Venezianas Verdes, Cap. 35

A conversa já durava mais de hora e meia. A cada ida de Juliano ao banheiro – fizera-o por três vezes –, ele cambaleava mais. Amaury já pedira ao garçom água mineral sem gás, mas não tinha adiantado. A situação só piorava. Dali a pouco estaria insuportável. Era hora de irem embora.

Juliano protestou muito, mas Amaury conseguiu convencê-lo de que ele não deveria ir dirigindo. E foi só colocar o carro em movimento para ver Juliano praticamente desacordado ao seu lado.

Os cabelos cacheados cobrindo a testa, o laço da gravata afrouxado, a camisa social fora da calça, um ou dois botões da braguilha desabotoados – era o quadro com que Amaury se deparava ao olhar pra Juliano quando podia desviar a atenção do que estava à sua frente. Um quadro que lhe sugeria um sentimento de proteção. Até por ele ter assumido a condução do carro do amigo, que não tinha a menor condição de estar ao volante. A mesma proteção que dedicaria a um irmão mais novo, embora Juliano fosse três anos mais velho que ele.

- Oi, Laura. Sou eu. Vou falar rapidinho: o Juliano se excedeu um pouco no chopp e está aqui do meu lado, meio desacordado. Entendeu?, perguntou Amaury, falando o mais baixo que podia no celular. Não queria que Juliano acordasse.

- Fala um pouco mais alto, Mau.

- O Juliano tá aqui do meu lado quase que desacordado. Tô com o carro dele. Ele não tem condições de dirigir. Bernadete não está na casa deles.

- Por quê? Viajou?

- Não sei. Estão meio brigados. Tô levando ele comigo praí.

- Não seria melhor um Posto de Saúde?

- Quê isso, Laura. O cara só tá meio de porre. Prepara um café forte aí que ele vai ficar legal e depois vai embora.

- Tá bem, tá bem!

- Beijos.

Juliano praticamente despencou sobre o sofá quando se desprendeu dos ombros de Amaury. O cheiro de cachaça impregnando a sala. E fazendo com que Laura torcesse o nariz em desaprovação.

- Pô, Laura..., pô... Tô pagano... o maior... o mailor... mico.

- My Lord nada, Juliano. My Lord tá no céu! Fica frio. Isso passa.

- Isso mesmo, interveio Amaury. Um bom banho frio e depois aquele café forte. Você preparou?

- Tá lá na cozinha, respondeu Laura, mostrando-se um pouco impaciente.

Juliano teve que se levantar e se dependurar de novo nos ombros do amigo. Chegando ao banheiro já sem os sapatos e meias, tentou desajeitadamente se desvencilhar da camisa. Mas quem o ajudou a tirar a calça foi Amaury. No box conseguiu livrar-se da cueca sozinho, mantendo-se de pé com certa dificuldade. Amaury assustou-se um pouco com a profusão de pelos negros. Nunca tinha visto o amigo sem roupas de baixo. O pudor o impediu que se detivesse no membro que pendia em estado de semi-rigidez. Amaury entendeu que devia abrir o registro e sair logo do banheiro. Foi quando o sabonete escorregou da saboneteira para a outra extremidade do box com o chuveiro não totalmente aberto.

- Pára aí, cara, ou vai dar com a porra da cabeça na parede, advertiu Amaury em voz alta, temendo que Juliano se acidentasse.

Na tentativa de pegar o sabonete para o amigo sem se molhar muito, Amaury não pode evitar que Juliano escorregasse e viesse ao chão. Como também não teve como impedir que o pênis do amigo, nesse movimento, deslizasse ao longo de seu braço direito. Parcialmente molhado e meio aturdido com a situação, Amaury abriu totalmente o registro e saiu do banheiro, deixando que o fluxo d’água caísse diretamente sobre o peito peludo de Juliano.

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 01/03/2010
Código do texto: T2113618
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