Mesa de bar

As cervejas se acumulavam na mesa e também já faziam efeito no cérebro dos três amigos.

Gabriel, Paulo e André se conheciam há muitos anos, fizeram o ensino médio juntos e desenvolveram uma forte amizade. O tempo e as intempéries da vida fizeram com que estes se afastassem e trilhassem caminhos diferentes. Apenas eventualmente encontravam-se para beberem uma cerveja e jogarem conversa fora.

A conversa que rolava entre eles era boa e prazerosa. Já tinham falado sobre trabalho, mulheres, paixões, futebol, política e agora estavam naquele momento em que qualquer assunto era recebido com salvas de alegria e mais copos cheios de cerveja.

- Camaradas esse nosso mundo é um merda mesmo. É tudo uma esculhambaçao! A gente abre o jornal, vê a internet, a televisão e parece que tudo fica sempre pior. – Paulo falava isso já entornando mais um copo.

- Uma merda só. E o pior é que acho que a merda não vai dar para todo mundo. –Gabriel falava já propondo um brinde para as merdas do mundo.

- É por isso que os extraterrestes não fazem contato com a gente. Como eles vão fazer contato com um monte de gente burra? – Falou André que trabalhava com tecnologia de processamento de dados e adorava o tema extraterrestre.

- Eles não fazem contato porque não existem ... se existissem já tinham dado as caras por aqui há muito tempo. – Disse Gabriel.

- Não sei se eles existem. Se existirem devem ser muito mais adiantados do que nós. –Ponderou Paulo.

- Não existem. Tem cabimento os caras viajarem milhões de quilômetros só para fazerem contato com alguém lá na vila do raio-que-o-parta ou pegarem umas plantinhas e irem embora? Claro que não. – Continuou Gabriel.

- Pois para mim existem sim. Os caras chegam aqui aí veem que os nativos do planeta se matam por coisas como a cor da pele. O extraterrestre ali vendo que um diz que Deus é assim e outro dizendo que é assado e pronto já rola uma bomba. O que eles vão pensar? Aí veem um terrestre que tem oitenta bilhões de dólares e logo adiante um que não tem nem o que comer. Eles existem sim. E vendo todo esse atraso eles nunca irão fazer contato com a gente. – Um André empolgado falava.

- Então por causa disso nós não somos convidados para entrar no Clube dos Planetas Adiantados? – Alfinetou Gabriel.

- Porque não? Vai que de repente tem uma Federação Interplanetária lá fora que nem no filme Jornada nas Estrelas ... e agente aqui ainda nas aulinhas de inglês. – Vamos tomar mais uma que é melhor. – Entre risos falou um já meio embriagado Paulo.

Os temas do bate-papo mudavam e as cervejas fazendo seu efeito.

Após um bom tempo era chegado a hora de se despedirem. Marcaram um novo encontro para sabe-Deus-quando.

André foi o último a ir embora. Solicitou um táxi e quando já estava dentro deste apertou um comando em seu relógio de pulso e ambos, ele e o taxi, teletransportaram-se para uma espaçonave que há décadas orbitava secretamente a Terra.