O nerd e o robô

Capítulo I

Héktor Silva era um jovem exemplar perante os olhos dos adultos, um garoto

estudioso, responsável, não fazia bagunça e nunca criava confusões. Contudo tinha grandes dificuldades para fazer

amigos, e principalmente de conseguir uma namorada, pois Próximo de completar 16 anos só tinha um amigo e jamais

havia beijado uma menina.

Entretanto, não deixava essas coisas o colocarem para baixo.

Ocupava-se lendo livros, apostilas de informática e fazendo cursos de

hardware e software, em dezembro pretendia prestar vestibular para

entrar na universidade federal, onde faria o curso de engenharia

mecatrônica. Também fazia terapia com uma psicóloga, pois na infância foi

diagnosticado com autismo leve e síndrome de Asperger.

- Como foi sua semana, Héktor? - Perguntou a psicóloga loira.

- Na medida do possível foi tranquilo - Contou o adolescente - E a sua semana?

- Foi ótima - disse ela. - Resolveu aquele problema no trabalho?

- Bem, mais ou menos.

- Porque mais ou menos?

- Você sabe Natalia, os meus colegas de trabalho não gostam muito de mim.

- Talvez seja questão de se acostumarem com alguém mais novo sendo o chefe deles - Sugeriu ela.

- Eu procurei o RH para falar sobre as piadinhas constantes a meu respeito , mas provavelmente não vai adiantar em nada.

- Já é um avanço - Falou Natalia, - E na escola como vão as coisas?

- Tudo igual - Admitiu Héktor, - Só o Tiago fala comigo o resto parece me ignorar.

- Talvez você precise ter uma outra abordagem com eles, não falar muito do seu trabalho.

- A, isso é impossível Natalia, todos já sabem que trabalho no núcleo de tecnologia da universidade e que tenho uma bolsa garantida na NASA. Os professores amam

falar sobre isso quando querem passar uma bronca neles.

- Se você deixar eu ir na sua escola e conversar com seus professores poderia resultar em algo

positivo, - Falou Natalia.

- Deixa pra lá isso.

Depois de passar 45 minutos conversando sobre coisas do seu cotidiano estava feliz por estar sentado no carro

quieto, O motorista do Uber

havia desistido de manter uma conversa sobre o calor intenso. O garoto

fazia terapia a dois anos com a mesma psicóloga, e pela primeira vez em

toda sua vida havia se adaptado com uma. Segundo seus pais, o motivo disso era

porque Natalia era uma menina jovem, já o adolescente pensava que ela sabia conversar com ele

de igual, pois ela era cega e entendia como era ser tratado diferente. Quando o carro estacionou na frente da sua casa, pulou do

veículo e apanhou as chaves para abrir a

grade.

Sua casa era de família classe média baixa, constituia-se por uma

sala de estar, cozinha, três quartos, um banheiro e um quintal.

Atravessou a sala de estar e entrou no corredor que levava para os

quartos, caminhou até a terceira porta e por fim entrou. O local era pequeno com

uma cama no centro, uma escrivania, uma poltrona, um guarda-roupa e alguns equipamentos

eletrônicos jogados pelo chão. Em cima da mesinha estava um protótipo de

um robô quase completo, pegou uma toalha no guarda-roupas e tomou um

banho rápido. Notou que seus pais não haviam chegado do trabalho ainda,

e pouco menos seu irmão que estudava em uma escola integral. Faminto

preparou uma torrada e leite para jantar, ligou a televisão que

estava passando a novela das seis, trocou de canal e ficou assistindo um

jornal, após comer lavou a louça e retornou para o seu

quarto.

O adolescente ficou analisando a sua criação em cima da escrivania,

estava quase completo só faltava implementar a mão direita e instalar

o sistema operacional. Pegou do chão uma caixa de papelão e retirou de

dentro o braço de metal, havia chegado ontem pelo correio. Cuidadosamente ele encaixou no corpo do

equipamento, logo em seguida apanhou uma chave e alguns parafusos, assim prendendo-o fortemente.

O menino ligou seu notebook, onde estava o sistema que havia

programado, conectou a ponta de um cabo no robô e a outra parte no

computador, abriu o programa que faria a transferência e clicou no botão

executar. Na tela mostrava uma barra de progresso que movimentava

lentamente, segundo a estimativa do computador demoraria duas horas para

completar o processo, ansioso demais para ficar parado saiu do quarto afim de

esperar seus pais chegarem.

- Já está aí filho? - Perguntou Paulo entrando na sala de estar, seguido

por sua mãe e o irmão.

- Como foi com a psicóloga? - Questionou Joana, colocando sua bolsa em

cima da mesinha.

- O de sempre - Falou Héktor.

- Preciso ajuda com matemática - Pediu Jorge, - Não sei fazer aquelas funções.

- Depois que jantar posso te ensinar, Aliás, eu não vou jantar pois estou sem

fome.

- Tem certeza querido? - Perguntou sua mãe.

- Tenho sim - Falou ele, levantando-se do sofá e caminhando para o seu

quarto, Agora a barra de progresso estava quase completa, faltava dez minutos apenas. O garoto

deitou-se na cama e aguardou o tempo

passar, parecia que os minutos haviam se transformado em anos. Depois de

uma longa espera uma nova mensagem surgiu na tela: dizendo que o

processo estava concluído com sucesso. Imediatamente pequenas lâmpadas de led

começaram a acender , a cabeça de metal se ergueu e as

pálpebras se abriram.

- Robô A1 pronto para receber comandos do seu senhor Héktor, - Falou uma voz sintetizada.

O menino deu pulos de felicidade, finalmente conseguiu criar um robô

do zero.

- O que aconteceu? - Perguntou Paulo curioso entrando no quarto, - A, terminou de fazer o robô?

Héktor balançou a cabeça em sinal de positivo.

- Parabéns filho, muito bom - Disse seu pai se aproximando e dando

tapinhas no seu ombro, logo em seguida veio Joana e Jorge.

- O que ele pode fazer? - Perguntou Jorge espantado.

- Tudo o que eu quiser - Começou a explicar Héktor, - Instalei um radar

de monitoramento que detecta qualquer aeronave, ou movimento estranho no

espaço, Também tem um sistema de laser caso precise me defender.

- Mas isso é muito perigoso - Observou sua mãe preocupada.

- O robô obedece só a mim, não tem perigo.

Capítulo II

Héktor desceu do carro e caminhou na direção da escola, Carregava na

mão uma mala enorme de rodinhas, atravessou os portões de metal e entrou

no pavilhão principal que estava apinhado de estudantes.

- O que é isso na sua mão jovem nerd?

- Você não vai acreditar quando eu te mostrar Tiagom - Comentou Héktor excitado.

- Matou alguém pra estudar? Tem partes humanas aí?

- Não viaja cara - Falou Héktor entre risos. Os dois atravessaram o

pavilhão e entraram em um corredor à esquerda, passaram por quatro salas

de aula e por fim chegaram na sala do terceiro ano, aproveitando que o

professor não havia chegado o adolescente abriu a mala.

- Ual - Exclamou Tiago, - Você realmente terminou o robô.

- Ontem testei e está funcionando plenamente, inclusive o laser letal.

- Quero ver isso no intervalo - Disse Tiago.

- Não sei se é uma boa ideia usar na escola.

- não vai Dar nada - Insistiu o garoto.

Depois de uma aula de história, matemática e português finalmente

chegou a hora do intervalo, Héktor procurou um lugar deserto na escola e

encontrou uma sala do primeiro ano do ensino fundamental.

- Mas não fecham não essas salas? - Perguntou Tiago surpreso.

- Pelo jeito não - Comentou Héktor, enquanto abria a mala e falava uma palavra de comando para o robô.

- Usa o laser nessa folha - Disse o menino, retirando uma folha da

mochila e posicionando no chão.

- SE afasta então - Ordenou Héktor, - Ativar modo combate A1. Assim que o

menino terminou de falar o robô ergueu os dois braços, na parte

superior surgiu uma pistola em cada braço.

- Mirar em folha.

- Positivo senhor.

- Atirar laser, - Na mesma hora, disparou um jato azul das pistolas destruindo completamente o objeto.

- Impressionante - Falou Tiago fitando os fragmentos da folha.

- Monitorar espaço A1 - Falou Héktor animadamente.

- Analisando espaço em um raio de um ano luz.

Um painel no peito do robô informava que estava quase completando a busca.

- Encontrei um objeto não identificado.

- Legal isso! - Exclamou Tiago, No entanto Héktor levantou as sobrancelhas.

- Analisar objeto e obter mais informações, A1.

- Focalizando objeto não identificado... Aparenta ter formato de uma

pirâmide, bem iluminado com diversas cores, Sua velocidade é de 1300

km/h, voando na direção sul, em Pelotas.

- Isso não é normal - Murmurou Héktor, lançando um olhar pela sala.

- Analisa dentro do objeto A1.

- Visibilidade prejudicada por conta do material de vidro, Contudo

aparenta existir seres humanóides.

- Brincadeira divertida - Falou Tiago sorrindo.

- Não é uma brincadeira, não programei para fazer isso.

- Já está começando a ficar sem graça cara, Achei legal no início e

tudo o mais, mas já pode parar de fingir.

- Não, não estou brincando - Falou Héktor firmemente, - Você sempre

soube do meu equipamento de detectar coisas no espaço afim de encontrar

algo.

- Você quer dizer que ele encontrou aliens? - Perguntou o adolescente incrédulo.

- Quantas horas o objeto está de Pelotas , A1?

- Aproximadamente 12 horas, - Informou a voz metálica.

- Parece que é exatamente isso - Respondeu Héktor pensativo, - Precisamos nos proteger antes que chegue na terra.

- Cara você pirou?

- O equipamento não falha, eu pelo menos prefiro estar seguro.

- Fala pra analisar de novo, deve ter sido um erro - Sugeriu Tiago.

Novamente o menino ordenou uma análise e, dessa vez, quatro objetos

não identificados haviam sido encontrados.

- Precisamos sair da escola agora - Disse Héktor.

- Cara temos física depois.

- Você não entende Tiago? Não importa mais essas coisas, precisamos

nos proteger de um ataque.

- Na moral Héktor, você tá viajando legal.

- Bem, eu tenho um lugar seguro que comecei a construir a dois anos atrás, é uma espécie de bunker tecnológico onde podemos nos proteger de qualquer ataque.

Tiago estava parado fitando-o com um olhar estranho.

- Definitivamente você ficou louco - Sentenciou ele.

- Se não deseja se esconder não posso obrigar, mas lamento caso algo grave aconteça com você e sua família, - Falou Héktor

guardando o robô na mala, Abriu a porta e retornou para a sala

de aula, apanhou a mochila e procurou a secretaria.

- Preciso urgentemente sair - Pediu o garoto.

- Héktor, estamos no intervalo e não posso liberá-lo sem a

autorização dos seus pais, - Disse Geovane.

- Eu nunca quebrei nenhuma regra, só estou pedindo para sair um pouco mais cedo.

- Qual o motivo? - Questionou o homem desconfiado.

- Surgiu um contratempo e preciso voltar para casa, por favor.

- Sinto muito, minha resposta final é não.

- Ora, ora, mas não é o nosso aluno mais brilhante? - Falou uma voz atrás do

menino, Ao girar o corpo Héktor notou quem era.

- Diretor Ivan, como vai o senhor?

- Estou ótimo garoto, tudo certo no núcleo de tecnologia da universidade?

- Está ótima, a propósito estava pedindo para o sr. Geovane permissão

para sair mais cedo.

- Por qual motivo seria meu jovem brilhante? - Perguntou o homem sorridente.

O menino então abriu a mala e mostrou o que tinha dentro.

- Preciso ir na universidade para informar algumas coisas.

- Bem, nesse caso podemos abrir uma exceção Geovane, afinal de contas

Héktor já poderia estar formado se quisesse.

- Obrigado senhor, - Agradeceu o menino e rapidamente atravessou o

pavilhão de entrada, Geovane abriu o portão com uma expressão de poucos

amigos. Agora Héktor precisava pensar o que ia fazer, não gostava de

mentir e por isso precisava mudar seus planos de voltar para casa. Pegou

o celular do bolso e chamou um Uber, o carro particular demoraria dois

minutos para chegar, encostou-se na parede da escola e ficou olhando distraído as

pessoas passando pela rua, Deu um pulo quando alguém falou:

- Maluco ou não você é meu amigo e não vou te deixar sozinho.

- Como conseguiu sair da escola?

- A, foi fácil - Explicou Tiago, - Só disse que precisava te entregar um

caderno importante do trabalho.

Um carro preto estacionou na frente da escola.

- Vamos, é o Uber que chamei - Informou Héktor caminhando na direção do veículo.

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Nota do autor:

Olá leitor(a), este conto está

completo e pronto para a publicação. Se alguma editora desejar publicá-lo

estou aberto para negociações, basta entrar em contato que

conversaremos.

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Rhaniel Farias
Enviado por Rhaniel Farias em 14/02/2019
Reeditado em 14/02/2019
Código do texto: T6574355
Classificação de conteúdo: seguro
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