Invasão da Terra - 1
Minha cabeça doía muito e eu gemi. Abri os olhos e imediatamente fechei - a luz era tão forte - me encolhi e comecei a chorar.
- Sara? Sara, minha filha! - Mãe? Isso, a voz da minha mãe. Mais vozes, mais pessoas. Ao meu redor.
- Dá espaço para ela, Marta. Se acalme... - outra voz conhecida. Meu pai?
Abri novamente os olhos, devagar. Onde eu estava? A luz parecia muito forte, e minha cabeça doía demais.
- Você está bem, filha? - eu concordei, baixinho, e disse que estava muito claro.
- Onde que eu estou? - eu perguntei depois que apagaram a luz do quarto. A iluminação vinha agora só de outra luz, mais longe, de outra peça. Era um banheiro, e a porta estava aberta. Tinha mais gente ali, além de mamãe e papai. Eu olhei e vi o Pablo, meu colega. Ele estava junto comigo quando... quando aconteceu...
- Você está no hospital - meu pai respondeu, sua voz bastante calma. Ele não queria me assustar - você desmaiou quando estava brincando com seus amigos, e aí a gente achou melhor te trazer para cá. Só para ter certeza que não era nada. - eu podia sentir que ele estava com medo, disfarçando para não me assustar.
- Como você está? - minha mãe segurou minha mão enquanto perguntava. Eu queria responder que minha cabeça estava doendo, mas era melhor fingir. Como que eu podia dizer tudo que estava acontecendo?
- Eu estou bem - eu menti - só com sono. Só quero dormir um pouco. Era mentira, eu só queria ganhar tempo, para pensar no que que eu ia fazer.
- É melhor você ficar acordada. Você pode ter batido a cabeça. Eu vou chamar um médico. - meu pai respondeu enquanto se levantava para sair da sala - não deixe ela dormir, Marta. Eu já volto.
- Tem um botão para chamar o médico - Pablo falou pela primeira vez, baixinho, envergonhado. Eu sorri para ele. Meu pai apertou o botão.
Enquanto esperávamos pelo médico eu fechei meus olhos e tentei organizar meus pensamentos - mas tive que abrir de novo porque mamãe começou a me sacudir e dizer para eu não dormir. Pelo menos a dor de cabeça estava diminuindo. Eu sabia que era normal, assim como o desmaio que eu tive, e que logo eu ia ficar bem. Este era o menor dos meus problemas, na verdade. Eu respirei bem fundo e procurei ficar calma.
Como que eu ia explicar para papai e mamãe que eu não era mais a filha que eles conheciam?
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