O medo

A lembrança de nossas brincadeiras animadas, era uma menina muito esperta, corria para todos os lados, tinha sede de aprender, e criar, era uma artista nata!

Quando tinha apenas 3 anos aprendeu sozinha a tocar musicas no piano de brinquedo, não musicas existentes, mas mantinha as mesmas seqüências formando som, o que era lindo. Depois começou a desenhar, super habilidosa já conseguia fazer vários animais e flores com traços bem definidos, um observador qualquer diria ser no mínimo de alguma criança bem mais velha, tinha realmente o dom.

Ao completar 6 anos, aquela pequena começou a apresentar algumas mudanças, estava mais quieta, não gostava de ficar sozinha no quarto brincando, e a noite sempre gritava assustada chamando os pais, levaram a uma psicóloga que avaliou o estado dela, mas disse que ela devia estar sendo reprimida, que sentia certo termo na criança, mas os pais definitivamente não entendiam como era possível.

Naquele mesmo ano começou na escola, e foi a esperança que ela voltasse ao seu normal ao conviver com outras crianças, mas só piorou, foi considerada uma criança arredia e hostil, pois evitava contatos e sempre que chegava em casa dizia não gostar da escola, na reunião de pais a professora interrogou sobre a família e outros aspectos, mas em conjunto discutiram a situação estranha. Suspeitaram de abuso, ou algo do tipo, mas a única pessoa que convivia com ela alem dos pais era eu, a tia de Laura, que ia duas vezes na semana para arrumar a casa, e nos outros dias ajudava Laura no para casa e ficava estudando para as matérias da faculdade enquanto ela brincava. Minha preocupação com Laura foi tanta que passei a não dormir, e passei a ter alergias cutâneas e ficava todo o tempo com Laura que estava cada vez mais temerosa. Logo a psicóloga entrou em contato novamente ameaçando denunciar a família por maus tratos, agressões e afins, não compreendíamos e tentamos conversar com ela, contar sobre a rotina, e como tudo começou, mas nada resolvia, e descobrimos na consulta que Laura apresentava marcas roxas no corpo. Minha Irma entrou em pânico, e eu da mesma forma, chorávamos e desespero, pensamos que pudesse ser algum coleguinha na escola, mas a psicóloga nos mostrou alguns desenhos que mostrava o quarto de Laura cheio de manchas escuras, o que demonstrava ter algo haver com a casa da família. Ficamos tão que perplexos, durante o dia eu já não deixava Laura sozinha um instante e instalamos câmeras pela casa, para nos respaldar diante da justiça em relação a qualquer ameaça relativa as denuncias da psicóloga. O tempo foi passando e Laura estava tão retraída e em pânico que qualquer barulho mais alto ela já tremia dos pés a cabeça. Ela tinha olheiras profundas e roxas, comia pouco, ficava as vezes parada olhando para algum ponto e sob interrompia de tempos em tempos este devaneio para olhar para a porta mais próxima do cômodo que estivesse como se a qualquer momento fosse entrar alguém para lhe fazer mal.

O desgaste era tanto que eu também sucumbia a loucura de não dormir direito, em minha casa eu ficava imaginando de onde vinha tanto medo. Certa noite, tentei me lembrar de quando tudo começou e lembro de ter visto Laura brincando e olhando para o armário como se tivesse algo estranho ali, não me deixei levar por este pensamento muito tempo pois monstro do armário é uma fantasia bem comum às crianças. Mas aquilo me angustiou de um modo tão grande que no dia seguinte pretendia olhar aquele armário com cuidado. Infelizmente a noticia ruim chegou justamente naquela manhã, Laura tinha sido encontrada morta em seu quarto por ataque cardíaco, com olhos esbugalhados de pavor, congelados em uma careta assustadora! Fiquei bastante abalada com tudo aquilo, olhando agora para o pequeno caixão, com lagrimas descendo por meu rosto, lamento e penso que aquele armário de algum modo me faz congelar os ossos, só de pensar, pois o que mataria uma criança de pavor?

T Sophie
Enviado por T Sophie em 18/08/2009
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