IMMORTALS - CAPITULO I

Sempre o mesmo.

Toda noite aquilo acontecia.

Um pouco antes de acordar, algo vibrava o corpo de Zack, como um motor ligado. De dentro dele ele sentia alguém o chamando, mas estava distante na escuridão. Não conseguia saber onde estava, mas sabia que precisava ir.

Então ele abriu os olhos e a vibração parou.

Aquilo estava acontecendo há quase um mês, todos os dias, porem Zeck não conseguia entender o por que. “aquela psiquiatra maldita” ele pensava “isso só esta piorando”. Desde que seu pai havia morrido ele tinha mudado, mas esses sonhos o faziam ficar instável novamente.

Ele se levantou e ficou sentado em sua cama por alguns minutos, analisando seu próprio quarto. As roupas sujas no chão, o pacote de biscoitos quase vazio, a porta com a cesta de basquete pendurada, um pôster da sua banda de rock favorita, a escrivaninha com vários papéis e livros jogados e uma foto com o seu pai. Ele se aproximou da foto e a pegou para vê-la mais de perto. Devia fazer quase dez anos que havia tirado aquela fotografia, ele tinha sete anos e seu pai o levou ao parque de diversão pela primeira vez, recompensa por ele ter sido um “bom menino” naquele dia. Na foto ele usava sua camisa favorita, bordada com o símbolo dos guerreiros espaciais e seu pai usava o mesmo casaco bege cafona de sempre. Ele dizia que era seu suéter da sorte. Sua mãe aparecia abraçada com o seu pai. Seus cabelos negros pareciam flutuar com o vento. Todos eles sorriam como se fossem ser felizes para sempre. Zack devolveu a moldura à escrivaninha com a foto virada para baixo e foi se trocar.

Pegou o mesmo jeans preto e camiseta preta que havia usado nos últimos dias e calçou o tênis do qual ele se sentia mais confortável. Ele desceu até a cozinha onde sua mãe fazia o café-da-manha. Ela usava um avental rosa e dançava enquanto ouvia o rádio. Seus cabelos negros estavam presos em um coque com um hashi que tinham usado no dia anterior. Zack se aproximou da mesa e pegou uma torrada levemente chamuscada. “é por isso que EU cozinho” pensou ele.

Sua mãe se virou para ele e deu um pulo de susto.

— Meu Deus garoto! — Disse ela — Quer me matar de susto! — Respirou.

— Pois é. — Disse ele — Habilidade nata.

Ele pegou uma maçã da cesta de frutas e voltou ao quarto para arrumar a mochila.

Ao descer novamente sua mãe o chamou:

— Zack querido! — Disse secando as mãos no avental — O aluno de intercambio chega hoje. Não se esqueça!

— Ok. — Respondeu desanimado com a ideia de mais alguém morando com eles

— E se comporte você tem arranjado muita encrenca nos últimos dias.

— Tá. — Ele estava cansado de ouvir a mesma coisa. Queria que aquelas sensações parassem para que ele não ficasse tão estressado.

— Meu bem! — disse sua mãe com um olhar caridoso — Vai ficar tudo bem. É só você se controlar. — ela colocou as mãos úmidas em seu rosto e ele abaixou a cabeça para que ela pudesse dar um beijo em sua testa.

“E lá vou eu” Pensou “Mais um dia no inferno”.

Zack chutava as pedras da calçada enquanto pensava no que as pessoas achavam dele. Ele já era assustador por ser alto demais e sempre se vestir de preto (Afinal era sua cor favorita), mas depois do que tinha acontecido todos estavam com medo dele.

Certa tarde, alguns dias atrás, ele andava pelo parque perto do lago, tentando acalmar os pensamentos depois de um leve ataque de raiva, sua cabeça doía, ele decidiu sentar numa pedra e olhar para o lago numa tentativa de limpar a mente. Então ele viu perto dali três adolescentes pelo menos um ano mais velhos que ele. Na frente deles, atrás de uma árvore, uma criança estava escondida. Zack chegou mais perto para escutar melhor.

— Vamos garota! — Disse o garoto que parecia o líder deles — não temos o dia todo! Passa a grana!

A garota se encolheu mais ainda na árvore. Os três adolescentes avençaram contra ela. Zack não podia ficar ali só olhando, então ele se colocou na frente da árvore, impedindo os garotos de passar.

— Cai fora, gótico! Nosso problema não é com você! — Disse o líder, mas Zack não saiu do lugar. Sua raiva começou a aumentar, então eles avançaram contra ele. Zack apagou não se lembrava de nada no meio tempo, só que quando voltou a si os garotos estavam inconscientes no chão, com queimaduras em varias partes do corpo. Ele olhou para traz e viu a garotinha chorar desesperadamente. Tentou se aproximar para entender o que havia acontecido, porém a garotinha correu dele como se ele fosse um monstro.

Zack voltou à realidade quando quase foi atropelado atravessando a rua.

— Essa passou perto. — resmungou para si mesmo.

O dia estava nublado e parecia que iria chover então ele apresou o passo.

Ele continuou andando, até dar de cara com os mesmos garotos de alguns dias atrás. Dessa vez eles tentavam flertar com uma garota que parecia nem se perceber a existência deles. Ela olhava para frente com um olhar fixo, sem expressar medo nenhum. Seu rosto tinha um aspecto inocente, quase como o de uma criança. Seus cabelos cacheados pareciam estar em chamas laranja quando o vento os balançava, era como se o sol tivesse decido do céu para dar um alô. Ela carregava uma mala grande, o que dava a impressão de que estava de mudança.

Os garotos, cansados de ser ignorados cercaram a garota, que pareceu surpresa. Como se só agora tivesse percebido a presença deles.

— Não gosto de ser ignorado. — disse o garoto passando a mão em seus cabelos castanhos — Agora você vai vir com a gente! — Ordenou.

Zack tentou se aproximar sem ser percebido, mas era quase impossível com o seu tamanho. Ao chegar um pouco mais perto ele foi visto pelo garoto de cabelo castanho, que arregalou os olhos ao velo. Os outros dois garotos também se viraram e tiveram a mesma reação. Ambos os três se afastaram alguns passos lentamente e depois fugiram desesperadamente. A garota olhava para os três fujões sem entender nada. Estão olhou para trás e, como Zack esperava, também arregalou os olhos. Mas, ao contrário do que ele achava, ela começou a se aproximar cada vez mais rápido. Zack não teve tempo de reagir. Achava que ela iria o atacar por defesa pessoal ou algo assim, mas ao contrário do que ele achava, ela se jogou em cima dele e com um abraço ele caiu de costas no chão com a garota em cima dele.

A garota o soltou do abraço inesperado, mas continuou em cima dele.

— Te achei! — Sorriu ela.

Kuro Omnyama
Enviado por Kuro Omnyama em 16/07/2018
Reeditado em 16/07/2018
Código do texto: T6391551
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