Homem - Cobra (Parte 2)

Roger Nascimento voltou a consciência mais uma vez. Por uma segunda vez ficou adormecido, e não sabia por quanto tempo ficara assim. Dessa vez, ali deitado com braços e pernas amarrados, naquele cômodo escuro notou uma coisa, se sentia muito bem disposto. A única coisa que o incomodava era uma fome enorme, mas tirando isso, estava muito bem disposto.

Pelo que notou também, estava sozinho naquele lugar. Não sentia a presença daquele velho de jaleco branco. Como era mesmo o nome daquele velho maluco? Fez força para se lembrar e... ah sim, Geraldo Ambrósio.

Roger precisava sair daquele local. Precisava sair daquela cama onde estava preso. Começou então a fazer força, na esperança de arrebentar aquelas amarras e fugir. Ele nunca havia se sentido tão forte em toda sua vida, e, com o tempo, fazendo força, notou que aquelas amarras começaram a ceder.

Após um momento se debatendo na cama, eis que conseguiu se soltar e logo estava livre. Puxou os tubos que estavam ligados ao seu pulso direito. Levantou, tirou o cobertor que tinha sobre o corpo e olhou para baixo, estava completamente nu. Andou pelo cômodo a procura de algo para se vestir. Conseguia sentir seu cheiro de uma forma apurada. Era como se pudesse farejar. Seguiu o cheiro até uma salinha simples ao lado e encontrou, jogadas no chão, as suas roupas. Apenas suas roupas, mas sem sinal de sua arma de caça. Estavam ali sua camisa preta, sua calça camuflada e suas botas. Vestiu-se rapidamente e notou que no cômodo onde ficava a cama havia um espelho na parede. Foi logo em direção a ele.

A imagem refletida no espelho não o agradou. Seus olhos estavam diferentes, com as pupilas em formato de fenda em vez de redondas, as orelhas pareciam não existir mais, a pele estava coberta de escamas e ao colocar a língua para fora, notou que ela tinha o formato de uma língua de réptil.

Neste momento ouviu o barulho de um carro chegando e parando do lado de fora. Roger se agachou atrás da cama e ficou esperando para atacar se preciso.

De repente entrou no ambiente Geraldo Ambrósio que, ao notar que Roger não estava mais deitado na cama, tirou uma arma da cintura. Roger se levantou e então Geraldo apontou a arma para ele e começou a atirar.

Roger desviou do primeiro disparo pulando para a direita de forma sobre-humana e avançando, depois desviou do segundo disparo pulando para a esquerda e avançando. Desviou do terceiro disparo pulando novamente para a direita com uma agilidade fora do normal e então conseguiu chegar próximo o suficiente de Geraldo para lhe dar um tapa na mão que segurava o revolver, fazendo-o soltar a arma.

Roger, com as duas mãos em formato de garra, segurou o pescoço de Geraldo e começou a apertar com força enquanto dizia:

— O que você fez comigo, seu maluco?! Você me transformou num monstro!

Por mais que Geraldo tentasse responder, não conseguia falar nada. Só conseguia se debater enquanto sua face ficava avermelhada até que seus olhos ficaram parados, sua cabeça tombou para o lado esquerdo e o corpo ficou imóvel.

Roger soltou o corpo do velho que caiu no chão fazendo um barulho seco. Ele então pegou no a arma do velho e colocou na cintura. Checou os bolsos de Geraldo onde encontrou a chave do carro. Pegou-a e guardou no bolso de sua calça camuflada.

O homem que lembrava um réptil agora tinha duas necessidades: fugir daquele lugar para sua casa e matar a imensa fome que sentia. Entre as duas coisas decidiu matar a fome primeiro.

Ao sair para fora do pequeno cômodo duplo puxou o ar com força e sentiu um cheiro que lhe chamou a atenção e abriu seu apetite: porcos e galinhas. Não estavam muito longe. Parecia ter uma fazenda ali por perto. Então decidiu, iria até a fazenda, onde mataria a fome e, depois voltaria e fugiria no carro de Geraldo Ambrósio.

CONTINUA...

Higor Santos
Enviado por Higor Santos em 10/11/2022
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