A máscara

Eles me chamam de louco, dá para acreditar? Como pode uma pessoa completamente sã de tudo o que aconteceu ser louca? Eles não viram o que eu vi, não sonharam o que sonhei e, pior de tudo, dizem que conhecem a dor e o sofrimento. Hipócritas, apenas palavras tolas e sem fundamento! Eu sei o que eles querem! Sim, eu sei..., mas não irão conseguir, não podem ante o poder daquilo, ninguém pode! Ninguém...

Data desconhecida, Frederick Nicols

Ao longo do tempo em que a sociedade evolui, individualismo se propaga feito uma praga e junto disso o ócio da sociedade e eu, apenas sou o que sou; se tenho nome? Me chamam de Jonathan, apenas Jonathan, por favor, sem formalidades. Em uma sexta feira durante a meia noite agreste, me localizava em casa, dormindo e sofrendo dos piores pesadelos possíveis para um mortal.

Um céu escuro com o estigma preto, a mais completa escuridão, o abismo em sua plenitude, como se não houvesse um céu, como se fosse apenas algo metafisico, e fogo por todo lado! Que horror! Por causa do espanto que eu tivera demorou para perceber os corpos no chão. Uma completa chacina, meus olhos não acreditavam no observava. O fogo misturado aos corpos e isso nem se comparava a presença maligna que eu sentia, como pôde, caso exista, Deus permitir algo dessa magnitude?

Quando me dei conta percebi que toda essa desgraça aconteceu em um vilarejo e eu me encontrava em sua entrada ou, pelo menos, era isso que parecia, duas colunas de madeira e um arco no topo e em volta do arco algo que pareciam palavras indecifráveis até para o mais conhecedor do sobrenatural. Ao olhar para trás não havia nada... e creio que o leitor não há de perceber que o nada não é algo que tenha personificação física, corrigi-me-rei e direi que vi um agouro de trevas ao qual lançava um olhar escroto sobre tal.

Como única, e não preferível, opção me posto a andar pelos portais do vilarejo receando o pior dos males. A agonia era imensa, quando eu pisei para além dos portais, uma aura negra, um acólito das trevas, a alma de todos os mortos chorando. O inferno da bíblia parece ser melhor que esse lugar. Corpos mutilados por todo o canto, nenhuma presença de vida e vozes agonizando que ressoam de tal forma dentro de mim que parece minha própria alma pedindo clemencia.

Ponho-me de pé e caminho pelo vilarejo chamuscado de trevas, é incrível como esse ficará, corpos mutilados por toda a parte e as casas destruídas, seria como uma arte macabra de algum autor de horror que perdeu o limiar, mas... que pessoa sã pensaria em algo assim?

Começo a ver desenhos no chão que ao analisar cuidadosamente se daria para perceber que eram os mesmos que se encontram no portal, pela falta de referências e de ideias, começo a seguir os desenhos, que por acaso formavam uma trilha para o que poderia ser o centro da cidade. Mas quero deixar explícito que não reconheci os desenhos e nem andava ereto como um super-homem, minha sanidade estava no limite e eu, frequentemente, cambaleava de medo.

Ao passar mais de cinco minutos andando ponho a me olhar em volta e percebo ao longe um céu que começará a consumir aquele mundo e me tomo a coragem olhar para trás, mas ao fazer isso vi apenas o augúrio das trevas e nada mais, todo o caminho foi consumido e os desenhos, suponho que tiveram um destino igual.

Um mortal nunca deveria sofrer algo assim, como aguentar tanta desolação e morte? Avisto ao longe uma praça onde parece haver algo a mostra no centro. Quando chego na praça, apenas ela restou... nada mais... NADA! E quando me aproximei da coisa percebi que era uma simples máscara erguida em um pedestal. Olhei para o design da máscara, notei características tribais, como se fosse algo usado para magia voo doo. O pedestal recheado de signos indecifráveis e com uma aura escura. Mas... aqueles olhos... tinha algo neles que me chamavam a atenção, aquela máscara... ela... me queria... era como se isso não fosse um sonho e ela queria ser minha... toda minha e de mais ninguém.

Coloco minhas mãos na mascará e retiro com cuidado! Como nunca percebi? Vivi minha vida sem ela! Nunca mais... viro-a com uma calma angustiante e olho atentamente enquanto, lentamente, a coloco em meu rosto. Nesse momento ás vozes ressoam mais forte que outrora: “Por Favor, abandone a mascará”, “Eu te imploro nos deixe em paz”, ”Eu não aguento essa agonia”, “Você condenara seu mundo”. Mas nem dei ouvidos a essas vozes por tão hipnotizado... não... tão apaixonado que eu estava por essa sensação. Enfim, a máscara era minha, toda minha.

Quando termino de coloca-la tudo se torna um véu preto, as vozes cessaram e só me restou a minha consciência e minha mascara, tal objeto começou a soltar sons e imagens em minha cabeça. Dor, desgraça, ódio, vingança e guerras. Ela me mostrou o augúrio das trevas e então percebi o que tinha feito... Grito ao tentar tirá-la de meu rosto e faço isso com toda a força que minha alma consegue conceder e aos poucos fui perdendo a consciência enquanto observava os malefícios horrendos que me era mostrado até que cessou e nada mais foi mostrado.

Se eu acordei depois? Não, as pessoas que vestem a máscara não acordam mais, a partir do momento que a coloquei eu morri para esse mundo e para mim mesmo. A máscara me deu algo único isso eu não nego, entretanto em troca de minha vida ele me mostrou o meu pecado, daqui por diante resta apenas o silêncio.

Murillo Othavio
Enviado por Murillo Othavio em 08/02/2018
Código do texto: T6248855
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