Os pioneiros - Primeiros Passos fora do Berço
Acionado o "dispositivo Alcubierre", e a nave começa a acelerar. Com a velocidade muito alta, já se aproximando da velocidade da luz, Eric começa a perceber a visão do universo na frente e ao redor da nave a se distorcer. A Terra parecia um arco cada vez menor e mais afinado, inicialmente cobrindo quase 180° do campo de visão, mas rapidamente diminuindo até se tornar mais um ponto brilhante na imensidão do espaço, do seu lado esquerdo. Logo em seguida, o Sol também se arqueia e diminui, até se assemelhar a apenas mais uma das estrelas brilhantes daquele céu distorcido. Aliás, todo o universo parece estar se acumulando e se contraindo na direção da frente da nave, e para trás uma escuridão completa.
Assim que ele a escuta mencionar que a nave atingiu 12,4 vezes a velocidade da luz, ele notifica os passageiros pelo sistema de som:
- Senhores passageiros, atingimos nossa velocidade máxima de 12,4C e a previsão de chegada em Proxima Centauri é daqui a quatro meses e quatro dias, com mais uma semana adicional para alcançar Proxcen B e os procedimentos de inserção orbital. Desejo a todos um bom descanso e uma boa viagem.
- O que você pensa quando começa a dobra? - disse Eric depois de desligar o microfone - Você nunca pensou que algum acidente vai acontecer enquanto está viajando pelo espaço?
- Do que você está falando, Eric? Eu nunca tive isso. Mesmo nas missões Poseidon, com o risco muito maior de colisão com asteróides na órbita de Netuno. Eu recebo uma missão e faço. Apenas isso. - disse Anne, a piloto da missão.
Eric agora tinha certeza ser único. Todos com quem falara até então não demonstraram nenhum medo de viagem espacial, não importando o quão arriscada fosse. Ele tinha que guardar suas emoções e seus medos bem fundo, onde ninguém pudesse ver ou perceber.
Algumas horas depois, quando todos se preparavam para o longo sono até chegarem em Proxcen B, Brand, o técnico da missão, chama Eric para uma conversa, depois de todos os outros terem entrado em sono profundo.
- Eric, escutei de Anne que você aparentou ter medo. Alguns outros já demonstraram emoções antes, porém isto sempre resultou em autodestruição. Tenha controle, ou isto pode te trazer problemas.
- Tudo bem. Tentarei me controlar. Mas a sensação de medo, apesar de tudo, me faz sentir como se eu estivesse vivo.
- Compreendo. Agora se prenda na sua camara. Eu ativo todo o procedimento daqui.
Eric se prende com os cintos na sua câmara e dorme. Enquanto a câmara se fecha, Brand se dirige à sua câmara e faz o mesmo. As últimas imagens que vê antes do sono profundo são as do seu sistema operacional fazendo análise de seu banco de dados antes do sono. A partir desse momento, a nave e sua tripulação de vinte robôs com inteligência artificial em forma humana prosseguirá sua viagem silenciosa em direção das estrelas, em sua missão de preparar o primeiro lar para seres humanos fora do Sistema Solar.
(Escrito enquanto escutava repedidas vezes a música Final Frontier, de Thomas Bergersen)