✡ CEMITÉRIO LUNAR

✡ ✡ ✡ ( ficção científica + horror )

A funerária Celesta Space oferece o funeral espacial para seus clientes. O rito fúnebre dos falecidos insinerados, ou seja, as cinzas são colocadas em cápsulas metálicas e lançadas no espaço adaptadas num foguete, que ficam circundando a Terra, ou são mandados pra Lua, em direção das estrelas, ou então ficam à deriva no espaço, que depois se desintegram formando estrelas cadentes.

Para religiões que discordam e não permitem a cremação, são colocados apenas o osso do crâneo, ou pequenos outros como das mãos ou pés, nos invólucros, enviados em satélites, sondas lunares, que flutuam perambulando pela via láctea, se juntando e se aglomerando com o lixo espacial. Eis que muitas cápsulas passaram a se chocarem com outros objetos, deixando livres crâneos e ossamentas suspensos na atmosfera, formando assim uma macabra estrada de ossos flutuantes ao redor do planeta, misturados na neblina escura ocasionada pela acumulação das cinzas dos mortos libertadas das urnas.

Como nem todos invólucros se desintegram imediatamente nem viram estrelas cadentes, passou a acontecer inesperadamente uma espécie de chuva de ossos em certos lugares.

O vilarejo Varzin era procurado pelos turistas, por ser rodeado pela natureza e possuir belas praias.

Durante a noite uma chuva de ossos atingiu o lugarejo, danificando telhados, vidraças, carros e cobrindo as ruas. Haviam ossos pendurados e enroscados pelos galhos das árvores, nas águas das praias boiavam centenas de crâneos sorridentes, num cenário horripilante. Pescadores resgatavam os ossos com seus barcos e amontoavam na praia.

Um escultor decidiu recolher as ossamentas e aproveitar para construir uma capela. Ele juntou a ossaria em forma de uma pirâmide com um portal de caveiras faciais, no alto um grande sino de ventos com ossos tilintantes. O monumento tornou-se atrativo para empresas cinematográficas, sendo a capela dos ossos usada para rodar cenas de filmes do gênero de horror.

Logo iniciaram na cidadezinha pacata, os boatos sobre assombrações, aparições fantasmagóricas e almas penadas, dos mortos que retornaram para buscar seus ossos, vagando e assombrando o lugar. Um espectro maligno, vulto cadavérico e sombrio, vestido de preto, andava silenciosamente pelas ruas durante a noite. Os moradores supersticiosos deixavam uma vela acesa na frente da porta das casas, crucifixos, vassouras viradas, espalhavam sal, dentes de alho, para desviar e afastar o tal ser infernal. . .

♥ segue no cap.2

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