" CAFÉ COM CRIME"
A neblina ainda é forte quando a barca de passageiros chega à seu ponto de atracação e uma enxurrada de pessoas saem desordenadamente para mais um dia de trabalho.
Algumas bicicletas em disparada quase atropelam Djalma, que distraído pelo atraso, atravessa sem observar o movimento crescente na rua do comércio.
No café paulista, alguns clientes já se debruçam no balcão e esperam seu pedido com a impaciência dos que odeiam a segunda feira.
djalma chega e coloca-se ao lado da cafeteira fumegante, olha para o relógio na parede.Franzi a testa num sinal explicito de desaprovação.
Mas tudo bem, pensa, A noite valeu a pena.
Pede um café enquanto pensa na noite de aventura que acabou de viver.Uma mulher desconhecida, uma estranha que lhe proporcionou horas de prazer e que provavelmente nunca mais ele irá ver novamente.
São essas situações que fazem o trabalho de taxista uma atividade nem sempre rentável, mas muitas vezes emocionante.
Pede novamente o café que ainda não chegou e nem repara o homem que acaba de chegar ao seu lado com uma bolsa em uma das mãos.
Olha para Djalma como se tentasse não cometer nenhuma injustiça, e então saca a pistola e dispara cinco vezes.
O corpo desaba pesadamente no piso quadriculado, gerando uma movimentação de pessoas que buscam a saída mais próxima.
No balcão ainda falta um pedido, mas pode cancelar. Defunto não toma café.