... Anoitece ...

Anoitece...

Por: Nina mel

E a casa onde Ana e Pérola se hospedam silencia, nenhum barulho se ouvia,

nada acontecia...

Mal sabiam elas que aquela casa se tornara assombrada.Em noites quentes ela adquiria vida e ouvia-se até a respiração ofegante , ruídos de passos, cadeiras que se mexiam , móveis eram arrastados pela casa,gritos desesperadores , as portas dos armários abriam e se fechavam sem que ninguém tocasse nelas , murmúrios as vezes várias vozes se confundiam e outras vezes não...mesmo quando inaudíveis eram sentidas suas manifestações.

Ana e Pérola estavam cansadas da viagem que faziam vinham do sul de Minas Gerais, indo para o Paraná, elas não sabiam nada sobre a casa. Pérola conhecia os donos atuais da casa,eram amigos delas e cederam a elas a estadia que necessitavam com café da manhã incluso.

Quem as recebera na casa , foi o funcionário mais antigo dela, o senhor Tenório de Albuquerque, que lhes explica que os funcionários da casa entravam as 6:30 da manhã, pontualmente faziam todo o serviço e preparativos em geral na casa mas iam embora as seis da tarde.

E era servido o café da manhã a partir das sete e meia, café completo e se quisessem almoçar tinham que avisá-lo para que tudo fosse feito a contento.

Tenório de Albuquerque era o porteiro,homem experiente , com uma paciência fora do comum, a honestidade em pessoa chegou ali e parou, ele era o único que morava na casa, e não se assustava com nada que acontecia, homem bom estava ali...

Ana e Pérola são encaminhadas a seus aposentos, no quarto em que ficariam existiam duas camas de solteiro ,um guarda roupa ,cômoda, do lado das camas abajures e uma mesinha onde podiam se ver um relógio e fotos de paisagem da época em que a casa fora construída;do lado direito via-se um pequeno banheiro onde se encontravam toalhas e toucas de banho,Tenório diz a elas que se precisarem era só tocar a sineta que estava em cima da cômoda,que ele viria ajudá-las no que fosse preciso,não precisam ter receio de nada nesta casa.Se ouvirem algo,podem ouvir ou se preferir me chamem.

As duas decidem tomar banho e depois de vestirem-se sentam e começam conversar pois o dia seguinte seria corrido.

Pérola diz a Ana:

--Você prestou atenção no Sr. Tenório , achei ele muito estranho...

Ana responde:

--Ele disse para não termos medo, achei estranho, mas tudo bem, deve ser normal da parte dele , se preocupar com as pessoas....- disse Ana

-- É deve ser – diz Pérola.

De repente uma pessoa questiona...:

-- Vocês vão para os lados do Paraná ...podem me fazer um favorzinho....

Ana e Perola se olham sem entender nada, como não vêem ninguém continuam a conversar...

Pérola, precisamos acordar cedo , por volta das sete horas.

--Sim precisamos, mas o que vamos fazer primeiro?

A voz repete :

-- Vocês vão para o Paraná?

As duas olham em todas as direções ,ninguém no quarto e continuam...

-- Precisamos procurar aqueles tecidos para que a Salete possa fazer as roupas com tempo.

Ana e Pérola, escutam uma cadeira ser arrastada para perto delas e a voz tose chamando a atenção.

Ana diz a Pérola:

-- Você ouviu isso? Escutou a tosse?

-- Sim ouvi,parece que não estamos sozinhas --as duas se aproximam quando a terceira voz fala...

-- VOCÊS NÃO TEM EDUCAÇÃO? QUANDO UMA PESSOA FALA . VOCÊS PRECISAM RESPONDER...NÃO SABEM DISSO ?...

As meninas se entreolham , não sabem o que fazer,e ficam paradas sem ação quando ouvem outra vez o barulho de uma cadeira ser arrastada até o meio das duas camas e dali a primeira voz volta a falar:

-- Meninas tenham calma,não lhes desejo nenhum mal...

Ana e Pérola não conseguem falar tamanho o susto...Ouvem-se barulho de arrastar outras coisas e de coisas caindo , abrir e fechar as janelas do quarto , as portas do armário...

-- Ana o que faremos, agora? – diz Pérola

-- Pérola, essa casa é muito estranha mesmo, você se lembra do que o porteiro disse ao chegarmos?

-- Vagamente - diz ela

-- Ele disse que não precisaríamos ter medo de nada e se escutássemos alguma coisa,poderíamos ouvir simplesmente ou chamá-lo caso fosse preciso.

-- Ana, agora me lembro , achei muito estranho o que disse, não tinha entendido na hora.

-- Mas o que vamos fazer? Diz Perola

Uma idéia- fala Ana.

A voz que falara bravo com as meninas ,neste momento diz apenas...

-- Ouçam o que se tem a dizer -- não tenham medo não as assustarei mais...

As meninas se abraçam e decidem escutar o que aquela voz tinha a dizer,também fazer o que,não podiam correr popis não adiantaria,dormir também não conseguiriam,com tudo isso acontecendo.

A primeira voz resolve falar outra vez...

-- Vocês estão indo para o Paraná?

-- Sim - respondem as duas ao mesmo tempo.

-- Vocês podem me fazer um favor?

-- Se estiver ao nosso alcance, sim.

-- Saí de minha cidade, deixando minha família lá, em Astorga, marido e filhas, quando cheguei aqui fiquei muito doente e faleci.Sinto o sofrimento de minha filha e marido eles nem sabem o que me aconteceu.

-- Nossa que triste – diz Ana

-- O que você quer que façamos? - diz Pérola.

-- Quero que vocês expliquem o que aconteceu comigo...vim aqui como vocês, atrás de tecidos,enxovais,queria eu mesma comprar o enxoval de minha filha,mas não deu certo e se não fossem os donos desta casa nem cuidados e enterro eu teria.

-- Digam que sempre os amei – e que guardei esse amor.Mas que eles precisam seguir com suas vidas.

-- Como você se chama? – diz Ana – E quem devemos procurar?

-- Meu nome é Patrícia Leite e vocês devem procurar minha filha : Isabel Cristina Soares Leite e falem com ela.

-- Isabel Cristina... - diz Pérola – não é ela que iremos ver, para encomendar os outros tecidos para Salete, Ana ?

Ana levanta-se e pega a sua agenda olha suas anotações e a surpresa se revela.

-- Patrícia – diz Ana –é exatamente tua filha que iremos ver lá no Paraná, ela trabalha com uma distribuidora de tecidos- que coisa- levaremos sim seu recado para ela,pode ficar tranqüila- diz Ana.

--Digam para ela que nunca me esqueci dela e de seu amor. E que vejo o quanto ela sofre e sente falta de mim.Mas que é preciso que deixe a vida seguir seu curso e que o que ela sente tem que ser repartido e que deve procurar ser tão feliz quanto eu fui e que seu pai deve aceitar que a morte é inevitável e saber que não escolhemos o dia nem a ora de partir.

A voz que deu bronca nas meninas avisa :

-- Tudo voltará ao silencio e podiam ficar tranqüilas que nada lhes acontecerá de desagradável a elas e se despede.

Patrícia diz ainda para as duas:

-- Reafirme o quanto os amei e que devem procurar ser felizes da melhor maneira possível...

-- Fique tranqüila, Patrícia ,estaremos seguindo para o Paraná, amanhã a noite e entregaremos seu recado.

-- Obrigada - diz Patrícia – agora posso ficar tranqüila boa noite para vocês duas e desaparece.

-- Ana precisamos escrever tudo isso para que não nos esqueçamos da promessa. – diz Pérola.

Elas marcam tudo em sua agenda, e decidem ir primeiro ao Paraná e depois na volta resolveriam as coisas em São Paulo os detalhes finais.

Dormem um sono tranqüilo, depois de toda a agitação daquela noite ,nenhum barulho até perto das oito horas da manhã ,quando uma das funcionárias a chamam para o café da manhã.

Acordam , dispostas e serenas,nem pareciam a mesma da noite anterior , depois de tudo o que passaram conversam com serenidade...se arrumam e descem para o café e lá encontram Tenório e avisam para ele que estarão indo para o Paraná e que deixariam parte da bagagem delas ali e se ele poderia guardar,que na volta ficariam mais uma ou duas noites.

-- Podem ir sossegadas que cuidarei de tudo. - diz ele

Depois do café sobem ,pegam o necessário partem para a rodoviária.É interessante quando chegam lá conseguem embarcar mais rápido do que imaginavam.

Chegam a noite no Paraná e pernoitam em um hotel e na manhã seguinte se encontram com Isabel Cristina , que fica muito admirada com o relato das duas,admite que amava muito sua mãe, muito mesmo.

Mas também nunca entendera o que tinha acontecido realmente... algumas pessoas da família e conhecidos achavam que a mãe dela tinha fugido com outro homem.

Que bom, que agora sabia o que tinha realmente acontecido realmente. Depois de acertarem as encomendas, Isabel Cristina as convida para almoçarem juntas e ali nasceu uma amizade muito bonita .

Isabel manda despachar a encomenda direto para a casa de Salete.Tudo resolvido saem para o almoço.

No almoço trocam endereços , emails, ela agradesce do fundo do coração tudo o que Ana e Pérola passaram ainda mais por confiarem e acreditarem em tudo.

-- Que bom assim, sei o quanto ela me amou... – diz Isabel – agora posso realmente me casar e ser feliz ao lado do meu amor – sabem eu ia me casar mas tinha receio, muito medo que não desse certo ... mas agora sei.

-- Que bom, sua mãe gostaria que você se cassasse e que fosse tão feliz quanto ela foi ao lado de seu pai e de você - fala Ana e Pérola reafirma

-- Sim ela foi feliz .

Neste momento Isabel vê que se pai esta entrando no restaurante e o chama para sua mesa e faz questão de apresentar as duas novas amigas...

Meninas , papai esta chegando e eu o chamei para nossa mesa e vou lhes apresentar ...

-- Papai, quero que conheça minhas amigas Ana e Pérola , elas trouxeram notícias sobre mamãe......

-- Boa tarde , sou Antonio Soares Leite, vocês trazem notícias de Patrícia ...

-- Lamentamos que não sejam tão boas,mas sabemos que o senhor precisava saber tudo o que aconteceu com sua esposa.

Num breve relato colocam seu Antonio a parte que mais o emocionou foi saber que Patrícia realmente amara muito eles e que tinha sido feliz.

Ele não conteve as lágrimas em seus olhos , mas sabia que eram de felicidade, tranqüilidade.

O amor por si só completa e aquece a alma.Ele diz as meninas:

-- Obrigada por serem portadoras dop amor que Patrícia nos teve.Vocês serão sempre bem vindas em nossa casa,certo filha.

-- Sim – diz Isabel Cristina – sempre serão muito queridas...

Pérola agradece e Ana também e dizem que estarão sempre a disposição deles.E se lembraram de que ainda tinha que viajar...

Antonio e Isabel as acompanham até a rodoviária, e as duas embarcam e retornam a São Paulo.

Quando chegam a casa ,são recebidas por Tenório que informa que tudo esta em seus devidos lugares,sobem para o quarto e lá onde tudo começou os sons que se ouviam era muito suave, tranqüilo e sereno.

Como a embalar suavemente o sono das meninas.Já por volta da meia noite – Patrícia aparece para elas dizendo :

Muito obrigada por tudo meninas, pelo carinho e atenção que vocês me deram.Deus as abençoe sempre.

Elas respondem , sim Patrícia,obrigada a você também...

Sua filha , nos disse que casaria para viver como você um amor para toda vida...

Assim mais uma vez a casa silencia...todos dormem agora....somente Tenório vigia...

F I M

Nina mel
Enviado por Nina mel em 22/03/2009
Reeditado em 04/04/2009
Código do texto: T1500811
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