Brasil 2048 - Parte II

- Estou em frente ao Congresso Nacional, logo na entrada tem uma placa escrita: SEJA BEM VINDO A REPÚBLICA CORPORATIVA BRASIL S/A

- Ahn?

- Ande um pouco mais a frente - disse Henrique.

- Fiz como o Senhor mandou e agora?

- Olhe para cima e me diga o que você está vendo

- Estou vendo um símbolo do banco TMDB ao lado da bandeira nacional, mas o que é isso? - indagou Davi.

- É o "partido" que agora está no poder - respondeu Henrique.

- O quê!? - Me explique melhor isso.

- Davi, lembre-se de que você está no futuro, portanto, esqueça de toda forma de organização política, econômica, social, cultural que você conhece até hoje, porque na época em que você se encontra já não existe mais. As coisas no futuro serão muito diferentes.

Sobre o que aconteceu não são mais os três poderes que decidem os rumos da nação, mas sim as grandes corporações, pois no período de trinta anos aproximadamente, o poder delas estará consolidado.

Todas as barreiras que as impediam serão removidas. Não existirão mais limites para o lucro.

- Pelo que eu sei o TMDB é uma empresa e não um partido político - respondeu Davi.

- Em 2048, as corporações serão o que elas bem entenderem e farão o que bem desejarem - disse Lucas.

- Os partidos políticos como você conhece deram lugar as corporações - disse Henrique.

- Mas as doações empresariais foram proibidas em 2016, como isso pode acontecer? - indagou Davi

Henrique respondeu:

- Embora as doações empresariais foram proibidas pela justiça, ela não disse nada ou melhor dizendo, não havia nenhuma lei que proibisse as empresas de se organizarem em partidos políticos.

Foi a abertura necessária que precisaram para começarem a agir imediatamente.

- O que disse a justiça a respeito do assunto?

Embora alguns grupos entraram na justiça, o caso foi parar na instância máxima, onde a corte decidiu dar parecer favorável as empresas, permitindo que até empresas multinacionais pudessem organizar partidos políticos no Brasil se assim desejarem.

Vou te mostrar uma coisa, só um segundo - disse Henrique.

- Está vendo? - perguntou o Doutor

- Sim - respondeu Davi.

- Como "recompensa" ganharam cargo vitalício e vida "eterna", ou seja, foi desenvolvido um aparelho reprodutor de clone. Uma pessoa vive no máximo 100 anos, após esse período, é inevitável sua falência, porém, com esse aparelho, é possível fazer um clone a partir dos restos mortais da pessoa. Não é preciso dizer qual o interesse em dar em esse "presente", estou certo?

- Sim, já sabemos o motivo - responde o voluntário.

- Mas e os partidos políticos, que até então detinham o monopólio da política, como reagiram?

- A grande maioria deles foram anexados as corporações, principalmente as grandes legendas. Os pequenos e médios partidos, vendo que não poderiam concorrer com eles, resolveram se auto-extinguir. Os que tentaram resistir foram engolidos.

- Resumo da ópera: pouco a pouco foram ganhando espaço.

- Acabou a viagem? - pergunta Davi.

- Acabou de começar! Espera aí que tem mais, deixa eu só deslizar o dedo para a direita e pronto.

Link para Parte I da história:

https://www.recantodasletras.com.br/contosdeficcaocientifica/7340312