O AMIGO - CAPÍTULO FINAL

E Jonas começava a dar sinais de cansaço, sinais de fome, ele sentia enjoo, dor, calor, frio...E não desistia de seguir; estava determinado a chegar a seu destino: Sua casa.

Anoitecia, e a garoa foi-se transformando em chuva grossa, ele correu até uma moita do lado da via, com a intenção de abrigo, lá ele sentou e chorou de novo, e com ele mesmo argumentou: - Até quando irei soluçar, até quando irei sofrer? a madrugada se avizinhava, e ele sorriu quando viu a manhã! isso já bastava como café, ele levantou e sentiu um odor, um odor estranho, muito diferente do que ele exalava, pela falta de banho e tudo mais...

Mas o cheiro parecia de um animal, quando ele saía da moita ele tropeçou, e caiu a frente, levantou-se e escutou um urro alto muito parecido com de um lobo, virou a cabeça para trás e viu um homem magro, alto, peludo, cabelos compridos, unhas grandes, mal cheiroso, e pálido...o homem urrava sem parar e ia na sua direção, ele transformou sua energia potencial tão incipiente em movimento: Correu.

O homem correu também e o alcançou pulando sobre ele, parecia querer devorá-lo, foi quando um cão robusto apareceu pulou sobre o maltrapilho ser alto e voraz, e cravou seus dentes em seu pescoço, o ser urrante caiu esvaindo-se em sangue através da jugular...Jonas ficou paralisado de pavor e espanto...porém sentiu que aquilo era uma providência divina.

O cachorro abanava seu rabo e esfregava-se em Jonas que ficou muito feliz de ver aquele animal ali, ele estava apavorado com a situação, porém aliviado por ter sobrevivido graças a intervenção daquele cachorro forte, amarelo e peludo que surgiu do nada para salvá-lo, arribou de novo, seguiu sua jornada, o cão o seguia....

De repente passou perto de umas casas humildes, onde pessoas estavam do lado de fora confabulando, o dia estava quente, e a chuva só voltaria à tarde, era verão, e ele resolveu pedir água e comida aos humanos que ali estavam, assim o fez, se dirigindo a uma senhora farta que estava lavando a calçada em frente a sua casinha humilde, ela ficou meio que assustada com aparência do homem, mas a presença do cachorro robusto a fez pensar melhor - Ela então disse: -Calma homem, irei lhe dar uma sopa, e um copo de refresco de goiaba.

Ela entrou na casa, e seu filho de uns vinte anos ficou olhando para o Jonas e seu cão, foi por medida de segurança, Jonas era alto, moreno, cabelos negros, vestia uma calça de moletom, e um suéter preto sobre uma camisa branca, roupas finas, porém suadas e sujas agora...o filho da senhora percebeu que ele não tinha sobrancelhas, e achou isso diferente, chegou mesmo a pensar seria ele um homossexual?

A mulher voltou trazendo um prato de canja de galinha, e um copo médio de refresco de goiaba, e entregou ao mendigo, assim ela pensava ser Jonas. Jonas bebeu tudo com avidez, e deixou um pouco no fundo do prato para o cão...

O filho da mulher também reparou que as mãos de Jonas tinham mais de cinco dedos, pareciam sete. E realmente eram sete. O cachorro lambeu os pés de Jonas, que estavam dentro de umas sandálias de couro, ficou evidente para Marcos (o filho da mulher) que havia mais de cinco dedos lá também. Aí Jonas se despediu agradecendo a dádiva, e rumou para seu intento : O lar.

Depois de mais de oito horas andando, finalmente, o homem, a criatura chegou no bairro que residia, parecia um sonho; e o cachorro salvador, o mesmo que na Idade Média salvara um menino de uma fera, e foi idolatrado por camponeses; subiu com ele, até quinto andar de um prédio luxuoso, Jonas abriu a porta, entrou, o cão também entrou, e quando Jonas tirou a suéter, e a camisa: Apalpou suavemente como que num ato de conferência a insígnia em alto relevo vermelha das Cruzadas do Medievo...

FIM.

HAVERÁ UMA SEGUNDA PARTE DE ESTE CONTO, EM OUTRA TEMPORADA.

Valéria Guerra
Enviado por Valéria Guerra em 14/12/2015
Reeditado em 14/12/2015
Código do texto: T5479616
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