Obessiva em devaneio

O mundo começou a ser pequeno demais para fugir das lembranças. Talvez não fosse amor, mas obsessão, ruim com ele, a morte sem ele, a sensação era esta. Enlouquecedora repetição na mente. E tudo lembrava ele, os cheiros, os lugares, tudo. e o pior, tinha desejo de destruí-lo para se livrar da prisão que era pensar nele todo o tempo. Pegava-se criando planos, pois matar, ou morrer, era o suficiente para quebrar esta cadeia doentia de necessidade. Como se ele fosse a continuação de seus braços que agora lhe faziam falta, perde-lo era como perder um membro, uma atrofia.

Com sua expressão comedida, sua frieza comum, se condoia por dentro, sentia que algo lhe devorava as entranhas. O coração batia em um ritmo alucinado, o estomago com dores agudas faziam o ar faltar, um leve tremor nos dedos. Os olhos buscavam o celular, uma ligação ou mensagem, um sinal!

Naquele dia comprou um lingerie provocante, em vermelho, com luvas e meias, cinta liga e um salto poderoso, queria vê-lo desejá-la ao extremo. Estava condenada a um ciclo amor e ódio, queria tê-lo na mão, queria tê-lo em seu encalço com loucura e queria que se desinteressasse para poder reconquistá-lo. Queria algo que a motivasse a sentir variações de sensações, não gostava de rotina, tinha preguiça de fazer coisas por obrigação, no fundo, era ela que brincava com as pessoas ou simplesmente estava alem de suas forças controlar a loucura que a enjaulava em um constante maremoto de sensações contraditórias. Ambivalente, não era bipolaridade, antes fosse, era uma constante de culpa e busca de um meio termo perfeito. Era a lasciva e a santa lutando dentro de uma mesma carne que gemia na mesma busca de felicidade.

Seus olhos amendoados, sua pele macia, seu jeito de menina mulher podia ser encantador, mas aturar a ambivalência constante (gêmeos?) talvez fosse forte demais para um reles mortal. Tentador inquestionavelmente era supor que se poderia domar a fera que ardia dentro desta carne, mas se ver diante de um ponto de interrogação constantemente não devia ser o melhor lugar para se estar. Talvez devesse se contentar com a solidão de coisas real e viver na superficialidade de amores casuais.

O que sentia por ele, era o desafio de ter sido aceita em seu dilema natural, alguém que ignorou o obvio de sua repulsa por aproximação com naturalidade, alguém que foi alem de sua casca de intelectual prepotente, de sua vulnerabilidade irreal, e viu ali atrás da mascara a mulher forte e cheia de sonhos. Mas que talvez, não sobre lidar (há de ser santo também, combinemos) com o vulcão de inconstância.

Desejou naquela noite ser possuída ate o ultimo fio de cabelo, suar e gemer, uivar para a lua, e se derreter em puro gozo, queria ser tocada como a um vaso sendo modelado, queria se sentir deusa e diaba, queria ser fogo e ir ao céu na loucura da mais pura carnalidade, e se ver no mais sublime sentimento de gostar genuinamente de quem lhe proporciona a mais intensa sensação.

Pior era desejar com ânsia, mas seu corpo querer apenas uma pessoa. Sua alma desejar ver aqueles olhos brilhando de desejo, somente aquele par de olhos, aquelas mãos, aquele jeito peculiar!!!!!

Melhor seria ser de ninguém e de todo mundo, não se apegar, ou não amar se fosse para ter que se admitir de quatro, tola, mas sem disposição para dar o braço a torcer! Infeliz e mantendo o orgulho que parece gozar na infelicidade em troca de uma sensação que pouco alivia.

Admitir que sua loucura era mais pura e simples paixão, e não algo de tão patológico e que sua sanidade nada tinha de tão distante das dos outros seres humanos era uma grande ironia. Talvez seu maior sonho fosse ser imensamente diferente, mas sua mais plena realização viver um amor simples e belo. Estava triste, corroendo dentro de si por ter sido impulsiva na fuga, por ter temido encarar de frente os obstáculos. Estava apenas sozinha, com suas mãos vazias de consistência, e a alma vazia de si mesma... enlouquecedor era se sentir só a ponto de se sentir perdida....

T Sophie
Enviado por T Sophie em 13/06/2010
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