Primeiro contato
Após mais de cinco anos viajando a uma velocidade próxima a da luz finalmente estamos chegando ao nosso destino: um pequeno planeta que orbita um estrela anã localizada na periferia da galáxia.
Foi uma viagem muita longa e só não foi mais tediosa porque a maior parte do tempo nós passamos em estado de animação suspensa. Quando entramos na área de influência da pequena estrela a consciência artificial que comanda a nave nos despertou e iniciamos os procedimentos de aproximação e exploração do novo sistema planetário.
Nosso objetivo maior é verificar a possibilidade do surgimento de inteligência no terceiro planeta a partir da estrela anã. Nossas instruções são precisas: não podemos interferir no andamento da evolução das espécies.
Nos deparamos com um belo planeta, abundante em água, com uma vegetação exuberante e com múltiplas formas de vida. Enfim, um belo ecossistema. Os dados que nossos instrumentos captam farão a alegria dos nossos cientistas por muito tempo.
Sabemos que o surgimento da inteligência é um evento raro de acontecer no universo conhecido. Neste planeta observamos várias espécies com potencial para o desenvolvimento da inteligência. Confesso que todos nós adoraríamos manipular uma ou outra espécie mas os protocolos são rigorosíssimos: a inteligência tem que surgir a partir de um caminho natural.
Percebemos a existência de uma espécie com forte probabilidade de conquistar a inteligência: possuem estrutura cerebral propícia, andam na vertical, vivem em grupos e parecem possuir um mínimo de senso de comunidade. Essa é a nossa espécie favorita. Adoraríamos que eles um dia passassem a utilizar instrumentos, se isso ocorresse quem sabe eles não dominariam este pequeno planeta e um dia também iriam às estrelas?
O período de pesquisas neste planeta foi muito proveitoso, terminamos por desenvolver um carinho muito grande por este mundo belo e primitivo. Uma certa saudade ficará para trás.
Nossa nave partiu. Estamos voltando para casa. Nunca mais retornaremos ao pequeno planeta e nunca saberemos se a nossa espécie favorita conseguiu dar o salto para a inteligência.