Mini-conto: Amuleto

O homem que há poucos instantes andava pelo outro lado da rua, agora estava caminhando atrás dela, que distraída, prestava atenção nas vitrines das lojas, apesar de ser noite, alguma ainda estavam acesas. Ela trazia no bolso um amuleto de sorte, seus traços fóbicos eram evidentes: buscava sempre em que confiar já sentia certos ataques de pânico quando se sentia ameaça. Até pouco tempo mal saia do quarto, tudo a apavorava, talvez desencadeada pela violência que sofreu, quando foi rendida por bandidos e ficou presa por varias horas: a maldade estava no ar.

O homem, que observou a moça desde que saiu da estação do metro estava convicto, abordaria aquela indefesa pois sentia no peito a inustiça de sua pobreza estampada em cada detalhe da roupa dela, era uma moça de boas condições que não sabia o que era fome!

A faca na mão, a abordagem rápida, enlaçou-a pelo pescoço colocando a lamina bem próxima da jugular:

-Passe todo o dinheiro.

Mas a moça simplesmente ficou totalmente mole, caindo desfalecida em seus braços. A amparou, buscou dos bolsos algo de valor, pegou a carteira, mas quando foi tirar um amuleto, uma pena com pedaços de canela, raminhos e tudo amarrado a uma fita vermelha, achou que fosse um adorno qualquer, acabou caindo, foi apanhá-lo e sentiu a mãos formigando, os dedos ficando dormentes e doloridos, logo notou que pequenas feridas se abriam, e desesperado começou a gritar, segurando as mãos em pânico. Algumas pessoas que passaram pouco depois viram ele correr segurando a mão e foram socorrer a moça desacordada.

A pobre moça, mal se lembrava do que tinha acontecido, na queda um traumatismo craniano que afetou permanentemente sua percepção marcou o resto de seus dias, mas nunca soube, que seu amuleto tinha dado certo! O ladrão, pobre coitado, ficou sem os dedos, que caíram apodrecidos mesmo tendo tido ajuda medica, há mais coisas entre céu e terra que se supõe, seria a crença ou a magia? Não se pode afirmar com convicção, mas dizem que os amuletos indígenas são os melhores...