Faces da morte urbana
Por de trás da árvore ele se esconde com a língua entre os dentes
e a vontade de matar.
Gosto de sangue na boca dentes serrilhados, parecia uma onça.
Chifres de acrílico implantados numa cabana de tatuagem.
Gemia de vontade com as pernas estremecidas e lembrava da última vez em que tinha comido alguém.
Lagoa escura, mato, urubus e papelão ensanguentado.
Faca cega, chave de fenda e serrote eram os seus prediletos,
mas desta vez comprou um martelo.
Fantasiado de palhaço na sinaleira, consegue alguns trocados
com a garotada, alguns acharam ele estranho mas ele era legal.
Era apenas um palhaço diferente buscando um modo de sobreviver
como qualquer outro.
O pivete o acompanha até seu lar no mato e é surpreendido
por uma martelada em seus dentes; Corre desesperado mas sem sucesso.
Imobilizado pelo palhaço o pivete chorava de dor e desespero. Naquele momento a maquiagem já derretia em sua face e a onça aparecia sob a luz do sol de meio dia.
A carne era quente e o coração ainda pulsava entre seus dedos, mais
um coração em suas mãos; Mais um pulsaria dentro de si. Sensação de alívio e realização com olhos entre abertos a revirar.
Lavou as mãos, se fantasiou de gari, pegou o celular e ligou para polícia informando que havia um garoto esquartejado na lagoa escura.
No dia seginte na sinaleira o palhaço estampa a capa do jornal nos carros que noticiava: "Gari encontra garoto aos pedaços na lagoa escura, a polícia trabalha na investigação".