Órbita vermelha

CONTO PARTICIPANTE DO DESAFIO "ENTRE CONTOS" COM O TEMA: REALIDADE HISTÓRIA ALTERNATIVA.

O conto foi levemente revisado. A versão original está publicada aqui: https://entrecontos.com/2016/05/14/orbita-vermelha-tavares/

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A noite invadiu o início daquela manhã no passo cambaleante das putas, enquanto ciscavam pelos bares abertos na rua São Paulo. Tomado pelo asco, Tavares chegou a diminuir a velocidade de sua viatura à paisana querendo acabar com aquela putaria, mas hesitou. Seus colegas, de armas em punho e mulheres no colo, o avistaram do barzinho. Era tarde para fingir pressa, baixou os vidros querendo se livrar dos colegas bêbados de uma vez.

– Ô Carlinhos, tu já tem ingresso para ver o Brasil na semifinal? – Gritou alegremente Mattoso, com a mão deitada na generosa coxa da mulher.

– Não, você tem para me dar? – Na verdade, Tavares estava esperando o Brasil vencer a Colômbia nas quartas. Não estava interessado em pagar caro para ver um jogo da Colômbia contra sabe-se lá quem.

– É para comprar, seu folgado. Eu tenho uns aqui comigo. Se deixar ficar muito em cima, não vai conseguir depois. Eu tô apostando que vamos pegar a União Soviética nessa semi. Imagina só, ver o Brasil dar um sacode naqueles vermelhos!? – Riu alcoolicamente enquanto sovava aquelas coxas – Vai Neymar!

– Olha, ainda não sei. Depois eu vejo contigo.

– Você que sabe.

Acenou e rapidamente voltou a acelerar o carro, rumou até o quartel do exército na Avenida Barbacena.

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Quatro homens entraram na sala em silêncio. Com roupas bem passadas. Café da manhã e banho tomados. O primeiro, apressou-se em remover os fones de ouvido da mulher nua, de feridas secas e olhos semicerrados, sentada numa cadeira de madeira. Seu rosto pendia para baixo, derretendo como se fosse a única parte que pudesse fugir dali. Colocou os fones no bolso do jaleco e fez exames rápidos para verificar suas condições vitais. Com um aceno de cabeça, o segundo homem, que já deixara o casaco e o quepe numa cadeira, despejou um balde de socos frios no abdome da mulher.

Nem fingem mais querer respostas, pensou o terceiro homem, carregando uma identificação dizendo: Inspetor Tavares, Polícia Federal.

Assistia o trabalho dos militares, oficialmente, como observador. Relembrava os dados daquele frangalho humano contidos numa pasta que carregava. Apertou-a contra a barriga. Estremeceu quando as feridas secas, onde ficavam as unhas, eram premidas com uma fina agulha pelo segundo homem. O primeiro grito de um longo dia.

– Porque está nervoso? É essa cadela? – Perguntou o quarto homem, chamado apenas de Banes.

– Não. Tenho que te mostrar algo.

– Está nessa pasta? Poderia ter deixado na minha mesa. Mas se não fez é urgente.

– Sim, é urgente. Tenho motivos para acreditar que esta mulher é inocente.

– A commy é sua amiga? – O termo falado em inglês vazou de seu ótimo português.

– Não é por amizade Banes, é questão de segurança nacional. Tanto do meu país, como do seu.

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– Então o UNSCARE está comprometido. É isso? Uma constatação grave, não acha? – Banes alertou enquanto conversavam em sua sala. Foi a segunda vez que Tavares explicou o problema.

– Exatamente. O software não tem problemas de rastro, digo, não deixamos pista na detecção de fontes de compartilhamento pirata. Nossa infiltração na comunicação de elementos subversivos, financiadas por Moscou, continua indetectável, mas.

– Ao menos – interrompeu Banes – não está expondo a operação, pelo que você me diz – ainda com os olhos no relatório de Tavares.

– A nossa segurança, nesse sentido, está garantida.

– Porém… – Tavares entendeu que a testa enrugada significava: Explique de novo. Sou burro, não está vendo?

– Porém, o problema é que não podemos mais atribuir, com uma boa margem de certeza que, quem está disseminando essa pirataria subversiva, na Deep Web, no Google, é quem o UNSCARE aponta. – A expressão de Banes, continuou pensativa. "Puta que pariu", pensou Tavares, "como essa anta liga o computador em casa?". Respirou e continuou – Isso significa que não sabemos se estamos prendendo as pessoas certas.

Banes ergueu as sobrancelhas.

– Como chegou a essa conclusão?

– Veja bem. Tenho mais de quinze anos de experiência caçando esse tipo de lixo que infestava a internet no Brasil. São como vermes, precisam ser alimentados um pouco. Depois que crescem ficam lentos e podem ser capturados de uma vez só. Não adianta pegar indivíduos. Sozinhos nada fazem.

– Vá direto ao ponto. Sei que você não gosta do UNSCARE.

– Esse software, o UNSCARE, supostamente deveria elevar a vigilância a outro nível. Não apenas pegando quem compartilha o novo filme do Batman, mas agindo no indivíduo em cada coisa que ele produz na internet. Ele monta uma ficha, ou perfil, que é alimentada a cada clique suspeito na rede. Então, o software faz uma lista com os possíveis conspiradores. Mas uma quantidade razoável de nomes nas listas que verifiquei não se encaixa nos padrões já confirmados. O reconhecimento dos padrões do programa está comprometido. Isso significa que o resultado das listas confirmadas não passam de – respirou fundo – algo aleatório.

– Isso é apenas uma teoria, Tavares.

– Sim, é uma teoria, mas para comprová-la preciso de acesso ao código fonte do UNSCARE. Nós operamos o software, porém seu funcionamento é fechado por seu governo e por isso estou aqui.

– Sinceramente, não vejo motivos claros o suficiente para essa desconfiança toda em relação ao UNSCARE.

"Ou você não entendeu merda nenhuma e não quer admitir", Tavares pensou, mas achou melhor convencê-lo.

– Há quanto tempo nos ajudamos, Banes? Será que minha intuição de nada vale?

– Sim, vale, e esse é o único motivo de eu encaminhar sua solicitação para Langley.

Tavares ficou muito satisfeito. O longo tempo que ambos mantêm contato entre suas agências, deixou tudo mais fácil de se pedir para Banes. Sentia-se aliviado, a resposta não deveria demorar mais de dois dias úteis. Como era sexta-feira, e ainda era cedo, daria tempo de ir comprar umas cervejas e ver o jogo contra a Colômbia em casa. Se o Mattoso ainda estiver enchendo a cara, quem sabe compraria os ingressos dele no caminho.

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No terceiro dia, Tavares bateu o telefone com força pela décima vez. Quando finalmente Banes atendeu, foi evasivo, falou que a burocracia afetava os EUA também. Tavares quase acreditou, se não sentisse o nervosismo na voz de Banes. Retornou aos papéis e dados, recolhidos e analisados. Há anos perambulava na tensão perene entre o Departamento de Inteligência da PF e a ABIN em Brasília. Ano passado foi transferido para a Superintendência de minas e ontem fechou dois meses trabalhando no caso daquela mulher. Era uma camuflagem do seu verdadeiro trabalho: O UNSCARE. Objeto da sua paranoica investigação que poderia ser um grande erro do governo. Nunca gostou da ideia de todo o fluxo de segredos e desconfiança habituais fluírem pela rede. Umas unhazinhas arrancadas são aceitáveis, mas erros dessa ordem fariam o Brasil um ninho de russos infiltrados.

Tavares saiu do escritório e foi até o quartel do Exército encontrar Banes, o homem da CIA. Sabia que não o encontraria lá. Decidiu procurar ela, então conversou com alguns conhecidos na base até conseguir vê-la. Sem demora, já estava no caminho das celas. Sem meios de provar a falha do software, nem com a ajuda de Banes, restava seguir o instinto. Este disse que aquela mulher é inocente e o UNSCARE culpado.

Encontrou a mulher amarrada em uma cadeira da mesma forma que o vira, dias antes. Não pediu para deixá-la daquele jeito e pensou talvez ser o padrão.

– Ana da Silva Cullman, 32 anos. Natural de Sapiranga, Rio Grande do Sul. Microempresária do ramo calçadista. – Disse, lendo a ficha – Como foi parar aqui? – Tavares estava com a ficha. Na linha que apontava a acusação dizia “Interação ativa/apologética em fórum comunista”.

Ana tremeu. Naquelas alturas esperar pelo que fariam era tão apavorante quanto o ato.

– Vim… apenas c-comprar material. Um c-contrato. Assinar.

– Tá mentindo, cadela. Fala! Teu celular, usa para caçar um macho no Tinder, sua puta? – Silêncio.

– E seu computador pessoal, o desktop?

– Não tenho. – O pavor estava nos olhos.

– E antivírus, no celular. Você passa? – Pensou em explodir diante das negativas e chamar um ajudante para fazer o trabalho sujo, mas não fez.

– Eu nunca me preocupei com essas coisas. Não sou casada, nem tenho filhos. Ninguém olha no meu celular.

– Sua puta comunista, não mente pra mim! – Gritou próximo ao rosto de Ana. Mas qual delas, pensou. A que tinha registros normais e batia com o depoimento ou a que tinha uma série de dados comprometedores presentes no relatório UNSCARE?

Tavares levantou-se furioso. Queria fugir daquela sala como ele fosse o preso. Saiu sem dizer palavra alguma. Não sabia o que fazer.

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Numa sala escura de acesso muito restrito foi impressa uma folha com a sigla UNSCARE no cabeçalho. Estava ligado ao software de vigilância mais avançado do mundo livre. Era gerido, no Brasil, pelo Programa de Segurança Digital Brasileiro. A ordem de recolhimento imediado estava emitida no nome de Carlos Tavares.

Em menos de três horas Tavares estava nu. Sentado em uma cadeira de madeira maciça, com placas de metal gelado, numa sala abafada e quente. Antes que pudesse acordar completamente um balde de água foi virado sobre ele. Ouviu o clique da alavanca antes da eletricidade fazer seus músculos dobrarem em si. Enquanto lutava para não mastigar os dentes tentou se manter firme mentalmente, pois estava consciente do que viria. Sabia que eram previsíveis. Ainda sim foi insuportável. Antes de sair colocaram fones de ouvido que tocava uma mesma nota estridente de algo que em poucos minutos já não conseguia discernir. Teve a noite toda para tentar. Apagou com a cabeça latejando. No dia seguinte, quando o homem de jaleco retirou os fones, ainda ouviu aquele som enquanto tomava os socos para acordar. Mas só começou a gritar depois que o outro homem segurou a ponta dos dedos. Viu as agulhas. Então parou.

– Mas que merda. Tirem logo esse homem dai. – Foi a última coisa que Tavares ouviu antes de apagar novamente.

Quando acordou, estava em uma cama de campanha do Exército. Não disseram nada. Tavares também não perguntou. Sabia que nada diriam. Logo após o almoço, servido no leito, Banes entrou no quarto, sozinho. Estava com o olhar vivo e atento.

– O que aconteceu, Banes? – Tavares perguntou primeiro.

– Não sei como dizer isso, mas acho que você acabou vendo por si. O UNSCARE tem falhas e você estava certo.

– Vai pra puta que te pariu, Banes. Me joga de volta na cadeira mas não me vem contar essas merdas pra cima de mim – As lágrimas saltaram no rosto dolorido enquanto gritava.

– Tavares, você estava certo e eu errado. O que mais você quer ouvir?

– Alguém fez isso porra! Uma coisa é pegar um pé de chinelo, mas eu? Tu sabe quem eu sou, caralho!

– Sim, eu sei. Mas você precisa saber que Langley investigou o problema que você apontou no UNSCARE. Descobrimos a fonte.

Tavares pareceu mais calmo, mas era exaustão.

– Eu estava na pista e nem cheguei perto de descobrir. Fala logo. Quem sabotou o UNSCARE?

– Há! Os russos, o que você achava?! Introduziram um vírus que dava controle parcial do sistema para Moscou, chamado COSMOVITA

– O que? Comunas infiltrados na operação do software de vigilância mais poderoso do mundo? Difícil acreditar nisso.

– Onde você acha que eles iam querer se infiltrar? No gabinete da pesca? Mas isso não importa mais. Eles já encontraram o desgraçado e ele ganhou uma toca em Guantánamo. Enquanto você vai receber uma condecoração nos Estados Unidos por ter dado informações cruciais que nos levaram a pegar o espião em plena Langley. Sem sair do Brasil, heim. Não é maravilhoso? Mas tudo dentro da máxima discrição, obviamente. Você não pode dar uma palavra sobe a sua investigação, nem sobre o que ocorreu em decorrência dela. Porque você não leva sua família para Disney? Eu posso providenciar tudo. Você não terá de colocar a mão no bolso.

Tavares aquiesceu. Sua roupa hospitalar não tinha bolsos.

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Pareceu que semanas haviam passado, mas foi apenas um dia depois de tudo aquilo. Tavares não conseguia dar um nome que pudesse repetir em sua consciência. Estivera nos dois lados daquilo. Um dia no outro lado. Foi o suficiente para deixá-lo fechado e um pouco avesso a tudo. No dia seguinte, voltou ao escritório para fechar o caso. O Superintendente era o único que sabia de sua ligação com a ABIN. Ambos sabiam que qualquer queixa de sua parte receberia apenas um dar de ombros como resposta. O caso de Ana Cullman terminou com um arquivamento por falta de provas. O que não deixou de surpreender seu chefe. Ele nada fez além de jogar a batata quente para o arquivo.

– Recebi o memorando. É bom tê-lo de volta, Tavares. Você está liberado para tirar uns dias de folga.

Ter um agente federal cheio de curativos nos dedos e no rosto, andando pelo prédio, era embaraçoso e gerava fofocas. A liberação para as férias era a primeira ordem de seu chefe após o encerramento do caso. Quando atravessou a sala, passando pelas mesas, ouviu o burburinho de seus colegas. Estavam alegres demais. Chegou a pensar que era sobre ele. Parou para ajeitar sua mesa antes de sair. Ficava ao lado da de Mattoso.

– Ô, Carlinhos. Tu vai ver o jogo amanhã?

– Eu vou tirar uns dias de folga, mas o jogo – decidiu na hora, tateando os ingressos no bolso – eu vou ver sim.

– Era só pra saber.

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A grandiosidade de uma Copa do mundo, trouxe um alívio para Tavares. Era bom um pouco de ar livre e multidão. Uma fuga ao ar livre. A excitação das ruas, decoradas com bandeirinhas e souvenires, oferecidos pelos sorridentes vendedores, nas esquinas. O fardamento de hoje era a camisa da seleção. Com o manto amarelo, colocou-se em marcha com a família (esposa e filho), até o estádio Mineirão. O sol quente estava agradável nas imediações do estádio.

Uma bombinha estourou perto de Tavares. Seu coração foi a estratosfera. O som ecoou nos seus ouvidos, mais tempo do que gostaria, deixando irritadiço mesmo após entrar no estádio. Lá dentro ouviu o hino da seleção adversária da semifinal, a União Soviética, que havia vencido os franceses por 1 a 0 e garantido a vaga para enfrentar os donos da casa. Apesar de um pequeno grupo, que insistiu em vaiar, a maioria do estádio preferiu o silêncio respeitoso. Daquela distância Tavares viu o uniforme todo vermelho, com três listras brancas nas mangas, dos soviéticos com a inscrição CCCP no peito. Viu também o odioso símbolo da foice e martelo, em amarelo, no lado esquerdo do peito. Amaldiçoou os filhos da puta que plantaram seu nome no relatório.

O hino do Brasil, que tocou logo em seguida, foi cantado por Tavares a plenos pulmões. Buscava invadir e destroçar o moral dos jogadores soviéticos. Sua cabeça latejava em som agudo, como se os fones de ouvido ainda martelassem. Tomou um pouco de sua cerveja e o jogo começou. Não demorou muito tempo para o estádio vir abaixo de alegria. O talentoso Oscar abriu o placar com um belo gol, logo no início do jogo. Passados uns quinze minutos, e algumas cervejas, a esposa de Tavares foi ao banheiro levando o filho junto.

– O jogo está acirrado não é, mas nunca se sabe. Os soviéticos podem surpreender. – Disse uma moça, de volumosos cabelos ruivos e sotaque do sul, vestindo a amarelinha. Tavares levou um susto quando reconheceu Ana. – Obrigado por me inocentar.

– Do que você está falando? – respondeu ainda surpreso.

– Você foi o único que não me bateu e depois eu fui liberada. Só poderia ter sido o senhor. Muito obrigada – Tavares se acalmou – Estamos ganhando, mas é bom não mexer com os soviéticos.

Tavares notou curativos parecidos com os dele. Ela exibiu um olhar penetrante, quase psicopata.

– Tá com medo dos russos? Devia. Vai que eles viram o jogo.

Russa? Não, não pode ser...

– Tá fazendo o que aqui? Te fizeram tudo aquilo.

– Eu sei que aprece loucura ver um jogo de futebol. Mas se faz coisas assim para fugir da dor.

– Ver minha seleção.

A epifania veio como uma pontada.

– Se entregar também?

– Não vou me entregar e você não vai me entregar, mas vamos pular a parte em que eu te ameaço, pode ser?! Tu está exposto. Se algo sair na mídia sobre mulheres e homens de bem sendo torturados. Acho que nem precisa de muita coisa além da sigla UNSCARE, mas eu tenho muita merda pra jogar no ventilador. Coisa mais fácil é convencer teus amigos americanos que tu vazou tudo e se, de uma hora para outra, você apontasse para mim, bem… tu sabe, né?

– Mas, foram vocês que jogaram o vírus. O COSMOVITA.

– É isso que o homem da CIA te disse? Confirmou que o UNSCARE está com defeito? Deixa eu te contar uma novidade, querido: é difícil admitir, mas você estava errado o tempo todo.

Pararam a conversa. Gol de empate da União Soviética. Ana sorriu discretamente.

– Eu sei que errei sobre você. Uma espiã de Moscou.

– Sou de Volvogrado, mas teu erro não foi só esse, está mais na raiz de tudo que o levou até aqui: O UNSCARE nunca teve defeito.

Gol da URSS.

Tavares pareceu trancar a respiração. Começou a juntar as coisas. "Se ela tiver razão, minha prisão foi coisa do Banes, por chafurdar no UNSCARE. Já Ana não era inocente. Será que Banes sabia? Se ela está aqui, não teve russo preso em Langley porra nenhuma. A CIA me passou a perna. A KGB enganou a CIA. Ela pode ter mentido agora, ou não. Puta que pariu!"

– O que você quer, afinal?

– O mesmo que eles. Seu silêncio. Eles prendem quem quiser em seu país. Continuaremos apenas observando. Se algo mudar, te encontraremos. Adeus, Tavares.

Sua esposa voltou com o menino, mas Tavares não viu Ana sumir. Ficou latejando as dúvidas na cabeça. Nem respondeu a esposa quando ela perguntou quem era aquela ruiva. Seu mundo desabava, gol após gol. Uma derrota acachapante. Só conseguia pensar no quanto estava fodido.

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Depois de ter acordado tarde, estava sozinho na mesa do café. Sua cabeça, antes latejante da ressaca da derrota, estava agora repousada sobre o jornal. Uma mancha de sangue cobriu a manchete do dia: “A maior VERGONHA do futebol brasileiro”.

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Esta estória se passa em uma realidade alternativa onde a URSS ainda existe.

Davenir Viganon
Enviado por Davenir Viganon em 07/06/2016
Reeditado em 07/06/2016
Código do texto: T5659692
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