II   (continuação – D.  Inconsciência II)
 
      Na tela da TV mostrava, agora, 2 (duas)  crianças sujas, famélicas,  barriguinhas estufadas  de vermes,  narizes  escorrendo,  olhos esbugalhados, e moscas  as envolvendo...  Era  um  noticiário que falava sobre a fome  que   assolava um  país  da  África. A impressão que dava é que elas estavam morrendo, com elas toda a aldeia que moravam .
     
E Asha disse:    
-     Conforme a economia e o conhecimento geral (médico/cientifico//tecnológico) atingido por cada nação de Shan,  dividiram-no num planeta desenvolvido, em desenvolvimento e subdesenvolvido...  Todavia, se as nações ricas e desenvolvidas repartissem seus  conhecimentos com as nações mais  pobres e subdesenvolvidas; auxiliando-as, a princípio, financeiramente, depois tecnologicamente,  forças  seriam    unidas, catástrofes seriam minimizadas, misérias inexistiriam, guerras?... Nem pensar!!.. Todos viveriam melhor, pois melhor seria esse mundo, eles  seria um grande mundo...    Com uma única bandeira...A BRANCA DA PAZ!...
         Palavras edificantes, sem dúvida!...  Ideias simples, porém notáveis,  que não obstante, ocorreram, de fato, somente ao extraordinário  menino das estrelas Asha Conne. ( Mas, durante o tempo todo que ele falava, notei que, apesar dos seus gestos expansivos e eloquência na voz, ele tinha os olhos parados e distantes...  Parecia mergulhado numa espécie de delírio, de onde as minhas altas exclamações o arrancaram daquele estado.) -      Arre, querida!! Mas, que pena!... – exclamou ele, de súbito  aborrecido -  Parece que repartir  faz sentido  algum a humanidade de Shan (Terra), ora vista pelo 3º Universo sob o domínio do código 666.                                                                                              -         Código 666 ? – cortei – Que código é ese?                                 -        Ele é um código altamente negativo, aplicável unicamente nos mundos  cujos habitantes (como os desse mundo), são  portadores da mais baixa vibração consciêncial existente...-  respondeu o pequeno divino. E depois de um minuto de reflexão, seus olhos brilharam - como se realmente tivesse encontrado algo  a mais  que valesse a pena acrescentar -  A propósito, a situação surge bastante grave ao povo dessa  Casa Celestial,  onde gradualmente os vemos  transformarem-se numa letal moléstia para ela.
  -         Queê!! –  exclamei assustada, tremendo  da cabeça aos pés  - Moléstia, nós?
-        Sim, moléstia. – assentiu ele -   E essa Casa Celestial,  como organismo vivo que é, para SOBREVIVER (pois já está muito doente, quase morrendo) terá que extirpar de si O homem - a moléstia que abriga... E, com certeza, ELA sobreviverá... Quanto ao homem... - meneou a cabeça luminosa em negativo -   O executor dessa tarefa será a sua própria natureza... Os principais sinais que ela dará, serão: Erupção de uma série de vulcões (inclusive os agora extintos)... Furacões violentíssimos... Terremotos (até em lugares dantes  nunca tidos.)...  Quedas ou aumentos de temperaturas  a níveis insuportáveis..    Arrebatadores  tornados... Degelos nos pontos mais gelados do planeta, ocasionando  nele uma série de  dilúvios,  inundações...    ..Desertificações cada vez mais intensas...  Simultâneo, fauna e flora também se rebelarão...   Surgirão, e ressurgirão antigas e novas doenças, em  escala epidêmica...  A extirpação humana será total; tanto que àqueles ora cá corporificados, sucederão inúmeras outras encarnações carregadas de sofrimentos, com gravíssimos  danos psíquicos - causados pelos momentos traumáticos que viverão.
--       Argh! Que horror! – rebati horripilada      
          Asha franziu a testa, e contestou:
-        Horror é o jeito destrutivo com que a população do planeta, vem tratando o     próprio planeta!
          Sem argumento, nada falei, apenas demorei longamente o olhar no pequeno mestre... Meus olhos foram relaxando... relaxando... E relaxada, tive a sensação de cair num buraco sem fundo, e logo vislumbrei-me num outro lugar.. Um lugar tétrico... Alaranjado.. . De nuvens escuras (feito coca cola), cobrindo o céu... O solo estava todo coberto por uma areia muito fina, que  lembrava as cinzas do cigarro... No ar exalava um cheiro pútrido, nauseabundo, fétido...  De  sentidos apurados,                             percebi  não  haver  a  menor  chance  de  vida ali.  Dei alguns passos a frente, etropecei num objeto duroro... Cutuquei-o com os pés e curvei-me para apanhá-lo, e  ver de perto o que era aquilo    ( sou míope): - E em minhas mãos vi UM CRANIO HUMANO EMPEDRADO. 
-      DDEEEUS! – gritei “morta de susto, sacudindo desesperadamente os braços, atirando-o para o alto -  O que é isso?  Onde estou?  Que lugar horrível  é esse?!      
-      É o planeta azul  feito cinza... – redarguiu  o cristalzinho, puxando-me de volta ao corpo/físico, e caí “com tudo” na poltrona de vime do quarto  - O que vistes foi apenas uma projeção do que ocorrerá a ele, caso vossa gente persistir na maldade com que o  vêm  tratando... Repares: : Disse apenas uma projeção, e como tal esse futuro sinistro ainda poderá vir a ser alterado... Basta que haja o despertar coletivo às Sagradas Leis Espirituais a tempo, visto que o tempo urge.                                                                                             
          Apavorada pela horrível projeção, que amiúde visualizava numa série de fotografias de uma só cor: A CINZA - tapei o rosto com as mãos e chorei baixinho...  Penalizado, Asha cerrou as pálpebras, juntou as mãos, e orou... .( Do seu corpo depreendeu uma luz espiralante verde, que num lampejo, tocou em mim e envolveu-me  por inteira, deixando-me mais calma).
         Com efeito, desabafei:                                       
-        Asha...    Dado a exiguidade de tempo, e a recusa ferrenha do meu povo para o despertar a espiritualidade das sagradas Leis Cósmicas, percebo que será difícil   ele vir a   ocorrer... - baixei os olhos, e raspei a unha no braço da poltrona que estava sentada....-  De fato,  sinto perder a fé nessa gente... E chego, até mesmo, a  visualizar o  nosso fim... O fim  de toda a raça humana terrestre -   Um tremor fez tiritar os meus lábios...  Tentei contê-los, mordendo-o de leve repetidas vezes, mas, não consegui.   O clicar do controle remoto para desligar a TV, e os grossos pingos de chuva que  açoitavam as vidraças das janelas, foram os únicos ruídos que se ouviu durante o expressivo silencio que   seguiu... E, quando um relâmpago bateu forte lá fora, bateu forte dentro de mim a esperança de um possível  resgate de todos nós.
         Animada com isso, voltei, falando alto:
 -      Bem, amiguinnho... já que há uma previsão catastrófica para a Terra,      por que é que os  seres espaciais dimensionais, ou mesmo, os confederados planetários, não intervêm de vez nesse planeta, antes que seja tarde de mais, e ela realmente aconteça e morra tanta gente?                                                                                        Asha olhou-me com indulgência.
-       Anette... A principio, não intervimos -   paralisando as ações  humanas nos mundos de baixa vibração,  devido ao respeito que temos a primeira Lei  Universal -  a sagrada LEI DO LIVRE ARBÍTRIO.
-      Você disse a principio?! Ouvi  bem?                                       
-      Ouvistes! Logo, escutas!... Só haverá nossa intervenção neles, se a Suprema Inteligência Cósmica sinalizar para intervirmos... – fez uma pausa -   O que  não nos impede de  alertarmos os habitantes desses  mesmos mundos (como ora fazemos  em Shan, através de mensagens),  para as possíveis consequências  danosa que advirão se  prosseguirem no vandalismo que os vem tratando..
       Ouvindo a reposta de Asha, pude divisar a imensa fé que ele tinha em todos  os terrestres  (apesar do pesares)...  Por certo, devido a ela, em momento algum, ele  duvidava do sucesso da gloriosa Missão Crística/Terra... Dessa forma,   movida de  profunda gratidão a ele, de supetão  tasquei-lhe um beijo na bochecha ...
         Agradavelmente surpreendido comigo, Asha reagiu, beijando-me também... Na ponta do 
         
Por instantes, “saí de cena”.
         Inesperadamente:  
-       CATABRUMMM!! 
         Um estrondo de trovão ecoou barulhento na mata pouco distante,  trazendo-me  de volta...
         Quase desmaiei de susto!
 


fim

terra seca
caminho num deserto árido, oh gente!
não há cidades, campos ou plantações
ventos fortes batem a minha frente
e  fotografias não saem,
só poeiras saem do chão!
 
sopra o passado remoto a minha frente
ouço ruídos, vozes... vozes... vindas de um canudo
recordo momentos de minha vida ausente
demente dinastia de adubo
 
esse céu amarelado me apavora
não há astros pra se olhar
as nuvens são escuras, feito coca-cola
e o inferno sorri ao desfilar
 
acho que os mares transbordaram
e as montanhas foram convertidas em pó
que o buraco negro era a mente humana na terra
que sugou tudo sem piedade ou dó
 
na cinza a vida acabou
 
eu me lembro de tanta coisa, oh gente!
crianças sem beleza – suplicando por um pedaço de pão
outros enchendo seus bolsos de riquezas
robotizados, alienados, sem coração
 
na cinza a vida acabou
 
caminho num deserto árido, oh gente!
esse silencio é  de uma tortura sem par
o vento uivante me leva pra longe repetidamente
hoje, sou só um grão de areia
nesse deserto que um dia foi o mar
 
Na cinza a vida acabou
 
 
Por AnetteApecBarbosa
----------------------------------------
 
anetteapec
Enviado por anetteapec em 30/09/2018
Reeditado em 30/09/2018
Código do texto: T6463902
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.