Proposta tentadora

Uma das coisas que impulsiona o imaginário de vários homens, segundo uma seqüência de afirmações coincididas, ditas num local qualquer do mundo, é a imagem de duas mulheres interagindo sexualmente, assim como participar de tal interação. O dito popular muitas vezes se espalha e força os de personalidade mais fraca a acatar certas idéias, mesmo se elas não condigam totalmente com suas vontades. Sendo o mundo cercado de pessoas receosas quanto a sua própria imagem, no que tange a homens preocupados em demonstrar virilidade, muitos exageram nas demonstrações a ponto de ter sua integridade física ameaçada em nome da masculinidade, assim como a história contada a seguir...

Em certo dia muito frio, o vapor exalava da cavidade bucal das pessoas e Jonas, sentado na cadeira, atrás do balcão da loja onde trabalha, observava o fato distraidamente. A movimentação transcorria normalmente, como em qualquer outra cidade, com todos os tipos de pessoas caminhando pelas calçadas com ar importante de quem vai resolver algo grandioso. Olhando rapidamente, tinha-se a impressão de que todos seriam super-heróis prestes a salvar o planeta, repletos de suas idéias particulares sobre a salvação do mundo, o qual seria formado pela quantidade ou pela importância que tentam demonstrar em suas atividades.

Inerte a qualquer chamado, Jonas estava perdido em divagações mentais, tentando, ao menos mentalmente, fugir do tédio em que consistia ser mal-pago para aturar as centenas de clientes rudes e pedantes, sempre a tratá-lo com ar de superioridade, passando pelo pequeno espaço da loja de tecidos diariamente, apenas enganando-se sobre sua chula posição cultural, tal que, normalmente, era açambarcada por uma medíocre, porém enganadora, imagem social.

O ponteiro das horas grudava na metade do percurso até o fim do horário a ser cumprido no trabalho e Jonas tinha sua observação distraída interrompida. Uma entre todas as bocas ambulantes chamara-lhe a atenção. O vapor esbranquiçado tinha sua nascente numa brilhante fenda de bordas vermelhas, contrastando com a face cuidadosamente branca que emoldurava tal boca. O rapaz via-se despertado de suas reclamações mentais, transformando sua inércia em estranha e repentina euforia quando visualizava a dona de lábios tão belos entrar na loja. Levantando-se rapidamente de seu assento, o rapaz manteve a feição típica de quem deseja inspirar receptividade no comércio. Inquirindo-a sobre como ele poderia ajudá-la, teve poucas explicações a respeito da necessidade de matéria-prima para um vestido novo, começando a exercer sua função exibindo peças da mercadoria. Das prateleiras, eram desenrolados metros aparentemente infindáveis de pano, seguidos de perguntas e repostas sobre preferências e preços. Num dado momento, a moça se entreteve com duas opções, observando-as reflexiva e silenciosamente por alguns segundos, ao passo que o rapaz a acompanhava na mudez, notando a pequena extensão tatuada no pescoço da compradora. Jonas viu-se embaraçado com o repentino comentário da jovem, dizendo ser “Lívia”, o nome tatuado em seu pescoço com letras finas e trabalhadas, o nome de outra pessoa e não o dela. Com um contido sorriso de desconserto, o rapaz sentia-se atabalhoado por ela ter notado a fixação com que olhou para seu pescoço, mesmo estando com os olhos fixos nos longos tecidos que analisava com fins de escolha.

Continua em outra publicação...

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Estou cansado demais para materializar em palavras o que imagino como sendo a continuação, mas em breve publicarei.

Rafael S P Valle
Enviado por Rafael S P Valle em 22/06/2008
Reeditado em 04/07/2008
Código do texto: T1045633
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