A incontinência.

Durante um ano Beatriz, chorou os efeitos de uma incontinência miserável que se abateu sobre sua vida.

A mulher que tinha uma vida de rainha, nunca precisou trabalhar, afinal de contas o Martins, supria-lhe todas as necessidades, através do dinheiro que ganhava com as empresas.

E Beatriz, na realidade, só tinha a função de coordenadar compras, e mais compras.

Seus dois filhos, garotões bronzeados de Ipanema, agora com 20 e 22, nem sonhavam com dificuldade, muito pelo contrário, para ambos , estudantes de cinema, a vida era um filme.

Nunca resolveram nenhum problema, apenas levavam a vida que qualquer brasileiro nunca terá, bom vivãs por excelência, Roberto e Diego nunca souberam nada da vida real.

E a Beatriz por sua vez, em nenhum momento quis que fosse diferente, seus bebês, como até hoje os chama, deveriam crescer longe de coisas como fome, morte, pobreza, assassinatos e outras mazelas típicas somente, ao seu ver, de povinho, sem cultura e sem educação. Hoje com 50 anos e meio, Beatriz, nunca recebeu ordens, apenas as deu..a vida toda.

Mas de um ano para cá, algo muito sério se abateu sobre esta dama da zona sul : a incontinência. A senhora Albuquerque Martins, imponente e eterna garota de Ipanema, agora chegara aos cinquenta e logicamente começara a sentir alguns efeitos da maturidade, e logo ela, que de nariz em pé, sentia-se soberana e altamente saudável, hoje, urinava-se toda, até através de um simples espirro.

Seu marido, o Martins, ainda não sabia, ela não tinha coragem de contar, pensava que se contasse, poderia por em risco um casamento de 25 anos; foi então a um médico, e ele disse que a única saída seria uma cirurgia, algo que Beatriz abominava com todas as suas forças...

continua depois...

Valéria Guerra
Enviado por Valéria Guerra em 09/06/2009
Código do texto: T1639562
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