A Sereia

O pai entrou aos berros no hospital com a filha de cinco anos nos braços. Imediatamente, a criança foi colocada em uma maca e levada a presença do médico, que ouviu atentamente a história:

“A menina brincava a beira mar quando começou a gritar de dor queixando-se de ter pisado em algo”. O pai, no mesmo instante, vasculhou a areia e viu que se tratava de uma seringa hipodérmica. Desesperado levou a filha já desacordada até o carro e rumou para o hospital.

Horas depois foi chamado pelos médicos. Não podiam determinar a causa de seu estado, iriam transferi-la para um hospital com recursos mais modernos.

Os dias passaram e o pobre pai estava péssimo não dormia nem comia direito.

Quase um ano morando na porta da UTI até que finalmente foi chamado na sala de reuniões. Entrou e se deparou com uma dúzia de médicos. Tremendo queria ouvir logo o que tinham a dizer. Um deles explicou. Seu coração doía, ele tinha certeza que morreria ali.

Hoje é o aniversário de debutante de sua filhinha e ele está muito feliz. Aquele pesadelo de 10 anos atrás havia passado. Tem muito que comemorar. Depois de três anos em coma a garota acorda e vive muito saudável.

A menina teve sequelas. Graças ao acidente sofreu uma mutação e desenvolveu uma cauda de peixe.

Após anos de luta, o processo que moveu contra a prefeitura se encerrou. Não recebeu o dinheiro que pretendia mas conseguiu um bom acordo em favor da filha.

O estado propôs garantir um cargo público vitalício com rendimentos compatíveis, comida e moradia permanentes. Pensando no futuro da filha aceitou sem pestanejar.

Hoje completa 15 anos e terá sua primeira apresentação pública no aquário municipal, num lindo tanque que é só seu.