A noite incomum

Um dia desses eu estava em minha casa, quando minha avó, uma aposentada de setenta e três anos, me ligou para que fizesse companhia a ela.

Quando cheguei, estava ela com suas manias de Avó e a mesa preparada para tomarmos café.

(Sente-se aqui, pois vou lhe contar uma história).

Quando eu tinha meus quarenta e poucos anos, minha irmã Mila, que é cinco anos mais velha que eu, teve uma crise esquizofrênica, e acabou sendo internada em um sanatório. Tive então que posar em sua casa. Como minha filha, a Nina, ainda era criança, não podia deixá-la sozinha, então a levei comigo.

Naquela época as casas eram poucas, as árvores muitas; Morria de medo de ir para lá sozinha, imagina como eu estava me sentindo.Apenas lamparinas para iluminar.

Cheguei lá cheia de calafrios, era fim de tarde, tudo já estava quieto e sombrio. Para não colocar medo em Nina espalhei lamparinas pela casa toda. Tentava esconder minha inquietação, mal, mas tentava.

Quando já eram umas oito horas da noite nós estávamos com sono.

Peguei a Nina e fomos para um quarto, que a janela dava para o quintal. Não tivemos escolha, pois era o único quarto da casa.

Deitamos e deixamos o sono nos levar. Quando eu estava quase dormindo escutei ruídos e passos fora da casa. Abri os olhos e sentei assustada e para piorar a situação, Nina também estava acordada. Reparei assim que ela grudou em mim e perguntou o que tinha acontecido.

Disse para voltar logo a dormir, mas insistiu e permaneceu acordada.

Alguns minutos depois escutamos novamente barulho, só que desta vez mais alto e em frente à porta.

Eu logo peguei tudo que havia no quarto, cadeira, poltrona, cama e etc, pus tudo encostado na porta, impossibilitando qualquer um de entrar.

Passou meia hora e nenhum barulho mais ecoou.

_Quer saber acho que era mesmo um gato.

Resolvi tirar tudo da porta, sentei na cama e fiquei pensando.

_Nina quer saber vamos embora, acho que ficamos o tempo suficiente.

_Está bem. Responde Nina

Pegamos nossas coisas e saímos da casa. Assim que fechei o portão vi um vulto.

_Nina corre, não era gato, é assombração!

Gritei, peguei a Nina pelo braço e corri sem olhar para trás em direção à minha casa que ficava a uma boa distância de lá.

Nunca mais voltei.

Dizem até hoje que aquela casa é mal assombrada, atualmente está em ruínas e abandonada, localizada na cidade de Jaboticabal.

Minha Avó nunca mais voltou lá, nem para visitar sua irmã.

Acho que é por isso que minha Tia Avó tem problemas psicológicos.

Tudo coisa de doido.

Pamela Faria
Enviado por Pamela Faria em 26/10/2008
Reeditado em 21/04/2010
Código do texto: T1249387
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