LIMIAR DA HUMANIDADE - CAP - 32 - 33 - 34

CAPÍTULO 32

Partindo de Iporanga uma frota de caças se lança ao espaço, o objetivo é interceptar as naves Nuu que se aproximam, mesmo sabendo que são somente a linha de frente da frota inimiga a estratégia ditada por Ômega é de confrontar o mais rápido possível. O combate espacial servirá para a IA processar dados que podem fazer diferença quando da chegada da frota principal. Alisson acompanha com certo nervosismo o encontro das frotas que se dá nas imediações da lua Europa que circula em torno de Júpiter. As 200 naves Nuu são pegas de surpresa pelos 70 caças da ancestral raça dos assim denominados Construtores.

Confiando em sua vantagem numérica as naves Nuu se lançam sem muita organização para cima dos atacantes. Mas, sob controle direto de Ômega, a frota dos Construtores organiza-se de forma a não deixar os invasores conseguirem tirar vantagem de sua vantagem numérica.

Logo nos primeiros minutos do combate se nota claramente que a frota da Terra possui armas e defesas melhores que os atacantes. Em pouco mais de 20 minutos a frota Nuu sofre pesadas baixas, cerca de 150 de seus caças são destruídos, enquanto os defensores computam apenas 10 unidades perdidas.

- Alisson, nossas naves conseguiram uma importante vitória.

- Ótimo Ômega, não destrua toda a frota, deixe que aqueles que ainda estejam aptos a voar voltem para seu povo. Quem sabe ao perceberem que seu armamento e suas defesas são inferiores eles desistem.

- A probabilidade deste acontecimento é de apenas 18,5678%. Os invasores, mesmo sabendo de sua inferioridade técnica são numericamente muito superiores àquilo que podemos opor.

- Ômega, se o restante da frota bater em retirada envie um caça no encalço, e tente contato com essa raça.

- Assim será feito.

O restante dos caças Nuu começam a bater em retirada, e não se percebe que um caça inimigo os acompanha.

- Ômega, se o caça conseguir chegar até as imediações da frota principal do inimigo colete todos os dados possíveis e tente contato. Se eles responderem me avise. Outra coisa, eu preciso falar com o Clayton.

- Suas ordens serão executadas.

Alisson se recolhe aos seus aposentos, afinal já está sem repousar há mais de 40 horas.

Clayton ainda está na casa de seus pais em São Bernardo do Campo. A conversa com os pais e irmãos foi longa, com muitos questionamentos e dúvidas que obviamente foram levantadas. Com calma o jovem explicou tudo que lhe foi solicitado. Os pais ainda não haviam chegado a uma decisão, o rapaz esperava que eles o seguissem até a base de Iporanga. Ele sabia que a invasão alienígena provocaria combates violentos entre as forças de defesa da Terra e os invasores. Ele sabia que Ômega faria o possível para que a população civil sofresse o menor dano possível, mas como a força de combate do inimigo ainda era desconhecida o risco era enorme.

Repentinamente um holograma aparece em seu quarto, o que parecia um ser humano olhou fixamente para o ponto em que Clayton se encontrava.

- Alisson está querendo contato. Completo a hololigação?

Clayton, mesmo com o treinamento a que foi submetido ainda se espantava com a capacidade tecnológica de Ômega.

- Sim, complete a hololigação.

Em segundos um rosto cansado substituiu a projeção holográfica de Ômega, era Alisson despertado que foi para atender a ligação que ele mesmo solicitou.

CAPÍTULO 33

-... então seus pais ainda não se decidiram? Eu também preciso falar com os meus. Já entrou em contato com a Samara?

- Putz cara, ainda não. Ela deve estar doida com todo esse alvoroço da mídia. Mas vou aproveitar que estou aqui e já falo com ela e seus pais. Sei que há alojamentos aí na base, peça para Ômega deixar alguns deles prontos para receber nossos parentes.

- Pode deixar. Bem, o Ômega fez algumas conclusões sobre os invasores. Acho que é bom você conhecer nossos inimigos. Saiba que a coisa não vai ser fácil.

- E quando foi?

A imagem de Alisson é substituída pelo avatar de Ômega, que começa a relatar os resultados de suas conclusões acerca do inimigo que se avizinha da Terra.

- Poderoso, a frota de batedores voltou antes do esperado. Houve confronto com naves vindas do planeta ao qual nos dirigimos.

O silêncio impera por alguns segundos, enquanto o Tham do povo Nuu processa mentalmente essa informação.

- Manum, o que é isso? Pelas suas informações o povo do planeta não tem tecnologia espacial.

- Oh Poderoso, não sei o que falar. Eu convivi com esse povo no limiar de seu desenvolvimento. Posteriormente fiquei em êxtase e só fui acordado milênios depois. Antes de me dirigir para a base que construí na lua daquele mundo pude processar milhares de dados. O melhor armamento que esse povo dispõe são ogivas termonucleares. Acredito que nossos escudos energéticos podem resistir a esse tipo de armamento. Agora naves? Eles recém começaram a explorar o seu sistema planetário.

- Poderoso, há uma transmissão vinda de uma nave inimiga que se encontra nas proximidades.

- Como eles chegaram até aqui?

- Devem ter seguido nossos batedores após o confronto.

- Estabeleça a ligação.

- Assim será feito oh Poderoso Tham.

Um avatar holográfico se forma no centro da sala de comando da nave capitânia da frota Nuu. Alguns segundos se passam até que os tradutores tanto do transmissor quanto do receptor consigam efetuar a correta tradução entre os idiomas.

O avatar holográfico é o primeiro a se pronunciar.

- Sou Ômega, a IA dos Construtores. Informo a vocês que o planeta que pretendem invadir, a Terra, está sob a proteção de meus projetistas. Temos meios de evitar sua invasão e muitas mortes entre os de seu povo podem advir em um eventual conflito entre os nossos povos. Sendo assim os descendentes solicitam que parem o avanço na direção da Terra, se quiserem eles se oferecem para uma reunião de cúpula de forma que evitemos guerra. Preciso saber de vossa decisão.

Tham Varghyes, o Poderoso, o atual detentor do título de Tham do povo Nuu fica abismado com a audácia do avatar. Quem aqueles seres pensam ser para falar dessa maneira com o legítimo representante de um povo, que em tempos idos, governou um império estelar com cerca de 750 mundos e mais de 4.000 luas?

- Não sei quem são esses Construtores, mas só aceito uma cúpula se for para formalizar a rendição de seu mundo. Seremos tolerantes com seu povo, talvez autorizemos que alguns fiquem em seu mundo, aqueles que não aceitarem viver sob nosso jugo podem se mudar para outros planetas. Dou um prazo de cinco, dos seus dias para que aceitem nossa condição. Caso contrário vamos exterminar seu povo e nos apossar de seu mundo da mesma forma.

- Meus mestres serão informados de vossa decisão.

CAPÍTULO 34

Ozim Khadaf se encontra em seu escritório, a pouco falou com as altas autoridades de seu país que ao fim de uma acalorada discussão acabaram concordando com as atitudes e decisões de seu experiente embaixador. Ele ainda está um pouco surpreso, pois a ONU delegou a ele poderes especiais, sendo nomeado interlocutor junto aos brasileiros.

Ele olha sua mesa, como sempre atulhada de papéis que necessitam de sua atenção e solta um sorriso forçado. Em sua mente a certeza de que vai demorar um tempo até que tenha tempo suficiente para voltar a seus afazeres. Agora ele tem muito que fazer. O destino da humanidade depende em parte de seus atos. Ele ainda carrega consigo uma pequena dúvida se tudo aquilo que o brasileiro falou corresponde à verdade. Sempre duvidou da existência de alienígenas, e jamais passou em sua mente que a Terra poderia ser vítima de um ataque. Mas a verdade era outra. Ele pede a sua secretária que inicie uma série de ligações que vai conectá-lo com muitas autoridades em âmbito mundial. Com a delegação efetuada pela ONU sabe que suas necessidades serão prontamente atendidas. Ele se pergunta se conseguirá dar conta desta enorme responsabilidade. Sem querer olha para o pequeno comunicador que recebeu do brasileiro e fica tentado a ligar, mas desiste, afinal antes de tudo ele precisa organizar as autoridades mundiais de forma que todas as forças armadas dos países do mundo estejam trabalhando como uma só organização. O tempo é curto, isso Ozim sabe, mas não há alternativas.

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Uma pequena nave se lança no negrume do espaço direto da nave capitânia da frota Nuu. A bordo Manum Mad, o Nuu que durante milênios ficou na Terra. Sua missão é espionar as defesas do planeta ao qual a frota se dirige. Seu Tham o incumbiu desta tarefa e aguarda ansioso pelo resultado, a frota Nuu está estacionada ao redor do nono planeta do sistema solar, aguardando a chegada de todas as unidades dispersas. Manum sofre, seu povo, outrora poderoso, dono de um império com mais de 700 planetas e 4000 luas hoje se encontra espalhado pelo cosmos, vivendo em naves, sem ter um mundo ao qual possam chamar de seu. Esse planeta pode ser a última esperança de seu povo. Mas para isso eles precisam conquistá-lo. E diferente do que pensou no início a tarefa não iria ser tão fácil.

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- Meus sensores indicam a aproximação de uma pequena nave do inimigo. No presente momento está passando pelo cinturão de asteroides e cometas que se interpõe entre Júpiter e Marte.

- Só uma nave?

- Sim, devem estar à procura de informações acerca de nossas defesas.

- Podemos capturar essa nave? Acredito que se pudermos conversar com esses seres possamos evitar um conflito bélico.

- Posso equipar algumas naves com robôs de combate. Se a cercarmos com raios tratores podemos capturar a mesma.

- Implemente. – Alisson solta um suspiro cansado, e fica no aguardo de que Ômega faça a sua parte. O destino da humanidade pode depender daquilo que advir da captura da nave e de seu ou seus tripulantes.