A FÊNIX NEGRA - CAPÍTULO I - parte 1 (editando)

OPERAÇÃO PESCADOR

Era novembro. O avião de Alerta Aéreo Avançado EMBRAER E-99A sobrevoava sua área de patrulha já havia mais de duas horas, nenhuma irregularidade a reportar. Então, do console número dois, o Sargento-Especialista Vítor comunicou ao Comandante da Missão:

- Tem alguma coisa esquisita naquele setor, senhor (citou as coordenadas)...

- Transfira para a minha tela.

- Sim senhor. - com dois cliques, um fraco sinal apareceu na tela do Cmt.

- Mas que diabos! Nunca vi nada igual, o símbolo aparece bem esmaecido, como se o computador do radar não soubesse bem se deve ou não filtrar como ruído de fundo, deve ser algum bug no programa, talvez...

- Senhor, o caso é os números, se observar...

- Cara, é mesmo, que estranho, está a quase mach 1! Atenção Controladores, vamos focar toda a potência nessas coordenadas e ver no que dá...

O radar de varredura eletrônica Ericsson Erieye MLU concentrou todos os seus feixes de microondas num único ponto no espaço.

- Ah, clareou um pouco, sem dúvida é um alvo, interroguem IFF.

Passam alguns instantes.

- Necas de IFF, também não há sinal de transponder! - responde um dos Controladores, voz já meio excitada. - A essa velocidade (já está a 1.4) não pode ser algum jatinho dos narcos...

- Será que os americanos estão passeando com algum Raptor por aqui? Mas é loucura, estamos a mais de quinhentos quilômetros de qualquer fronteira, se dá algo errado e ele cai, está nas nossas mãos, nunca vão conseguir resgatar antes de nós...- murmura, mais para si, o Cmt. Determina, para ter certeza, uma busca na completíssima biblioteca de dados do radar, com as 'assinaturas' de praticamente qualquer aeronave em serviço ou recentemente retirada. Mesmo o F-22 já fora rastreado por radares em diversas atitudes e seu sinal era razoavelmente conhecido. A resposta do computador: UNKNOWN! Desconhecido...

- Mas como é que pode...

- Senhor, está a mais de mach 2 e aumentando...

- Inacreditável, não pode estar a mais de quinhentos pés de altitude, ali é um montanhedo dos infernos, o cara vai se matar! E nem o F-22 voa tão rápido...

- Sumiu, senhor!

- Vamos subir mais, rastreiem para baixo em todas as direções para onde ele poderia ter ido.

Mais de duas outras horas passaram ali, nenhum outro contato. A situação toda era tão inusitada que, enviados os dados coletados por data link, um E-99B de sensoreamento remoto acorreu à área, desviado de outra missão, passando a escanear as coordenadas do último contato com seu radar de abertura sintética, capaz até de tirar fotos, além dos poderosos sensores termais.

Nada.

A aeronave - tinha que ser uma aeronave e, pela velocidade, um caça - simplesmente parecia ter-se desvanecido no ar...

O gabinete do Comandante da II FAE é uma sala ampla e bem arejada, com quadros com fotos de todas as aeronaves que já a serviram e em suas denominações antecedentes e uma belíssima maquete do AMX, o caça que o atual titular pilotara em seus tempos de Caçador, sobre sua escrivaninha, junto com uma placa com o emblema da Segunda Força Aérea e outra, menor e mais simples, com seu nome e posto. Tanto fazia isso, todos o conheciam simplesmente como Brigadeiro, raríssimas eram as vezes em que ao título era acrescido o nome. Havia ainda uma ampla mesa de reuniões para doze pessoas. A vista desta dava para o oceano, o que costumava ter um efeito calmante em reuniões tensas como a que tivera no dia anterior, com o Comandante da Brigada de Operações Especiais do Exército e o Ministro da Defesa em pessoa. Fumante inveterado, principalmente em ocasiões de tensão, tivera de fazer esforços hercúleos para se conter, já que o Ministro detestava cigarros e deixava isso bem claro, sendo famosa a ocasião em que mandara um inadvertido General de quatro estrelas do EB ir fumar lá fora, durante uma reunião em pleno Estado Maior Conjunto, onde se planejava um exercício combinado com forças dos EUA e França. O constrangimento de todos, inclusive os estrangeiros, fora evidente. O general, muito vermelho, saíra da sala para não mais voltar: menos de uma semana depois, aparecia em Boletim sua remoção para a reserva. Um simples cigarro...

A reunião fora tensa a extremos: O Ministro cobrara o fato de ter vazado para imprensa, através de um site de defesa da internet, que um misterioso caça voara supersônico sobre a Amazônia, fora detectado, perdido e nunca mais encontrado. Os jornais haviam feito o estardalhaço de sempre, indagando para quê serviam os bilhões que se esbanjava em supercaças e aviões-radar se qualquer um fazia o que queria no espaço aéreo brasileiro e ficava tudo por isso mesmo. O que a imprensa NÃO noticiara fora que o Exército mandara uma patrulha para a área onde o contato fora perdido e, dois meses depois, nem sinal da patrulha, composta por veteranos do 1º BIS. Um pelotão reforçado do Batalhão de Forças Especiais do Exército fora então despachado para lá e já se estava em agosto, faziam quase três meses que haviam saltado de paraquedas na área e nunca mais haviam dado sinal de vida. O General esbravejava, indignado:

- Vocês da FAB, sempre vocês! Inventam as modas e nós, os pés de poeira, é que tomamos no rabo. Perdi ali trinta e cinco dos melhores soldados que o Brasil já teve, um deles meu sobrinho. MEU SOBRINHO, seu fiadaputa! Faz idéia do que eu tenho ouvido lá em casa? A mulher não me dá sossego, é ou era filho da sua maldita irmã caçula, aquela cadela, que vive agora mais na minha casa do que na dela, sempre choramingando e me enchendo, querendo saber o porquê de eu não botar um Regimento de Carros de Combate lá, mais umas baterias de Artilharia e uma Brigada de Infantaria para trazer o seu queridinho de volta ou o que tiver sobrado dele. Como se eu fosse o dono do Exército, que merda!!! - ergueu-se, furibundo. Parecia que ia avançar no franzino Brigadeiro, aquele homenzarrão de verde. O Ministro:

- Calma, General, vamos ter de resolveire isso mas basta de f'caire p'rdendo tropas, cedo ou tarde os media pegam isso tumbáim e nos crucificam de vez, ó pá. - era preciso ir com calma com aquele, o sujeito tinha fama de ser meio destrambelhado e era o irmão mais velho do líder do governo no Senado, podia incomodar muito, se quisesse...

- Mas Ministro, e o que eu faço? Ainda me falta uma estrela e a mulher já está falando em divórcio se eu não der um jeito logo, se eu tomar um pé agora vou pro pijama mais cedo e tudo por causa da gentalha deste merdinha aí! - apontou o dedo grosso como uma lingüiça para o Brigadeiro. Este tentou manter uma aparência imperturbável, enquanto a vontade de fumar crescia avassaladoramente. Um cigarro lhe daria ânimo para agüentar aquilo. Mas fumar nem por sonho. Então explodiu, erguendo-se da cadeira e, do alto de seu quase metro e setenta, olhou duro para o General:

- Já que o Senhor Ministro não o faz, devo eu mesmo então lembrar ao senhor onde está. Está em MINHA sala, no meu...

- Que se fodam você, sua sala, o Ministro e tudo mais, eu quero saber é...

- NÃO TERMINEI! - O Brigadeiro agora perdera completamente o controle e elevou a voz. O enorme General, estupefato, se calou. - O senhor não está diante de sua tropa mijando algum tenentezinho azarado porque comeu sua secretária - é, até na FAB soubemos disso - e sim diante do Comandante da Segunda Força Aérea! Porte-se de acordo ou providencio sua remoção daqui agora mesmo!

O Ministro, também alto e corpulento, estava tão atônito de ver aquele homenzinho enquadrar o belicoso General Kratos que nem reparou quando, com as mãos ligeiramente trêmulas, o Brigadeiro sacou de sua carteira de cigarros, pescou um e o acendeu. Depois falou, soltando a fumaça pela boca e pelo nariz ao mesmo tempo:

- Estamos entendidos, General?

- Perfeitamente, Brigadeiro, o senhor me desculpe, mas esta história está me deixando doido, lhe convido a passar duas horas comigo lá em casa para ver só o que é o inferno na terra...

Ao final, ficou decidido - o Ministro decidira - que o problema era da FAB e ela deveria resolvê-lo. Que se virassem mas descobrissem com a máxima urgência o que estava acontecendo naquela região. Não tocou no assunto do cigarro.

Mas o Brigadeiro tinha uma idéia de como resolver aquilo.

O EAS - Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento - é uma unidade de elite da FAB, especializada em resgatar vítimas de acidentes aéreos e, parte sua menos difundida, resgate de reféns e ações antiterror. Fica baseado na Base Aérea dos Afonsos e é mais conhecido pelo nome não-oficial de PARA-SAR. Por este nome é uma das unidades mais difundidas e benquistas da Força Aérea, principalmente por suas atuações em acidentes de aeronaves civis. O que as pessoas NÃO sabem é que, em 2001, um certo Major Wolfgang, do EAS, fora convidado a fazer um curso na Rússia, através de um amigo virtual que 'conhecera' na internet. O homem, Major Bolovo, propusera um intercâmbio: ele no CIGS, sem as restrições usuais a estrangeiros, tudo aberto, e o Major brasileiro numa unidade especial do FSB cujo curso lhe seria extremamente interessante. Seria difícil concretizar, eis que a FAB tinha de convencer o EB a abrir mão de uma série de medidas de segurança sobre suas técnicas e táticas e a VVS tinha de fazer o mesmo junto ao FSB, a unidade que sucedera à famigerada KGB. Mas o encontro dos dois não fora de modo algum mera coincidência, se havia quem pudesse fazer aquilo, eram eles: Bolovo por ordens superiores, dadas as pobres capacidades adicionais aprendidas pelos russos na Venezuela tendo, portanto, integral apoio e mesmo estímulo governamental e o brasileiro por ser simplesmente o primogênito de um dos mais altos caciques do PT, o partido que se preparava para assumir a Presidência da República e que era eivado de altos integrantes que ainda pensavam em URSS quando falavam em Rússia. Seu pai era um dos ideólogos mais radicais. Assim, em inícios de 2002, foi feito discretamente o intercâmbio. Isso foi facilitado porque ambas as forças que tinham de ceder (EB e FSB) acreditavam que os estrangeiros em seu meio não durariam muito, clima, roupas, procedimentos, equipamentos e sistemas diferentes, coisas assim. A surpresa foi grande quando se formaram ambos em primeiro lugar em suas turmas, superando os próprios integrantes locais. No caso do brasileiro, tinha facilidades de comunicação: falava muito pouco russo e eles falavam um péssimo inglês, mas descobriu que vários falavam alemão, idioma que aprendera e praticara muito desde cedo, em Santa Catarina, seu estado natal, e nas visitas que faziam em família anualmente aos parentes na Alemanha. O Major Wolfgang aprendeu com os russos um outro uso para uma unidade da FAB: a localização e destruição de aeronaves e bases inimigas com mísseis e explosivos, monitoramento e minagem de pistas de pouso à distância, armadilhas aéreas, tudo coisa de que nem se ouvia falar no Brasil. E os russos eram craques nisso: agora ele também era!

De volta ao Brasil, conversou a respeito com seu pai que, mesmo pouco versado e menos ainda interessado em assuntos militares, gostou da idéia que nascera no filho ainda durante o curso: criar uma unidade especializada nisso no Brasil e que não fosse conhecida nem por outras Forças Especiais. Ficaria dissimulada dentro do EAS, treinaria junto, seus integrantes, cuidadosamente selecionados, receberiam o mesmo apelido de 'Pastor' - referência ao cão Pastor-Alemão (Adestrado, Amigo, Leal, Vigilante e, se preciso, Letal.) - e mesmo participariam de operações normais, mas fariam várias 'viagens para treinamentos especiais', onde praticariam suas habilidades nada comuns. Ao logo dos anos diversos incidentes incomuns ocorreram em bases aéreas da FAB, como tijolinhos de argila encontrados colados em caças, depósitos de explosivos e combustíveis sempre com a plaqueta de plástico "melhorem suas medidas de segurança, podia ser C-4", mesmo em bases de países vizinhos apareceram os tais tijolinhos de argila, só que sem plaqueta alguma, apenas um ratinho preto de plástico colado à argila. Dezenas de sentinelas eram encontradas sem sentidos. Nem mesmo o próprio Comandante do EAS sabia muito sobre eles, que estavam, na prática, subordinados diretamente ao Comandante da II FAE, que ocupara o posto por indicação política pessoal de seu pai, à época, e antecessor do atual Brigadeiro, a quem o segredo fora passado na íntegra. Fora fácil, ambos haviam sido colegas de esquadrão durante anos, sendo o antecessor padrinho de casamento do Brigadeiro e seu amigo íntimo. O indicara pessoalmente para sucedê-lo na função que hoje exercia. E este gostara da idéia de ter uma unidade assim, na surdina, apenas para o caso de, algum dia...

Bem, não era do modo que imaginara, mas este dia estava aí. A unidade havia ganho um nome próprio, conhecido apenas pelos integrantes e pelo próprio Brigadeiro e seu antecessor, que o criara: RATO! Reconhecimento e Ações Táticas Ofensivas. Assim, para todos eram 'pastores', entre si eram 'ratos'. O Comandante da unidade, agora Coronel Wolfgang, era conhecido por seus subordinados como RATO-REI e, informalmente entre eles, como 'ratão'. Toca o interfone:

- Brigadeiro, o Coronel Wolfgang acaba de se apresentar.

- Peça-lhe que aguarde um momento, por gentileza, já vou atendê-lo, sim?

O Brigadeiro pensou mais um pouco. Se havia no mundo um grupo capaz de descobrir o que estava acontecendo e voltar para contar, era aquele. Principalmente com o 'ratão' Wolfgang no comando. Ligou para o Comandante-Geral e confirmou a data e horário em que a parte aérea da Operação Pescador deveria ter início. Este garantiu que os meios estariam todos à disposição a hora e a tempo. Agradeceu e desligou. Em pé agora, em frente à janela com vista para o Atlântico, acendeu um cigarro, tragou profundamente a fumaça, exalou-a e então dirigiu-se ao interfone:

- Por favor, peça ao Coronel que entre.

Entrou então um homem alto, louro, olhos azuis, magro porém fisicamente muito robusto, com um andar elástico, como um grande felino. O Brigadeiro sabia do que aquele homem era capaz: primeiro lugar em tudo, desde o Colégio Militar até a AFA, além de todos os cursos de que participara, incluindo o temido Boot Camp de Parris Island, dos US Marines, que cursara ainda como cadete da AFA, licença jamais concedida antes mas, como estava absurdamente adiantado em seus estudos e o período de férias estava próximo, passou voluntariamente aquelas doze semanas no pior inferno dos EUA. O mais jovem Coronel da Forças Armadas. Se não tivesse feito a infeliz escolha pela Infantaria, seria um dia com toda a certeza o Comandante-Geral, tantas qualidades tinha. Mas Oficiais-Aviadores jamais aceitariam ser comandados por um simples 'pé-de-poeira', por mais habilidades que tivesse. O homem perfilou-se rigidamente e prestou continência:

- Coronel Wolfgang se apresentando, às suas ordens, senhor!

O Hércules C-130H voava rasante, seguindo o curso do rio. Em seu interior, treze homens. Ninguém falava, ninguém fumava, ninguém cochilava. Todos calmos e concentrados na missão. Bem na traseira, próxima à rampa de carga, uma lancha LAR II, evolução da Lancha de Ação Rápida da Marinha do Brasil. Algumas unidades adicionais haviam sido desenvolvidas e construídas para unidades de operações especiais, cujas principais modificações eram a substituição do barulhento motor externo Volvo-Penta de 260 HP por dois internos MWM de 190 HP, extremamente silenciosos e que lhes aumentavam a velocidade máxima de 35 para 46 nós. Ademais, com os novos tanques de combustível de fibra de carbono, maiores e mais leves, além dos descartáveis, de fibra, podiam atuar num raio de quase mil km, sem problemas para retornar. Além disso, possuíam agora uma cobertura total de tecido de kevlar e revestimento RAM/IRAM, de fabricação sueca, tornando-as praticamente indetectáveis, tanto por radar quanto por IR ou som. Como eram de uma cor que misturava tons de cinza escuro com marrom e verde também escuros e costumavam viajar apenas à noite, podiam passar - e faziam freqüentemente isso em exercícios - bem perto de postos de observação e mesmo belonaves sem serem detectadas. Ficara famosa a ocasião em que uma equipe do GRUMEC havia chegado com uma delas a poucos metros de uma das novas e supersofisticadas Fragatas FREMM, que estava em patrulha, e grafitado no casco, a bombordo, bem grande e em letras fosforescentes: GRUMEC - VOCÊS ESTÃO MORTOS! Não satisfeitos, repetiram a dose a boreste, fugindo a seguir ainda sem serem percebidos. A brincadeira só foi notada quando a FREMM cruzou com um petroleiro na noite seguinte, cujo Capitão, curioso, perguntou pelo rádio o que diabos era aquilo...

O Coronel Wolfgang havia discutido detalhadamente o caso com o Brigadeiro. O pessoal da Infantaria de Selva chegara ao alvo por terra e sem qualquer cobertura ou observação aérea, era óbvio que o inimigo ou era muitíssimo numeroso ou contava com sensores passivos espalhados pela área. Ou ambos. Já o pessoal das Forças Especiais saltara de paraquedas em pleno dia, o barulho do avião deveria ter alertado as defesas que, ao olharem para cima, certamente haviam detectado os PQDTs e abatido vários ainda no salto, caçando os restantes depois de tocarem o solo, o que implicava que poderia até haver sobreviventes prisioneiros da oposição. As constantes observações via E-99 e mesmo com auxílio de satélites-espiões franceses e americanos em nada resultaram, era como se quase meia centena de homens altamente treinados tivessem sido simplesmente tragados pelas montanhas cobertas de altas florestas. Então surgira a idéia da lancha (saltariam a uns trezentos km da área-alvo, progredindo discretamente por via fluvial), que fora tomada por empréstimo ao Batalhão Tonelero, dos Fuzileiros Navais. Em menos de uma semana de curso particularmente puxado qualquer integrante da equipe RATO envolvido na missão poderia operá-la sem problemas. Mas o Coronel escolhera um que se destacara particularmente nisso, o Sargento Leandro Cardoso, mais conhecido como 'Card' entre os companheiros. Todos eram no mínimo Sargentos e tinham apelidos, 'nomes de guerra', como o Tenente Paulo Ricardo, chamado de 'Prick' (ou 'Pig', pelos que não gostavam muito de seus modos algo pedantes) ou o Sargento Brizola, que chamavam de 'Brisa', além do RATO-REI, 'ratão'.

A operação iniciaria de modo algo complexo: o Hércules voaria em altitude mínima para o lançamento dos homens em paraquedas com coletes salva-vidas, já que saltariam sobre a água. Daria alguns minutos para se livrarem dos paraquedas e deixarem a área limpa. Após, faria uma passagem rasante pouco acima da velocidade de estol com a porta de carga inteiramente aberta, por onde um grupo especializado faria deslizar a lancha para fora da aeronave, o 'gordo', como o chamavam. Ela deslizaria com os motores desligados até as proximidades do grupo, que a abordaria e iniciaria a progressão até a área suspeita. Haviam treinado intensivamente sem maiores incidentes que alguns arranhões em alguns homens e uma luxação no pulso esquerdo do Sargento Brisa, que se recusou terminantemente a abandonar a missão por algo tão pouco importante. Como o melhor especialista em armadilhas de selva da unidade - fizera quatro vezes o curso do CIGS para Sgts, tendo inclusive criado novas armadilhas que foram aprovadas e incorporadas ao currículo, por sua engenhosidade. Isso lhe valera o acesso aos demais cursos, inclusive para Oficiais. Assim, seguia na missão com o pulso enfaixado mesmo...

A operação real se deu melhor do que nos treinamentos, nenhum incidente, por menor que fosse. A lancha deslizou em linha quase perfeitamente reta bem para o meio do grupo dos RATOS, chegando a eles lenta, mansinha. Abordagem rápida, Sgt Card assume os controles, os demais abaixados sob o toldo stealth, cada um se ajeitando o melhor que podia para a viagem de mais de doze horas, pois as águas iam ficando mais turbulentas e sinuosas à medida que iam subindo os afluentes do rio, com a conseqüente redução da velocidade de cruzeiro. E ainda corria a tarde, teriam de chegar a altas da madrugada e em baixíssima velocidade, maximizando o silêncio dos motores e minimizando o ruído natural do barco na água...

O Brigadeiro meditava em sua sala. As últimas informações que recebera revelavam que o sigilo ainda era máximo. Apenas ele estava inteirado da própria existência da Operação, mesmo o Comandante Geral sabia apenas que o Ministro determinara uma varredura intensiva da região para aquela noite e madrugada, devendo ser atacado impiedosamente qualquer intruso detectado. Haveriam três E-99B escaneando com IIR e SAR e buscando quaisquer emissões eletromagnéticas, mesmo um telefone celular ou rádio-transceptor portátil seria detectado, agindo os três em revezamento, além de dois Aviões-Radar R-99A, em busca de qualquer sinal de atividade aérea na região. Tudo fora planejado para que no auge da operação as varreduras se concentrassem em determinadas coordenadas, que só o Brigadeiro sabia serem as do ponto em que os RATOS desembarcariam e seguiriam em patrulhamento a pé. Só então sairia de sua sala a informação de que eram tropas brasileiras em missão de busca e destruição. O Hércules saíra numa suposta missão para o PARA-SAR, em busca de destroços de uma antiga aeronave americana, a centenas de km da área da busca, devendo deixar lá a equipe do EAS com uma lancha e retornar a Manaus, devendo a equipe permanecer na busca por algumas semanas e num raio não superior a dez km. Tudo bem dissimulado, ninguém fazendo perguntas ou comentários além de especulações sem maior fundamento, como de que a Inteligência descobrira uma grande base das FARCs bem no interior do território nacional. Isso combinava com a presença de uma dúzia de jatos A-1M com bombas cluster, laser e lança-foguetes na região, além de três aviões-cisterna KC-130H, para REVO. Um pequeno aeroporto clandestino a uns 200 km do local das buscas, ao invés de ser destruído, como de costume, fora rapidamente ampliado para servir de base aos AMX e Hércules. Muitas armas, munição, tanques extras e peças de reposição, além de combustível, haviam sido rapidamente transportados para lá, além de uma companhia do BInfA, para a segurança. Os boatos andavam longe, muito longe da verdade...

Duas da madrugada. A lancha se move a pouco mais de dois nós, aproximando-se lentamente de um ponto que parece adequado ao desembarque, aos olhos do Sgt. Card, com seu NVG de última geração. Tinha de calcular a olho, nenhuma emissão era autorizada, mesmo do telêmetro a laser. Faltando algumas dezenas de metros para a margem, desligou os motores. Mais um minuto e a proa tocou suavemente a lama arenosa da margem, deslizando alguns centímetros e parando, balouçante. Exatamente como no treinamento, os dois lados do toldo foram erguidos ao mesmo tempo e os treze homens saltaram silenciosamente, seguindo agachados para a mata, fuzis FN-SCAR 7,62 x 39 prontos e visando o ponto para onde se voltava a cabeça do Atirador. Com gestos suaves, o Coronel indicava a cada um a direção a seguir, a posição a tomar. Tudo exatamente como nos treinamentos...

Então acabou-se qualquer similaridade com o que haviam arduamente praticado. Um dos homens deu um grito lancinante:

- Meus olhos, puta merda, meus olhos, queimei meus olhos, estou cego, putaquipariu, alguém me ajude!!!

No instante seguinte forte cheiro de carne queimada, o Sargento Brisa caiu sem sequer um suspiro. Alguns tiros, mais gritos, o Coronel Wolfgang, colado ao solo lamacento, não compreendia o que estava acontecendo, não via nada nem ninguém, só podia discernir os tiros e gritos de seus próprios homens. Voltava a cabeça com o NVG para todos os lados e nada, tudo verde. Então, o silêncio, com exceção do homem cego que ainda urrava sua dor. E um cheiro agora fortíssimo de carne queimada. Então, sentiu mais do que viu que alguém estava próximo. Uma leve sensação de calor e vibração entre as omoplatas e imediatamente perdeu os sentidos.

No céu, os aviões nada detectavam, nenhuma emissão de rádio ou calor, nenhuma reflexão ao radar. Armados até os dentes, os AMX voavam impacientemente, ansiosos para despejarem sua carga de morte e destruição. REVO. Substituição de aeronaves de ataque e reconhecimento. O dia clareou. Nada. Nem sinal da tropa, o ponto onde deveriam desembarcar fora criteriosamente observado e nem sinal deles. A unidade terrestre, por algum motivo, não chegara ao ponto de destino. Foi então informado ao Brigadeiro que algo deveria ter dado errado no caminho. Este orientou, fornecendo todas as coordenadas, a rota que deveria ter sido seguida pela lancha. As buscas então se deslocaram ao longo dos trezentos quilômetros percorridos e então passaram a uma grande busca circular na área onde haviam sido deixados, eis que poderia ter sido emboscados ainda no momento de embarcarem na lancha, o Hércules que os levara não ficara circulando para ver se tudo corria bem, simplesmente os deixara e fora embora. Após quase uma semana de buscas, com ajuda da Marinha, foram dados como perdidos.

O Presidente chamou o Ministro da Defesa para uma reunião emergencial.

- Rui Elias, o que diabos você me andou aprontando? Tem aquela ONG poderosíssima, a Jungle Watch, que não sai do meu pé desde ontem, que merda. E você sabe o quanto me ajudaram na campanha, meu Deus, sou seu amigo, nunca lhe escondi nada, os caras só queriam que eu deixasse as reservas em paz, inclusive botaram pra correr as outras ONGs, até aquela dos ingleses que se faziam de missionários para contrabandear urânio, escafederam com os boinas verdes que andavam por lá, estava tudo na santa paz, só queriam a preservação da maldita selva, até projetos de mineração e desenvolvimento sustentável da região amazônica eles estavam - e ainda estão bancando, ainda, sei lá no que essa merda que você andou fazendo vai dar - e agora vêm que é uma divisão Panzer para cima de mim, é uma enxurrada de reclamações de índios apavorados com aviões a jato voando baixo por toda parte, têm fotos que mostram jatos de guerra nossos voando armados por lá, armados, por Deus, entupidos de bombas, você quer me derrubar? Está contra a minha reeleição? O quê eu lhe fiz, pelo amor de Deus?

- Sinhoire, eu...

- O escambau! É foda mesmo, botar um português de Ministro da Defesa, só podia dar m...

- Sinhoire, nasci no Brasil, apenas meus pais me l'varam ainda puto para as terras lusas mas sou tão bras'leiro quanto o sinhoire, e muito m' surpr'ende q'...

- Fecha essa maldita matraca comedora de tremoços, porra! Escutaqui, você vai tirar tudo que é avião, navio, soldado, polícia, tudo o que puder servir de munição para continuarem me enchendo o saco, e vai fazer isso agora, seu merda, eu...

- S' m' p'rmite Vossa Excelência, apresentarei imediactamente minha demicção e...

- Ah, então é assim, faz a cagada e depois cai fora? Baita amigo, né? NÃO MESMO! - berrou o Presidente. - Você fez, você vai desfazer e depois vai comigo se desculpar com os caras, que estão ali na sala de reuniões, só esperando para me desossarem. E quero isso agora!!!

- Com sua licencça, sinhoire Presidente, vou a resolveire isto agoira.

O Ministro saiu, vermelho como um pimentão. Nunca fora tão humilhado em sua vida, não entendia as razões, O Homem era seu amigo de tantos anos, lhe dera ajuda decisiva para ingressar na política do Brasil após retornar de Portugal, onde seu grande amigo José Sócrates caíra em desgraça e ainda, após seu decisivo apoio junto à comunidade lusa nas eleições, o nomeara para um ministério, com a suprema honra - raramente concedida por qualquer Presidente a quem quer que fosse - de escolher a pasta que melhor lhe aprouvesse. Escolhera a Defesa por ser assunto de seu interesse desde longos anos. Na realidade, porém, era apaixonado por transportes, especialmente trens e vias férreas mas não via possibilidade concreta alguma de realizar algo grande neste sentido no Brasil, até explicara cuidadosamente a seu amigo então candidato sobre as imensas vantagens que elas trariam em economia mas esbarrara em um argumento simples:

- Maltez, se a gente quiser perder - e feio - uma eleição já ganha como essa, é só mexer com a matriz de transportes. Do dia para a noite, milhões de caminhoneiros, fabricantes, operários e até funcionários de pedágio vão querer o nosso couro. - e riu aquele riso contagiante, que sempre dava ao interlocutor a sensação de cumplicidade, como se estivessem compartilhando um importante segredo. Não teve jeito de convencer o 'gaijo'. Então, comprometeu-se com a Defesa mesmo, não tinha problema, entendia e gostava do assunto. Assumiria a pasta no dia da posse.

Tudo correra harmonicamente até agora, o que poderia ter acontecido? O que tinham índios a haver com aqueles estranhos acontecimentos, tropas que desapareciam como se nunca tivessem existido, jatos misteriosos? Mas cumpriria seu dever conforme seu juramento de lealdade na sua posse, depois redigiria de próprio punho o seu pedido de demissão. Foi ao telefone e começou a dar ordens. Nada explicava, simplesmente ordenava. Terminado o desagradável dever de dissuadir comandantes sedentos de sangue, doidos para inundar a Amazônia de tropas, navios e aviões até arrancarem do mato quem andava fazendo aquelas estripulias, de fazerem o que julgavam ser sua função, tendo dado e levado descomposturas, desligou o telefone e sentou-se à sua escrivaninha para redigir sua carta de demissão. Ia sentir falta dela, gostava daquele ambiente agitado do Palácio, de resolver crises que se sobrepunham, do status de 'superministro', com acesso direto ao Presidente a qualquer momento. Adorara aquele dia em que o Ministro da Fazenda, Finken-Heinle, lhe dissera que não haveriam verbas para um novo Porta-Aviões porque queria aumentar o superávit primário e continuara desfiando seu 'economês' de faculdade. Maltez o deixara falar mais um pouco, apenas sorrindo e assentindo com a cabeça, repetindo de vez em quando 'claro, claro', até que o Economista lhe fizera a pergunta fatal, com um risinho superior:

- Então, estamos entendidos, Ministro?

- Claro...que NÃO! Você vai a arranjaire este guito para o barco nem que tenha que tiraire do seu cu cheio de números, seu paniscas, mas vai! Ou peça demicção agoira!

Sorria amplamente ao lembrar, o homem simplesmente murchara, murmurara algo novamente sobre 'superávit primário' apenas para ouvir:

- FORA! E QUERO AQUELE BARCO SEM UM DIA DE ACTRASO!!!

Ganhara a parada, o NAe AN-13 Rio de Janeiro estava sendo construído em paralelo ao SSN Tamandaré, utilizando o mesmo tipo de reator (só que em número de três) e ambos perfeitamente no cronograma. Haviam rido muito daquilo, bebericando Xerez, ele e o Presidente. Este chegava a lacrimejar:

- Cara, essa eu tinha que ter visto, o pomposo Finken, com seu diplominha de Harvard, todo borrado abrindo os cordões da bolsa pra fazer navio de guerra... - e gargalhava.

E agora isso. Como entender? Bem, faltava se apresentar perante os estrangeiros, fazer papel de bobo, sofrer descompostura de todo mundo, desculpar-se do modo mais abjeto possível e depois da partida da comitiva, entregar o documento a seu superior direto.

Nisto, notou com o rabo do olho que a porta de seu gabinete se abria lentamente. Voltou-se para ela, pronto a passar uma descompostura no intruso e outra na secretária, não se vai entrando assim no gabinete de um Ministro de Estado.

Era o Presidente. Parecia tímido, temeroso mesmo.

- Cara, me desculpe, mas estou sob uma pressão que nunca imaginei que poderia ser feita sobre alguém que ocupa o cargo que eu hoje ocupo. Olhe, não sei como posso fazer para que me perdoe, você é um dos poucos amigos que sempre me foram leais, fui muito injusto no modo como lhe coloquei a par da situação, lhe peço perdão humildemente, como amigo, não como chefe que, para com você, é de justiça que se recorde, nunca fui. E também, por justiça e amizade, espero que nem acabe de escrever isso aí, amasse e jogue fora, ainda temos muito a realizar juntos. Melhor, guarde para quando estivermos bem velhos e já fora do 'circo', vamos ler juntos e dar risada. Ou isso ou boto o Finken no teu lugar e o Tagliarini na Fazenda, vais gostar? - ergueu a voz, olhar carrancudo. Se encararam por alguns segundos, depois caíram ambos na gargalhada. O Presidente viu o Ministro dobrar o papel que manuscrevia e colocar no bolso do paletó, começando a se erguer.

- Calma, cara, eles não vão morrer se esperarem mais um pouco, vou te explicar direitinho em que tipo de encrenca estamos metidos..

O Coronel Wolfgang despertou. Olhou em volta. Parecia estar num quarto de hospital. Ergueu-se com facilidade, sentia-se forte e vigoroso. Foi até a porta para sair e reparou que não havia sequer maçaneta pelo lado de dentro. Estava prisioneiro. Então começou a lembrar-se do acontecido, os gritos, os tiros, o fedor de carne humana queimada, carne de seus homens, seus amigos, pelos quais deveria supostamente zelar. Falhara...

Mal pôde conter o violento acesso de náusea; com a mão na boca, foi até o pequeno banheiro do quarto-cela, onde vomitou copiosamente. Agora se sentia um lixo. Após nada mais restar em seu estômago que contrações espasmódicas, foi até a pia, lavou o rosto esfregando-o furiosamente e bebendo grandes goles de água. Chorava. Após alguns minutos, se recompôs e começou a andar para lá e para cá no pequeno aposento, pensando. Não havia janelas nem no banheiro, nenhuma rota de fuga possível. Por enquanto...

Alguns minutos depois, abriu-se a porta para dentro. Uma voz grave lhe ordenou, em alemão: SAIA!!!

Sem opção e bastante curioso, saiu. Diante dele, dois enormes soldados que pareciam saídos de um filme da segunda guerra mundial, uniformes negros com sobretudos e talabartes, capacetes, tudo igual ao que se via nos filmes. Apenas, ao invés das indefectíveis MP-38/40, portavam estranhos bastões, também negros, mas algo mais grossos que as tonfas que manuseara nos cursos que fizera. Tinham inclusive um cabo parecido com o da referida tonfa, apenas era curvo, vira algo assim num seriado americano sobre prisões. Apenas haviam pequenas ranhuras da mesma cor por grande parte dos bastões, seria para machucar mais, provocar equimoses? Bem, melhor não provocá-los...ainda...

Foi conduzido a uma sala mais ampla, mobiliada de modo austero, uma escrivaninha, uma cadeira de madeira diante dela, aparentemente desconfortável, um pequeno sofá a um canto. Um único quadro na parede, por trás da mesa: Adolf Hitler!

Um dos latagões lhe disse, apontando a cadeira: sente-se! - sentou-se. Os minutos passavam, tentou puxar conversa com os soldados, nem o olharam, até que um lhe disse: "Cale-se! Falará quando for interrogado!"

Então era isso, um interrogatório. Talvez aquela sala fosse apenas para intimidá-lo e 'amaciá-lo', imaginando os horrores que poderiam haver em outras. "Bem, comigo essa não cola..."- pensou.

Cerca de meia hora depois, entra um homem louro, de meia idade, uns quarenta anos ou pouco mais, alto e magro, compleição atlética.

- Boa tarde, sou o SS-Standartenführer Steiner e gostaria de conversar com o senhor, se não se incomodar. - estendeu a mão, que Wolfgang não apertou. Algo constrangido, o SS retirou a mão.

- Escute, não pretendemos lhe fazer mal, meu amigo...

- Não? Algo assim como tentar me levar na conversa aqui e, o que não extraírem por bem, extraem depois na tortura...

- Tortura? Extrair informações? Que informações o senhor poderia nos dar que já não o tenha feito? Seu nome e posto é Coronel Wolfgang Stauffenberg, pertence a uma unidade secretíssima da FAB conhecida como RATO - que nome - e veio aqui com seus homens a fim de obter informações sobre o que está acontecendo aqui... - e continuou desfiando detalhes da vida do Coronel, inclusive pequenos segredos de infância. Era espantoso. Não se conteve:

- Onde obteve tais informações?

- Ora, o senhor nos deu. Evoluímos muito em matéria de interrogatórios, Coronel, hoje em dia obtemos informações sem que a pessoa sequer saiba que as forneceu. Por exemplo, sabemos a localização exata de sua unidade, os fins a que se destina, quem são seus componentes, inclusive com endereços particulares, e a estrutura de comando. A propósito, parabéns, fala um excelente alemão, ainda que meio estranho, mas nós é que devemos ter desenvolvido algumas palavras novas, quase um dialeto. Então é assim que falam em Berlim hoje? Mudaram algumas coisas, sem dúvida...

- Meus homens?

- Sinto, precisávamos de apenas um prisioneiro e nenhum dos demais era necessário...

- Então...

- Sinto. Os homens tinham suas ordens. O senhor foi poupado por notarmos por seus gestos que era o Comandante, era o que teria as melhores informações.

- E ainda estou vivo por quê? Se nada mais têm a extrair de mim...

- Quem disse? É precisamente este o nosso assunto de hoje. Siga-me, por favor. Ah - voltou-se - não tente nenhuma bobagem, estes dois SS-Oberschützen aqui presentes podem se tornar bastante desagradáveis...

Seguiram por um longo corredor sem janelas, porém bem iluminado e com temperatura quase fria, uns 18 graus. O ar condicionado era bom ou...

- Ainda estamos na Amazônia?

- Sim, claro. Para ser preciso, estamos em Germania, bem no coração da Amazônia. Vamos vê-la num instante.

Dobraram à esquerda, em direção a uma imensa parede que parecia de vidro. Lá chegando, detiveram-se. Wolfgang arregalou os olhos, espantado. O Oficial SS notou e apenas sorriu, nada dizendo.

Havia uma infinidade de prédios lá fora, alguns com vários andares. Curiosamente, não parecia haver ruas. A cidade se perdia no horizonte, limitada apenas pelas montanhas circunjacentes. Como a FAB nunca vira isso tudo em seus voos de reconhecimento na região?

TÚLIO OZONE
Enviado por TÚLIO OZONE em 16/09/2009
Reeditado em 26/11/2018
Código do texto: T1813658
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