Diário de um Assassino - Cap. I

22 de Agosto de 1888

Uma manhã como as outras. Não havia nada de diferente, muito menos de surpreendente em plena manhã de verão. As árvores começam a querer perder suas flores e logo suas folhas se tornarão amareladas. Tudo isso com a chegada do outono. Parecem cortesãs escolhendo a melhor e mais majestosa roupa para se oferecerem a seu Marajá.

Assim como as árvores, as prostitutas dessa selva de pedra ficam como desejam aqueles que conseguirem pagar mais. Não tem amor próprio, não querem romance. Só querem saber de dinheiro fácil, tendo como único esforço abrir as pernas. Talvez essa seja a única coisa que saibam fazer bem: deitar, abrir as pernas e atuar, fazendo os tolos rapazes acreditarem que são diferentes, que tem potencial onde mais querem e menos gostam de admitir o contrário.

Por isso que eu digo: não existe praga mais destrutiva nem um parasita tão letal quanto as meretrizes. Esse é o motivo que me faz crer que alguém tem que ser o encarregado de exterminá-las e como ninguém parece querer sujar as mãos para fazer isso, eu me proponho a fazer. Eu mais do ninguém conheço os labirintos de becos e travessas e posso facilmente encurralá-las, sem levantar suspeitas.

Tenho certeza que muitos irão me aplaudir de pé, mas outros não me aprovarão os métodos. Contudo sei que seu íntimo ficará mais aliviado de ter menos uma rapariga andando pelas ruas de Londres, menos uma para corromper as suas doces filhas.

Um novo justiceiro entrará nas ruas e não poderia ficar sem um uniforme. Mandei fazerem um novo terno preto, um grande sobretudo de camurça e uma bela cartola negra como a noite. Minha arma está preparada. Um punhal de dois gumes, 18 cm de aço cortante, consegue cortar a carne humana como papel. Tudo está planejado. Agora só preciso esperar para pegar todas elas despercebidas, quero me aproximar delas sem ser visto como uma ameaça. Quando perceberem que estão alimentando um lobo, essas ovelhas no cio já estarão destinadas a ter um fim trágico.

Só me falta o momento certo, e mais nada.

Luiz Devitte
Enviado por Luiz Devitte em 08/12/2008
Reeditado em 20/02/2010
Código do texto: T1325586
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