Faces da morte urbana

Por de trás da árvore ele se esconde com a língua entre os dentes

e a vontade de matar.

Gosto de sangue na boca dentes serrilhados, parecia uma onça.

Chifres de acrílico implantados numa cabana de tatuagem.

Gemia de vontade com as pernas estremecidas e lembrava da última vez em que tinha comido alguém.

Lagoa escura, mato, urubus e papelão ensanguentado.

Faca cega, chave de fenda e serrote eram os seus prediletos,

mas desta vez comprou um martelo.

Fantasiado de palhaço na sinaleira, consegue alguns trocados

com a garotada, alguns acharam ele estranho mas ele era legal.

Era apenas um palhaço diferente buscando um modo de sobreviver

como qualquer outro.

O pivete o acompanha até seu lar no mato e é surpreendido

por uma martelada em seus dentes; Corre desesperado mas sem sucesso.

Imobilizado pelo palhaço o pivete chorava de dor e desespero. Naquele momento a maquiagem já derretia em sua face e a onça aparecia sob a luz do sol de meio dia.

A carne era quente e o coração ainda pulsava entre seus dedos, mais

um coração em suas mãos; Mais um pulsaria dentro de si. Sensação de alívio e realização com olhos entre abertos a revirar.

Lavou as mãos, se fantasiou de gari, pegou o celular e ligou para polícia informando que havia um garoto esquartejado na lagoa escura.

No dia seginte na sinaleira o palhaço estampa a capa do jornal nos carros que noticiava: "Gari encontra garoto aos pedaços na lagoa escura, a polícia trabalha na investigação".

Estrange
Enviado por Estrange em 26/08/2010
Código do texto: T2461453
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