Invasão: Um Conto Ayoan. Parte 2 - O Embaixador.

O Embaixador

De baixo de chuva, uma multidão de seres humanoides de várias espécies, lotava as largas avenidas do Complexo de Conferências da capital do planeta Ayoayld, comemorando felizes o final definitivo das guerras.

Dentro do Edifício Principal, um par de suntuosas portas metálicas se abre revelando um enorme salão, com belos lustres de cristais que pendiam do teto e adornos luminescentes espalhados por toda sua abóbada. O embaixador, um homem pequeno, de pele azul, vestindo um brilhante manto branco e com uma reluzente coroa de luz na cabeça, surge caminhando saudando aos quatro grandes líderes de Ayoayld, que estavam presentes através de suas imagens projetadas virtualmente por vídeo conferencia.

- Bom dia amados! O embaixador acena erguendo a mão de três dedos e senta-se em seu trono. – Muito felizes com a data de hoje? Eu quase não dormi à noite, fiquei pensando em tudo o que aconteceu até aqui! Este planeta está prestes a dar um salto importantíssimo na sua evolução e entrar em outro nível de existência! Sabem... quando cheguei aqui há uns cem... cento e vinte anos, indicado pelo Comando Ashtar da Confederação Intergaláctica, para por fim aos conflitos entre os Ayoans e os Aylurus, eu imaginava que encontraria somente desgraças e coisas ruins! Mas para minha grata surpresa, ao conhecer Ayoayld eu me apaixonei! E além de decidir morar aqui definitivamente, jurei que me empenharia ao máximo até conseguir esta paz que iremos selar aqui hoje!

Agnelo Peroni, um Arcturiano membro da Confederação Intergaláctica, após anos ajudando pequenas galáxias pelo universo, foi designado como Embaixador para levar a paz à Ayoayld. O terrível planeta era originalmente habitado pelos Ayoans, e pelos seus inimigos mortais: os Aylurus. Além destes, outros dois povos exilados no universo disputavam o controle de Ayoayld, os Reptilianos, antigo povo habitante do planeta Draco, e os inteligentíssimos Indugutks.

No lado de fora do Edifício Principal, a multidão, formada na sua maioria por maltrapilhos das quatro raças, vibrava eufórica quando vêem surgir escurecendo o horizonte uma nuvem de moscas. Entre o enxame, caminhando imponente, vinha um humano chamando a atenção de todos, vestia um terno preto bem alinhado, com uma camisa branca e uma gravata vermelha.

O povo se abre, dando espaço para o homem de terno e gravata passar. Ignorando-os, ele para diante a grande porta de vidro do Edifício Principal. E sorri.

- Espero do fundo do meu coração, meus amados irmãos, que vocês honrem este acordo! É hora de darmos as mãos e criarmos um futuro onde o amor reinará neste planeta! O que? O Embaixador Agnelo Peroni é interrompido quando as portas metálicas do Grande Salão se abrem:

- Queira me desculpar meu caro senhor, minha intenção não era ser importuno, mas infelizmente terei que dar fim a este encontro... E a este planeta! Esta sua conversa mole que comoveu a estes grandes líderes e que pretende trazer a paz não pode mais continuar! Um acordo de paz neste planeta não está em meus planos! O homem elegante de terno e gravata cospe no chão e ao dar o primeiro passo, um feito estranho é provocado no salão; tudo nele explode: os móveis, os lustres, os monitores da videoconferência até vidros das janelas.

Guardas alertados pela explosão entram na sala atirando com suas armas laser, mas caem mortos somente com o sinistro olhar do homem de terno e gravata.

- Não adianta fugir Embaixador, não tem como se escon...

Nesta altura o Embaixador já tinha fugido, se teletransportando para um local seguro.

O homem de terno e gravata então pula no para peito da janela:

- Paz? O que é a paz? Vocês não têm a mínima ideia do que é a paz e do que ela é possível! Teve que vir alguém de fora da galáxia para tentar ensiná-los, e mesmo assim vocês não a valorizaram quando tiveram a possibilidade de conquistá-la! Agora é tarde... Meus anjos trarão a verdadeira dor e sofrimento para as suas vidas! Este planeta será meu, assim como suas almas que arderão comigo no fogo eterno do meu mundo!

A multidão fica sem reação, não sabiam ao certo do que aquilo se tratava, alguns bêbados davam risadas enquanto outros entravam correndo e gritando pela porta de vidro quebrada do Edifício Principal.

O elegante homem de terno e gravata se atira da janela, caindo em queda livre se choca contra o solo fazendo um grande estrondo.

O povo todo corre para ver o corpo, mas quando se aproximam ficam espantados, pois percebem que o corpo havia sumido, deixando apenas àquelas estranhas roupas.

Na sala de controle, dentro do satélite de defesa que orbitava o planeta Ayoayld, soldados detectam uma nave não identificada se aproximando rapidamente.