FATALIDADE

Um tiro morteiro atravessou a imensidão da noite, naquele morro carioca.Calou-se a voz do "filho do nada"...Transbordou-se o sangue de alguém que um dia fora um inocente,cândido (...)

Ouvia-se gritos...Muita dor e lágrimas incontidas - por alguém que em vida tantas lágrimas causara.

Era o fim, o triste fim de uma história dramática.

A mãe, solteira, lavadeira,que subia e descia a ladeira;sonhava ver um dia seu filho Jorge, vulgo "Negão", formado em alguma profissão.

Porém,se é que existe destino, o dele fora cruel...

Ainda no ventre materno, Jorge precocemente, já ouvia os estrondos da vida lá fora.Seu pai, um traficante, morrera brutalmente assassinado.

Assim que nasceu, Jorge ficou jogado entre as roupas sujas, as quais a mãe buscava o sustento para mais quatro irmãos. Às vezes a mãe, entre uma mala e outra, fazia-lhe um afago.Seus olhinhos tristes a fitavam como se quisessem entendê-la.

O tempo transcorreu numa velocidade inexplicável...O garoto jogado à sorte vivia na ineficácia.

Muito cedo, começou a vender balas nas ruas com o intuito de ajudar sua mãe.Mas, rapidamente introduziu-se no mundo da criminalidade, por mais que a mãe lhe dera exemplos de dignidade e luta pela sobrevivência;fora em vão seus exemplos de trabalho árduo...