Máscaras da morte

George Luiz - Máscaras da morte

Daniel viu, horrorizado, o homem vestido de negro preparar seus instrumen- tos. Um deles era uma faca longa, larga e afiada. Parecia mais um cutelo de açougueiro. Sobre o fogão, uma panela de alumínio continha alguma coisa que fervia, exalava um cheiro intenso. Com sua boca fortemente amordaça- da, Daniel não podia emitir um som sequer, mas seu olfato reconheceu o cheiro da substancia que fervia. Era cera. O homem de negro apagou o gás da boca onde estava a panela e esperou. Aos poucos, a cera que começava a esfriar atingiu o ponto que o homem queria. Então ele tomou a panela em uma de suas mãos e dirigiu-se para sua vítima.

Na delegacia de homicídios, o clima era de agitação naquela manhã. O ins- petor Gonçalves acabara de interrogar um suspeito. Eram onze horas e ele se lembrou de que ainda não encomendara ao restaurante, o almoço de seu chefe. O que era mesmo que o delegado Afrânio queria comer ? Ah, sim ele queria almoçar língua ao molho madeira com purê de batatas e ervilhas. O inspetor fez o pedido por telefone para ser entregue ao meio dia. Depois foi à sala do chefe. Este parecia absorto na leitura de um livro que, aparente-mente, tratava de técnicas de escultura.

- E aí, chefe, está estudando para realizar uma obra de arte ?

- Obra de arte será o que farei com você se meu almoço atrasar outra vez hoje...

- Espere aí, chefe. O almoço de ontem atrasou mas não foi por culpa mi-nha. O homem do restaurante se enganou e mandou o prato errado.

- Está bem, Gonçalves, vou acreditar em você esta vez.

O inspetor riu-se calmamente . Conhecia muito bem aquele homem com quem já trabalhava há alguns anos. E tinha por ele uma amizade muito gran-de. Habituara-se ao seu senso de humor quase britânico. Por trás daquela severidade aparente estava um caráter generoso e uma bondade intrínseca.

Além disso, o delegado de homicídios tinha uma capacidade quase incrível de analisar dados e situações e desvendar alguns crimes de difícil solução.

- Me conte o que está lendo nesse livro, chefe.

- Ah, estou lendo um capítulo sobre máscaras mortuárias. Feitas com cera, Gonçalves. Isso lhe diz alguma coisa ?

- Claro que sim, doutor Afrânio ! É o que anda fazendo esse assassino que degola suas vítimas.

- Exatamente, Gonçalves. Só que as máscaras mortuárias são feitas usando-se cera aplicada nos rostos de pessoas mortas. Já no caso do nosso simpático assassino...

- Chefe, o senhor quer dizer que o cara faz as máscaras com a vítima ainda viva...

- Isso mesmo, Gonçalves. Imagine a dor da aplicação da cera quente so-bre a pele dos rosto.

- Que monstro, doutor Afrânio ! Temos que por um fim nos crimes dessa fera. Não temos uma única pista até agora.

- Ah, mas vamos ter com certeza. Esses assassinos acabam cometen- do algum erro e aí...

- Seria algum açougueiro ou estudante de medicina, chefe ? A perfeição com que ele degolou esses dois pobres homens...

- O meu palpite é outro, Gonçalves. Acho que o criminoso conhece ana-tomia, sim, mas deve ter estudado essa ciência com outro objetivo.

- Que objetivo, chefe ?

- Alguma coisa me faz supor que o assassino é um escultor mal sucedi-do, um artista fracassado.

- E como vamos descobri-lo ?

- Com paciência e persistência, Gonçalves. Não temos outro caminho.

O tempo passava inexoravelmente. Em meio às dezenas de investigações que aconteciam na delegacia de homicídios, o caso das máscaras mortuá-rias estava meio esquecido. Mas no início de junho, uma nova vítima foi en-contrada. Como nas duas vezes anteriores o homem degolado com sua más-cara mortuária junto ao pescoço, estava em sua própria residência. E o cor-po foi novamente achado por causa do mau odor que começara a exalar. O síndico do edifício onde morava a vítima, compareceu à delegacia de homi-cidios para conversar com o delegado. Tratava-se de um militar reformado, o que certamente ajudou em sua conversa com o delegado Afrânio.

- Sim, doutor Afrânio. A vítima era um homem tranqüilo, um solteirão. Trabalhava na prefeitura. Talvez por isso sua ausência do serviço não tenha sido notada imediatamente. Na repartição devem ter achado que ele estava doente, que logo reapareceria.

- E no edifício, major, ninguém deu pela sua ausência ?

- Bem, o porteiro principal achou que ele tinha viajado. Porque sendo sozinho não precisaria levar muita bagagem.

- Mas e o carro dele ? Permaneceu na garagem, não é ?

- Sim, mas há dois anos atrás ele viajou para uma estação de águas, em Minas e não levou seu carro. Assim, o pessoal da nossa portaria pen-sou que ele tivesse feito a mesma coisa.

- Me diga uma coisa, Major, o senhor sabe se a vítima gostava de arte ?

- Não, francamente não sei. Por que o senhor me fez essa pergunta ?

- Ah, não se preocupe. É que tenho um palpite, quase uma teoria, sobre a possível identidade desse assassino. Como também acho que nos três casos registrados até agora, a própria vítima foi quem introduziu o matador em sua própria casa.

- Sim, doutor Afrânio, mas como teria ele saído depois de praticar o ho-micidio, sem ser visto por alguém ?

- É uma boa pergunta. Mas no caso desse assassinato em particular a-cho que ele deve ter pego as chaves da vítima e saído pela garagem.

- De fato, o crime tendo sido executado durante a noite, isso não é uma hipótese absurda. Nosso edifício só dispõe de um porteiro noturno e e-le fica na portaria o período todo. O senhor terá uma tarefa difícil para prender esse miserável.

- Com certeza, major, mas lembre-se que todo criminoso acaba por co-meter um erro, por mais inteligente que seja. E se não fosse assim, a metade, pelo menos, de nossos esforços seriam em vão. Nunca chega-riamos a resolver muitos dos homicídios que investigamos. E com o novo sistema de garantir o anonimato de quem faz denúncias pelo te- lefone principalmente, a participação do cidadão comum aumentou em número, significativamente.

- Bem, delegado, espero que eu tenha contribuído, mesmo com minhas poucas informações para que o senhor resolva o caso.

- Certamente que sim. Agradeço a presteza com que o senhor veio aqui.

- Era meu dever, doutor Afrânio, não me agradeça.

Sem saber exatamente a quem procurar, o delegado de homicídios resolveu esperar por uma denúncia e para isso a secretaria de segurança pública in- vestiu em pequenos anúncios na imprensa jornalística, apelando às pessoas no sentido de fornecer informações sobre suspeitas, de qualquer tipo, sobre possíveis assassinos, mesmo sobre tipos estranhos que lhes parecessem assassinos em potencial. Isso provocou uma série de denúncia anônimas e todas se revelaram infrutíferas.

- E aí, chefe, parece que estamos num beco sem saída.

- Não desanime, Gonçalves. De repente, de onde menos se espera, a luz pode surgir.

- Ainda bem que o senhor é mais otimista que eu, chefe. E se esse maní-aco resolver achar que já matou o bastante e parar de agir ?

- Essa hipótese é remota, Gonçalves. Esses serial killers nunca se dão por inteiramente satisfeitos. Temos que aguardar sua próxima investi-da.

- Mas isso significa que ele matará mais alguém...

- Infelizmente é o mais provável. Mas ele acabará por cometer um erro.

Quando Teresa, mulher do delegado Afrânio Moreira, conheceu seu marido, este dedicava quase todo o seu tempo ao trabalho. Aos poucos, Teresa fora introduzindo pequenas modificações nesse modo de viver um tanto árido. E Afrânio, que na verdade tivera quando mais jovem interesses culturais di- versos, voltou a interessar-se por teatro,cinema, musica e outras manifesta-ções artísticas. Assim, foi com naturalidade que ele aceitou a sugestão dela para irem à inauguração de uma mostra de arte contemporânea. A noite es-tava agradável e eles estacionaram seu carro perto da galeria que realizava o evento.

- Querida, nesse grupo de artistas que está expondo aqui, há algum es-cultor ou escultora ?

- Curioso você me perguntar isso. Sempre achei que você se interessa mais por desenho e pintura.

- E é verdade, mas ultimamente venho me interessando por escultura também, especialmente por escultura realista.

- É mesmo ? Então estamos com sorte, pois há uma escultora no grupo e por coincidência ela trata a figura humana como tema principal de sua obra,

- Ótimo, quero conversar com ela.

O coquetel de inauguração estava chegando ao fim.Afrânio esperou com pa-ciencia que as salas da galeria esvaziassem e por fim aproximou-se da es- cultora. Sophia Alvarez era uma mulher ainda jovem vestida discretamente.

O delegado iniciou uma conversa com ela, ao lado de uma de suas obras.

- Estive observando seus trabalhos, senhora e notei a sua preocupação realista na criação e execução deles. A propósito. Esta é Teresa, minha mulher e também uma admiradora da boa arte.

- Tenho muito prazer em conhece-los. De fato, meu enfoque é esse. Como são esculturas de cães e cavalos, procuro representa-los como eles realmente são em vida.

- E consegue faze-lo muito bem , se me permite dize-lo.

- Obrigada. Acho que estiliza-los seria quase como deforma-los.

- Vejo que são esculpidos numa espécie de resina, não é ?

- Sim. Desenvolvi essa forma de resina para cria-los, porque, apesar de serem todos peças únicas, posso manter um preço acessível por eles, inferior aos do mármore e do bronze, por exemplo.

- Entendo. Sei que não se deve perguntar isso a um artista,mas, gosta- ria de ter uma idéia do tempo que leva para esculpi-los, não que o me-nor ou o maior tempo gasto tenha qualquer influencia sobre o valor de uma obra de arte.

- Que bom ouvi-lo dizer isso. Há muita gente que associa o tempo de execução de um quadro a óleo, por exemplo, ao mérito e ao preço que ele merece. No meu caso, há esculturas em que trabalho oito, dez, doze horas e outras que realizo em pouco mais de uma hora.

- E nunca se interessou em esculpir a figura humana ? Bustos ou cabe-ças por exemplo ?

- Bem, a não ser que a gente crie nus, figuras eróticas, esculpir bustos ou cabeças significa criar retratos e nesse caso ficaríamos limitados às raríssimas encomendas. Morreríamos de fome...

- E mascaras mortuárias ? A senhora as considera uma forma de arte ?

- A rigor não. São meras reproduções sem qualquer criatividade. É curi-oso que o senhor me pergunte isso .

- É mesmo ? Por que ?

- Porque atualmente esse tipo de trabalho praticamente não existe mais.

Até o início do século dezenove ainda eram muito usadas, principalmen- te quando morria alguma pessoa de grande importância, social ou cul – tural. Mas, hoje em dia... E contudo...

- Contudo ?

- Tive um colega na universidade que falava muito nisso. Não tinha talen-to, coitado e sempre repetia que sua única forma de esculpir com realis-mo seria fazendo máscaras mortuárias em cera e depois trasformando-as em esculturas em bronze.

- E ele chegou a fazer isso ?

- Acho que sim. Posso quase afirmar . Sei que ele costumava freqüentar inaugurações, mas não o vejo há bem uns dois anos.

- Que pena ! Gostaria de ouvir mais sobre suas teorias artísticas.

- Ora, posso lhe dar o nome dele e quem sabe o senhor o encontra ?

- Que gentileza sua, senhorita Alvarez. Meu marido adora pesquisar tudo que estiver ligado a artes plásticas.

- Gentileza alguma. Se quiserem vou anotar o nome dele para vocês, ago-ra mesmo.

- Obrigada, mas também quero seu autógrafo em um dos catálogos da ex-posição. Gostei tanto de suas obras que vou adquirir uma delas, o “Ca-valo se espojando”.

- Fico muito feliz com isso ! É uma de minhas peças favoritas.

Mais tarde, já em casa, o delegado Afrânio comentou com Teresa :

- Querida, você está se tornando uma perfeita investigadora criminal. Mas adquirir uma das esculturas não foi um pouquinho de exagero ? E se esse nome que Sophia Alvarez nos forneceu não conduzir a nada ?

- Não seja bobo, meu amor ! Eu ia adquiri-la de qualquer maneira. É uma escultura linda e vai ficar perfeita sobre a mesinha de mogno.

- Que mesinha de mogno ?

- A que você vai comprar para nós amanhã na loja do Alfredo. Já tenho o lugar perfeito para ela.

- Qual ! Vocês mulheres sempre inventando novidades...Mas não vou comprar a mesinha pessoalmente, ando ocupado demais. Vou lhe dar um cheque assinado e não preenchido e você mesma faz isso.

- Está bem, meu preguiçoso querido.

Na manhã seguinte,o delegado de homicídios confabulou com o inspetor Gon- çalves.

- Já ouviu falar em “tiro no escuro”, Gonçalves ?

- Sim, chefe, por que ?

- Porque vamos dar um deles. Olhe aqui este nome.

- Arlindo Travassos. Quem é ele, chefe ?

- Possivelmente nosso serial killer, Gonçalves.

- Espere aí, chefe ! De onde veio ao senhor esse nome ?

- Você já vai saber. Trate de acha-lo na lista telefônica. E se não o encon-trar, vamos ter que achar um meio de localiza-lo.

- É para já, chefe !

O nome de Arlindo constava da lista telefônica. Afrânio ligou para o mesmo, mas teve a decepção de saber que o titular do número já não era ele.

- Bem, Gonçalves, não vamos desistir facilmente. Verifique se há alguém com esse nome que tenha ficha policial e, em caso negativo, vamos pesquisar no IFP.

Não havia Arlindo Travassos com passagem pela policia, nem como testemu-nha de alguma ocorrência. Mas, no IFP, a sorte favoreceu os investigadores. Um homem com esse nome tinha pedido recentemente uma nova via de sua carteira de identidade por ter se extraviado a primeira. E ali estava seu ende-reço atual. O pedido era datado de dois meses e pouco antes. E o endereço correspondia realmente ao do escultor, que, a essa altura, tinha declarado no pedido de segunda via do documento, ser um professor de desenho.

Restava ao delegado Afrânio, saber como abordar o escultor fracassado sem, caso ele fosse realmente o homem que procuravam, despertar-lhe suspeitas.

- Temos que agir com muita cautela, Gonçalves.O homem pode, perfeita-mente ser inocente.

- Pode, doutor Afrânio. Mas, conhecendo o senhor como conheço, acho que, mais uma vez, o senhor deve ter acertado.

- Está me chamando de bruxo, Gonçalves ? Ou de vidente ?

- Não, chefe, mas já vi o senhor acertar tantas vezes...

Após pensar com cuidado, Afrânio decidiu optar por um tratamento de cho-que para o caso. Era uma decisão arrojada, mas , por que não tentar ? Primei-ro ele certificou-se de que o morador do endereço que obtivera no IFP era de fato o escultor mencionado por Sophia Alvarez. Isso feito ele procurou saber se o homem dava suas aulas de desenho em alguma escola. Negativo. Uma chamada telefônica para ele revelou que dava suas aulas em casa. Só havia um modo de falar com Arlindo Travassos, procurando-o em sua residência. A questão era, procurá-lo sob que pretexto ? O delegado de homicídios pensou em duas hipóteses: aulas de desenho ou inventar a morte de um parente muito próximo,um pai ou uma mãe e perguntar se ele faria a máscara mortuária ?

Só que, no caso da segunda hipótese, Afrânio teria que dizer como soubera que o homem era escultor e já fizera esse trabalho.

O inspetor Gonçalves estava bastante preocupado com o plano de seu chefe.

- Francamente, doutor Afrânio, acho muito arriscado o senhor ir falar com esse homem. Se for ele o assassino, o que poderá acontecer ? Quem co- meteu esses crimes já provou que é cruel, frio. Deixe-me ir com o se- nhor.

- Calma, Gonçalves. É apenas uma leve suspeita o que temos contra ele. É perfeitamente possível que ele não tenha nada a ver com os crimes.

- E se o senhor ligasse para essa Sophia, a escultora ?

- Bobagem, Gonçalves, você está se preocupando à toa. O efeito surpre-sa me protege no caso de ele ser o nosso homem. Temos que pegá-lo desprevenido.

- De qualquer jeito ficarei por perto, chefe. Se o senhor levar um apito pequeno mas de som bem forte eu ficarei mais tranqüilo.

- Um apito, não é ? Eu sopro e a cavalaria ianque me socorre na hora ...

Você anda assistindo muitos westerns, Gonçalves. Não ! O que nós va-

mos fazer é bem mais simples. O edifício em que Arlindo Travassos morava era antigo. Tinha apenas três andares com quatro apartamentos em cada um deles. Gonçalves e outro detetive da delegacia de homicídios estavam em vigília perto dele. Discre-tamente, para que não fossem percebidos. A rua tinha pouco movimento. A

pouco mais de três horas da tarde de uma quarta-feira, Arlindo saiu de ca-as e caminhou, a pé, até uma mercearia na esquina. Pelo celular, Gonçal-ves avisou seu chefe que estava estacionado a menos de trinta metros dali. Arlindo, vestindo jeans escuros e uma camisa preta de mangas compridas, saiu da mercearia com uma sacola de compras em uma das mãos e caminhou sem pressa em direção ao edifício. O delegado Afrânio, por sua vez, também caminhou pela calçada, mas na direção oposta à do escultor. Quando estava a um ou dois passos dele, o delegado fingiu tropeçar e de dentro de uma sacola de lona que carregava, como que por acidente, caiu, quase em cima do professor de desenho, alguma coisa que se parecia muito com uma cabeça humana. Uma cabeça envolta num pano branco, da qual escorria uma tinta vermelha que parecia sangue. Arlindo soltou um grito de horror . Com uma expressão de indiferença, o delegado Afrânio perguntou-lhe calmamente:

- Desculpe, é o senhor que esculpe máscaras mortuárias ?

Na sala do delegado Afrânio Moreira, titular da delegacia de homicídios, o inspetor Gonçalves conversava com seu chefe.

- Doutor Afrânio ! O senhor ainda me mata de susto ! De onde o senhor tirou a idéia de fazer uma cena daquelas ? Onde arranjou a cabeça ensangüentada ?

- Ensangüentada não, Gonçalves. Era apenas gouache diluído em água. E a cabeça era de um manequim,com uma peruca, arrumada por Sophia, uma escultora amiga nossa. Ficou bem artística, não acha ?

- Artística, chefe ? O senhor deixou esse criminoso quase fora de si ! Não consigo esquecer aquele momento.

- Bem, Gonçalves, o importante é que conseguimos a confissão desse as-sassino cruel. E as cabeças das suas três vítimas, estavam lá, no apar-tamento dele, embalsamadas e guardadas cuidadosamente numa arca.

- O senhor acha que o homem é um psicopata, chefe ?

- Isso não cabe a nós dois decidir, Gonçalves. Quer ele seja condenado ou declarado louco, o importante é que não vai matar mais ninguém. É quase uma hora da tarde, Gonçalves. Onde está o meu almoço ?

- Deve estar chegando aí, chefe. O homem do restaurante não queria a-creditar quando eu fiz o pedido. O senhor nunca tinha querido comer is-so antes.

- Sopa de cabeça de peixe?, ora,Gonçalves, não lhe parece de bom gosto

para comemorar nosso sucesso ? Sabe, vou lhe confidenciar uma coisa.

- Que coisa, chefe ?

- Bom, se eu tivesse mais tempo, talvez fizesse um curso de desenho e escultura. Você ainda não conhece Sophia Alvarez. Ela é uma pessoa encantadora!

George Luiz
Enviado por George Luiz em 04/07/2008
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