O JARDIM DO AMANHÃ - Cap. I e II

O jardim do amanhã

A curiosidade levando ao encontro de mistérios jamais imaginados

Capítulo I

Visita ao cemitério

Era um dia ensolarado, mas o frescor da primavera estava presente naquele final de setembro.

Parece coisa de gente esquisita ir ao cemitério num dia como aquele, é o que estávamos fazendo eu, minha esposa e meu filho. Não somos uma família angustiada que só está viva para esperar a morte, porém o revés que sofremos com o falecimento de minha sogra onde todos os parentes dela se afastaram para não meter a mão no bolso, nós ficamos com todas as despesas de funeral e endividei-me para comprar uma vaga no cemitério para ela.

Nesse dia é que eu percebi que nenhum de nós possui o nosso local de descanso final e que se houvesse a infelicidade de ocorrer tal tragédia entre nós, quem ficasse para prantear ficaria também com a triste tarefa de sofrer e ainda ter que pagar caro por isso.

Tomei a decisão de a qualquer custo, até mesmo passar uma tarde no cemitério para impedir que fato igual ao ocorrido nos pegasse de surpresa. Decidira junto com a família dar entrada na compra de um jazigo. Agora que decidimos agir, não é que estava aberto à visitação ao público um empreendimento imobiliário, o famoso “Jardim do Amanhã”.

É um empreendimento funerário que ocupa dois quarteirões no centro da cidade. Até o dia de hoje somente os ricaços tinham acesso ao belíssimo jardim onde é possível passear horas a fio deleitando-se com arvoredos floridos, jardins coloridos com flores da época, lago com marrecos multicores e a intervalos regulares as “Mansões Última Morada” que são por fora belíssimas casas e dentro as gavetas com seus moradores definitivos.

A administração colocara anúncios nos jornais e na televisão convidando a todos para uma visita. Nos anúncios impressos estavam os planos de aquisição bem convidativos.

Nos reunimos em casa e achamos que seria ótimo que conseguíssemos fechar negócio com aquele lugar que passaria a ser aberto a população para passeios e recreação. Até quadras esportivas existem ali, nada lembra um cemitério.

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Capítulo II

Acidente na rua

Logo cedo quando os quando os portões foram abertos as 9:00h, tinha gente esperando para desfrutar um dia naquele lugar paradisíaco.

Combinamos que iríamos logo após o horário do almoço para acertar o contrato com o corretor com o qual eu já havia conversado por telefone no dia anterior.

Fizemos isso e depois de tudo acertado fomos convidados a conhecer o “Jardim do Amanhã”. Como proprietários de imóvel, passamos a ter acesso à piscina aberta apenas aos associados.

Era realmente um parque que passamos a freqüentar quase todos os finais de semana. Foi assim ao longo de um ano de sucesso do Jardim do amanhã. Milhares de pessoas freqüentavam sendo sócias ou não.

Num domingo de manhã estávamos lá nós três passeando entre as árvores, caminhávamos em direção à avenida central que dá acesso a todos os locais. Havia muita gente naquele dia, parecia até feriado. Crianças brincavam nos parquinhos, adultos conversavam à sombra e muita gente na sua caminhada matinal.

Estávamos saindo da trilha para entrar na avenida central onde existe uma grande tampa de bueiro acreditávamos. Apesar daquele dia estar cheio de gente, naquele instante e naquele lugar estávamos somente nós três e uma senhora de seus sessenta e poucos anos que vinha correndo bem no meio da rua para pedestres. Ao chegar em cima daquela tampa de bueiro, presenciamos um fato muito estranho.

Quando a mulher estava na sua segunda passada, eis que se ouviu um estalo seco de aço se partindo e como que em câmera lenta vimos abrir-se sob os pés daquela mulher uma bocarra que se formou quando a tampa do bueiro cedeu. Foi engolida instantaneamente que dela ouviu-se apenas um gemido abafado.

Corremos para o local preocupados com a mulher, porém também atentos ao fato do perigo de desmoronamento das bordas quando nos aproximamos.

Levamos um grande susto ao verificarmos que a profundidade era apreciável. A mulher estava lá dentro no meio dos escombros que se formou no desmoronamento. Estava imóvel com certeza estava morta.

Passado o susto inicial a surpresa foi constatarmos o conteúdo daquela vala que havia se formado. Na realidade era uma galeria subterrânea da qual não se podia ver o início de um lado e nem o fim do outro. Era retangular com mais ou menos dez metros de altura, paredes cheias de tubulações que seguiam seu comprimento. Parecia muito com as instalações de uma fábrica de grande porte.

As pessoas começavam a chegar, já eram umas cinco ou mais quando não sei de onde surgiram funcionários do cemitério uniformizados, todos altos mais parecendo seguranças de algum figurão da alta sociedade.

Em questão de segundos eles já haviam afastado as pessoas inclusive nós e isolaram aquele trecho da avenida. Todos estavam curiosos com o que viram e questionavam aos homens uniformizados, mas como ocorre sempre com coisas assim, eles nada diziam além de nos mandar procurar a direção.

O noticiário noturno apenas mencionou o ocorrido como um acidente lamentável, que a mulher estava bem e que estava internada para tratamento num hospital fora da cidade com as despesas pagas pelo Jardim do amanhã. Como poderia estar bem depois de uma queda daquela altura? Da galeria nada foi dito, por que?

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Tex
Enviado por Tex em 17/06/2005
Código do texto: T25302