéssemos dar uma volta pela cidade, David e Doug estavam de saída, me despedi deles, Doug sempre era saidinho e fez uma de suas gracinhas, daquelas que inevitavelmente provoca um riso geral, claro menos de David, que continuou a tomar seu caminho, passado mais algum tempo Carol também se despediu, me dando um outro cascudo e mais um abraço seguido de vários beijos, Juan viu que já estava tarde e decidiu acompanhar Carol até o ponto, apesar de ser uma cidade pequena, a violência existe, esteja onde estiver somos perseguidos por esse mal, então partiram os dois, a saudade já tinha me dominado, mas no dia seguinte reencontraria com todos novamente, sei que aquela seria uma longa noite, pois Bruno iria querer me contar tudo que aconteceu, e iria querer saber mais sobre minha vida na cidade...

Desculpe-me caro leitor pela tamanha grosseria que acabo de cometer... você deve estar se perguntando, o que isso tudo tem haver com o título “ReEvolução”, porém cometi um erro maior ainda, desde o começo venho descrevendo com importantes detalhes sobre minha história, sobre meus pais, sobre a garota que encontrei no trem, sobre meus amigos de Sherwood, no entanto até o presente momento da narrativa, não mencionei em nenhum momento o meu nome... que grande desastrado eu sou, mil perdões, prometo que de agora em diante, os fatos começaram a ter sentido, e que você não está lendo a história errada.

Sou Tommy Vivaranty, filho de Humbert Vivaranty casado com Rosa Vivaranty, meus amigos me chamam apenas de Tom.

Desde de minha aparentemente normal infância percebe que sou uma pessoa muito passiva diante de situações complexas, muitas vezes eu era passivo até demais, algumas coisas aconteciam comigo e pra não criar problemas maiores eu me escondia dentro de mim mesmo, porém algumas vezes, eu me via possuído por ações que em estado normal tenho absoluta certeza de que não faria, isso já pode ser comprovado quando narrei a vocês a história da garota que encontrei no trem aos prantos sobre uma carta amassada, em situação normal, eu até me afastaria dela, pra evitar ser envolvido naquilo, mas algo me chamou a ir até ela, e descobrir o que causava aquele lamento, a mesma coisa que me atormentou durante toda minha vida, esse “eu” que às vezes aparece sem ser convidado e do nada começa a me controlar, fazendo as ações, falas, pensamentos, tudo no meu lugar, como se fosse uma segunda personalidade, o grande problema é: eu nunca o consegui controlar, nunca consegui calcular quando ele viria, ou quando sairia de mim, sempre apareceu de surpresa, nos momentos em que eu menos esperava, porém não para por aí... eu gosto... quando ele está me controlando eu gosto, por que eu não fico sob o seu controle, na verdade, eu me sinto livre, quando ele me controla eu me sinto bem, é uma sensação de liberdade total, eu faço o que eu quero, eu falo o que eu quero, talvez eu tenha criado inconscientemente esta segunda personalidade, devido ser muito tímido, e em certos momentos eu precisava tomar vergonha na cara e agir, era aí que ele vinha, sem pedir licença me controlava e fazia o que bem entendia e depois ia embora, sempre me deixando sozinho...

Eu confesso, sempre tive medo dessa personalidade, pois agia muito diferente daquilo que eu sou, no entanto, eu sempre quis ser daquele jeito, por muitas vezes eu tentava “incorpora-lo” de alguma forma eu queria ser daquele jeito, mas não conseguia, certas ocasiões ele não aparecia, e isso me deixava muito sozinho, me meti em muitos problemas sabendo que ia realmente dar encrenca, mas eu fazia isso só pra ver se ele ia aparecer e me salvar, só que não acontecia, ele não vinha, e eu ficava sozinho, incapaz de resolver aquilo que eu mesmo criei...

A ultima vez em que ele apareceu foi no trem, com aquela garota, ele chegou e me jogou pra cima dela, fazendo com que ela entrasse de cabeça na minha vida, agora estou aqui, na casa do meu melhor amigo, deitado na cama olhando pro alto, imaginando como ela deve estar, será que sua mãe já lhe contou tudo? Bem isso eu não posso saber, mas amanhã a parte da tarde, vou me encontrar com a galera pra curtir enquanto tenho tempo, pois depois só Deus sabe quando terei tempo de me encontrar com eles de novo... mesmo assim já havia combinado com o Bruno de a parte da manhã darmos um pulo na cidade pra ver se encontramos o pai da Júlia.

Acordei com uma travesseirada do sempre brincalhão Bruno, era dia, e por sinal um lindo dia, tomamos café e fomos averiguar quem era aquele homem, e saber se ele realmente estava na cidade, segundo Bruno ele já tinha visto esse homem uma vez na cidade, porém pouco sabia sobre ele, Bruno me disse que já tinha visto esse homem conversando com David, mas tirar uma informação de David é mais difícil que tirar água de uma pedra no meio do deserto do Saara, fomos direto ao antigo jornaleiro que por muitas vezes era nosso amigo de encrencas nos tempos de crianças, falo de Albert Brujah, um homem que conhecia cada família da cidade, talvez pelo fato de sua família ser uma das fundadoras de Sherwood, sua banca continuava no mesmo canto da antiga pracinha, que agora era um pequeno pátio, que dava margem aquele enorme Shopping Center, chegando lá ele logo me reconheceu, nos saudamos, e tivemos uma rápida conversa, só que preferi cortar ao assunto e ir direto ao ponto: “Muito bem Sr Albert, a conversa está boa, mas eu preciso de sua ajuda” peguei a foto do pai da Júlia “Eu queria saber se o Sr conhece este homem...” estiquei o braço pra que ele pegasse a foto mais não foi necessário, seu rosto se enrugou, como se não estivesse satisfeito com aquilo, então cruzou os braços e me perguntou: “O que você está querendo com esse homem Tommy?” aquilo me causou um certo desconforto, pelo que pude perceber aquele homem na foto não tinha muita fama com o Sr Albert, isso me deixou espantado pois o Sr Albert é uma pessoa muito social, não existia uma pessoa na cidade nos meus tempos de criança que não gostasse do Sr Albert, recolhi a foto e perguntei, agora com mais dúvida ainda: “O Sr conhece este homem Sr Albert?” ele respirou fundo, abaixou a cabeça e levou uma das mãos a sua enorme barba grisalha, olhou pra mim e falou friamente: “Sim, eu o conheço... aquele seu amigo problemático David também o conhece, perguntem a ele, talvez ele possa falar, pois eu prefiro me manter calado...” e sentou-se no banquinho, abriu um de seus jornais e começou a ler, aquilo era um claro sinal de que o Sr Albert não falaria mais nada a respeito daquele assunto, então tivemos que seguir seu conselho e ir perguntar a David, mas tudo isso estava me intrigando, afinal o que David tinha haver com o pai da Júlia...

Desde de o começo, talvez fosse melhor eu nem ter me oferecido a achar o pai dela, pois o que começou a acontecer a partir daí foi o motivo a eu estar lhes descrevendo toda essa história... Bruno me levou na empresa em que David era sócio majoritário, era uma pequena empresa de produtos alimentícios, fomos muito bem atendidos por uma elegante senhora que nos levou até o grandioso escritório de David, ao chegarmos lá, pude perceber que David era uma pessoa muito fechada, seu escritório era possuído por objetos escuros, o tapete era um marrom sinistro, cortinas de um vermelho totalmente sombrio, ele estava com um paletó azul marinho sem brilho, e o mais estranho estava de óculos escuros, dentro daquela sala completamente tomada pelas trevas, decididamente conclui que aquele cara não era normal...

Pediu que sentássemos naquelas grandiosas poltronas, só pra constar: as poltronas tinham um tom verde muito sombrio... assim que sentamos ele se virou de costas para nós, colocou as mãos nos bolsos e ficou olhando para janela que dava acesso a uma visão panorâmica de toda a costa leste da cidade, revelando talvez a única coisa daquele escritório sombrio que lembrava que as tonalidades claras existem, então virou-se para nós e apontando o grande relógio de corda na parede disse com sua eterna voz fria e calma: “Muito bem, digam logo o que querem, pois meu tempo é curto, tenho tempo livre somente a tarde, mas mesmo assim, não será a tarde toda que ficarei com vocês, então sejam breves...” vindo de David aquilo para mim soava como uma saudação, afinal ele sempre teve esse temperamento agressivo e repulsivo, Bruno olhou pra mim, e eu entendi que devia ser breve, puxei do bolso a foto enquanto falava a David: “Estivemos hoje na banca do Sr Albert, querendo saber sobre uma pessoa...” David abriu sua gaveta e puxou um maço de cigarros, e falou quase que murmurando: “Aquele homem... prefiro esquecer que ele existe...” não liguei muito pra que ele disse, então enquanto ele acendia aquele cigarro continuei: “Ele não quis nos contar muito sobre essa pessoa a quem eu procuro, contudo afirmou que você conhece esta pessoa...” então estiquei o braço oferecendo-lhe a foto, para que ele pudesse analisar, David continuou imóvel apenas teve o trabalho de virar os olhos, olhou bem o retrato e por um instante ficou imóvel, a ponto do cigarro quase cair de sua boca, recobrou voltando a si, e novamente ficou de costas dizendo: “Sim, realmente, infelizmente eu o conheço, o que você quer com esse traste?” pelo que eu podia perceber o pai da Júlia não era bem visto pelas pessoas de Sherwood, aquilo estava me deixando intrigado, mas não queria falar muito do real motivo que me levara a querer encontra-lo, então respondi meio que fugindo: “Uma pessoa que eu conheço pediu que eu averiguasse se ele ainda está por aqui...” David se virou repentinamente de tal forma, que confesso que até me assustei, Bruno continuou com as pernas e os braços cruzados, como se nem estivesse aí, afinal Bruno sempre foi calmo quanto a essas reações de David, porém eu não, David colocou as mãos sobre a mesa, olhou fixamente nos meus olhos e falou: “Olha aqui garoto, não sou de dar conselhos, mas é melhor se afastar desse cara... sim, fiquei sabendo que ele está por aqui, chegou esses dias, no hotel McDoley, mas não esqueça do que eu disse, se afaste dele...” o silêncio tomou aquela sala, não me atrevi a falar mais nada, David se virou novamente e antes de colocar novamente as mãos no bolso foi interrompido pela pergunta de Bruno: “Muito interessante isso...” disse se levantando da cadeira “Como você pede pro nosso amigo se afastar desse cara, e você já sabe que ele está na cidade, sabe até o hotel em que está hospedado... afinal de contas qual a sua relação com ele?” Bruno simplesmente arrancou a pergunta que eu queria fazer mas não tinha coragem, David se aproximou um pouco mais da janela, jogou o cigarro fora e deu uma baforada bem longa, tomou um fôlego como se estivesse preparando para falar, e falar muito, e foi o que aconteceu:

“A minha relação com esse homem, é algo que eu não pude evitar, algo que eu jamais queria que acontecesse, talvez seja por ele que eu sou o que sou... Como vocês sabem do nosso grupo de amizade eu sou o mais novo do grupo, isso por que eu não sou dessa cidade, vocês se lembram... cheguei aqui no meio do ano letivo, quando tinha apenas 10 anos, cheguei junto com a Senhora Eny, naquele tempo eu ainda não sabia por que minha mãe queria que eu viesse pra cá, tive que descobrir sozinho, já que a Senhora Eny nunca passou de uma velha caduca.”

David sentou-se na cadeira, pela primeira vez eu vi que seus olhos estavam diferentes, estavam mais expressivos, não estavam com aquele jeito frio de sempre, então continuou a história: “Toda minha infância a Senhora Eny evitava falar de meu pai, e ela sempre me rejeitava, nunca fui tratado como filho, sempre era maltratado, e tive que suportar isso por muito tempo sem entender o real motivo, só aos 14 anos fui descobrir quase toda a verdade...” até aquele momento eu já podia entender um pouco mais do porque daquele jeito fechado que ele tinha, só que a história não tinha acabado, mais coisas estavam por vir... “ Vocês devem se lembrar, quando eu fiz 14 anos e desapareci da cidade por uns tempos...” não podia confirmar a veracidade do fato, pois eu já estava fora da cidade, mas não tinha por que duvidar, Bruno que balançou a cabeça em sinal de positivo... “Pois bem, eu tinha saído da cidade por que recebi a notícia que minha mãe estava passando por um terrível mal que segundo os médicos ela não suportaria por muito tempo, então ela mandou que me buscassem, pois tinha algo e me dizer, chegando no hospital ela começou a me contar tudo, bem quase tudo, ela havia me dito que eu tinha sido fruto de um relacionamento às escondidas... isso mesmo, ela era amante de um homem, e desse caso eu nasci, por causa dessa gravidez esse homem se afastou dela, isso a deixou muito abalada, talvez seja por isso que eu fui tão maltratado, afinal eu fui o motivo de sua separação...” a voz de David não estava mais com aquele ar de superioridade, suas mãos estavam trêmulas, Bruno olhou pra ele e perguntou: “Nossa cara... por que você nunca tinha contado isso pra gente?” David sorriu ironicamente pra Bruno e falou: “Acalme-se... o pior da história ainda está por vir...” Bruno se encostou na poltrona e apertou os braços do estofado, praticamente se segurando pra agüentar o que viesse, eu já estava impaciente, até agora só havia me contado tragédias, e com aquela frieza ainda fala que o pior estava por vir, creio que se fosse comigo também ficaria frio como ele ficou... então ele continuou...

“Passou alguns anos da morte da minha mãe, e eu ainda continuava na dúvida de quem era meu pai, porém o tempo passou e eu preferi esquecer, não valeria a pena procura-lo, me tornei aquela pessoa fechada que todos conhecem, comecei a trabalhar e a viajar, pois o trabalho exigia que eu sempre estivesse viajando, numa dessas viagens encontrei uma pessoa que conseguiu despertar um sentimento ao qual nunca senti, pela 1ª vez eu sentia o amor tomar conta de meu corpo, aquela mulher, bem aquela garota, pois estava entrando na faculdade, me encantou com sua inocência, tinha uma forma tão simples de encarar as adversidades da vida que me chamou a atenção, ela conseguiu se aproximar de mim, mesmo eu fazendo aquele meu tipo difícil ela conseguiu quebrar essa barreira, passaram os meses e o nosso amor foi crescendo, a ponto de que eu prometi que quando ela se formasse, faltava poucos meses, nos casaríamos, ela era a mulher da minha vida...”

Vindo essas palavras de David se torna difícil de acreditar que ele se apaixonou por alguém, ele é uma pessoa extremamente difícil de se tratar, tem que ter muita paciência pra aceitar algumas de suas atitudes, mas quem sou eu pra falar isso, pois eu também havia sido encantado por uma mulher de uma forma inexplicável, então continuei a ouvi-lo...

“Poucas vezes tive a chance de falar com sua mãe, e nunca tinha visto seu pai, ela pouco falava do pai, só me dizia que seus pais constantemente brigavam, certa vez fui visitar-lhe de surpresa e dei de cara com um homem discutindo com sua mãe, ela estava sentada na porta de casa, quando me viu veio correndo em minha direção e me abraçou, dizendo que aquele era seu pai, e falou pra eu sair dali, se não o pai dela iria discutir com ela também, logicamente que eu fiquei, tinha que encara-lo estava definidamente disposto a casar-me com ela e aquele homem deveria ficar sabendo, ele saiu da casa, pude notar olhando pela janela da cozinha que a mãe dela estava aos prantos na mesa da cozinha, ele veio em direção à filha, nem tinha me olhado, a filha disse meio nervosa que eu era o noivo, ele olhou pra mim, e por um momento ficou me encarando, pediu que eu o acompanhasse, ela entrou em desespero, pediu que eu não fizesse aquilo, eu a tranqüilizei, afinal ele não poderia tentar nada contra mim, ele me levou de carro até um restaurante no centro da cidade, durante a viagem não falamos absolutamente nada, mas lá no restaurante ele olhou pra mim e disse: “Afasta-se de minha filha, esqueça que ela existe...” aquilo me despertou uma revolta, bati na mesa e perguntei um tanto exaltado: “Por que? Por que o senhor quer que eu faça isso!!!!???” ele encostou na cadeira, colocou a mão sobre a testa e disse as palavras que me martelam até hoje: “Se afaste dela, e se afaste de mim, pois eu sou o seu pai...” aquilo bateu em mim como um tiro a queima roupa, saber que estava ali na minha frente a pessoa que causou toda a desgraça em minha perturbada vida, e o pior era saber que ele me odiava, como se eu fosse o culpado, fui culpado de ter nascido...” David começou a rir ironicamente, era um riso tão melancólico, que havia me deixado um tanto assustado, pois eu pouco sabia sobre David, e agora estava ele na minha frente contando coisas que nem o Bruno que era uma pessoa muito ligada a David sabia... mas David ainda não tinha acabado, sua risada tinha perdido o sentido, então ele olhou pra mim, e continou o desabafo:

“Aquilo me abalou muito... saber que ele sempre esteve ali me deixava muito triste, sabem por que??? Por que ele vez ou outra aparecia na cidade de Sherwood, talvez pra me ver, como eu andava, o que eu estava fazendo, mas então por que ele me odiava tanto... Por que todos esses anos ficou me sondando... nada fazia mais sentido, minha vida tinha acabado, sai correndo dali, estava num estado de raiva tão grande que peguei um ódio de tudo e de todos, fui capaz de estragar a minha felicidade, liguei pra ela... ela estava preocupada querendo saber o que eu havia conversado com o pai dela, eu não tive coragem de falar a verdade, então mandei que ela nunca mais me procurasse, esquecesse que eu existo, só me lembro de escutar o seu choro, não pude me segurar, mas antes de cair também em prantos desliguei o telefone, ali eu acabava com meu último laço com a vida, por tempos me isolei... você sabe disso Bruno, por muito tempo ninguém aqui da cidade ouviu falar de David Broken... me isolei de tudo, contudo eu tinha que continuar minha vida, que agora estava em pedaços, foi aí que resolvi me fechar de tudo aquilo que um dia poderia fazer eu sofrer, eu apenas estudava, e estudava muito, me formei em administração de empresas, fui seguindo carreira e hoje sou o que sou... posso ser pouco, mas consegui com méritos próprios... Não quero mais saber de nada sobre este homem, não quero nem saber o porque dele ainda me seguir e saber de minha vida, se me odeia tanto não faz sentido ficar me vigiando, e também não quero mais saber por que você esta a sua procura... só lhe digo uma coisa Tommy...” aproximou-se de mim “Ele não presta, afasta-se dele...” dito isto ele foi até a porta do escritório e abriu, estendeu sua mão em direção a outra porta no fim do corredor que dava acesso a saída, e falou olhando pra mim: “Agora se me permitem tenho que trabalhar, nos vemos a parte da tarde como combinado, adeus...”

Saber que aquele homem era pai de David me abalou muito, isso significava que Júlia pouco sabia da história de seu pai, talvez fosse melhor priva-la desses fatos, o problema é que agora eu estava curioso, e tinha que desvendar esse mistério, afinal Júlia tinha confiado a mim achar seu pai, agora eu sabia onde ele estava, eu podia simplesmente telefonar pra ela dando o endereço, porém eu queria saber mais daquela intrigante história, estava eu realmente interessado em resolver o caso, claro na medida do possível, não queria me meter no problema dos outros, queria era ajudar, só que invariavelmente eu terminaria envolvido até o pescoço, algo me dizia que aquelas próximas três semanas seriam longas, e o que eu precisava naquele momento era relaxar, já que a parte da tarde já estava combinado a galera se reunir pra curtir um pouco, era a melhor coisa a fazer, no próximo dia com mais calma, e menos nervoso eu iria atrás do pai da Júlia... e do David também...

Tom começa a entender o que está acontecendo, muitos se tornam misteriosos e Tom cada vez mais se interessa em resolver o caso, mas será mesmo que uma pacata cidadezinha esconde o segredo da evolução cerebral do homem? Não perca o próximo capítulo de ReEvolução!!!

---> Continua <----

InsanaMente
Enviado por InsanaMente em 19/04/2007
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