O LOBISOMEM DE AMPARO - PARTE 04 – O DIA DO CASAMENTO DE MEUS PAIS.

PARTE 04 – O DIA DO CASAMENTO DE MEUS PAIS.

Meus pais casaram no dia de Nossa Senhora da Conceição, 08 de dezembro, segundo eles foi uma festa linda e com muitos convidados.

Um dos convidados foi o Seu Armando e família, que na época consistia em esposa e um bebê de colo ainda no cueiro. A festa estava boa e desde o começo seu Armando falava em ir embora, em voltar para a casa, ele e a família moravam numa distância mediana entre a Aparecidinha e a casa de meus avôs. Mas como corria muita comida e bebida, o pipoqueiro e a sua família perderam a hora. No por do sol o pipoqueiro como louco pegou a esposa pelo braço e foi embora.

Daqui em diante conto, o que foi dito para minha família. O relato foi feito pela esposa do seu Armando, a qual nunca prestei muita atenção no nome.

O Seu Armando estava muito nervoso e queria que a esposa fosse embora à frente. No caminho ele passava mal, suava e cada vez mais irritado, até que ele diz que estava com dor de barriga, entra no mato e a manda ir caminhando à frente, o mais rápido possível, pois depois de se aliviar ele voltaria à festa dizendo ter perdido a carteira.

A mulher foi calmamente pelo caminho em direção a propriedade dela, rodeada por cerca, com grande porteira de madeira e lindas arvores frutíferas no jardim. Ao chegar próxima a sua propriedade escuta um uivo que gelou o seu coração, afinal as estórias do lobo ainda ocorriam nas roças, mas ela nunca ligou, pois na época o seu marido não trabalhava como pipoqueiro e sim como vigia noturno numa fabrica.

A mulher apressa o passo e de longe ela vê o lobo. O que mais chamava a atenção nele, não era o pelo negro, nem os dentes brancos e nem o tamanho, mas sim os olhos vermelhos que brilhavam intensamente sob o luar. Ela com medo e com o bebê no colo começa a correr, passa pela porteira e tranca.

O lobo com apenas com uma patada derrubou a porteira. Ela, entre a casa e a mangueira, escolheu a mangueira. Subiu tão rápido que só podia ser milagre de Nossa Senhora da Conceição, e o lobo pulou... Quase pega o menino, arrancou a manta e no cueiro. E ali ficou o lobo a noite toda. Ela rezava para a Santa trazer o seu marido rapidamente de volta, para Seu Armando matar tal fera. A cada Pai-Nosso um uivo. A cada Ave-Maria um pulo. O bebê chorava e ela chorava, e ai o galo cantou e de longe a aurora aparecia. O lobo da um uivo e corre na estrada.

Descer ou não descer? A mulher ficou em duvida e tão apavorada que não sabia o que fazer e nisso quem aparece? Seu Armando.

Ela não sabia se chorava, se ria ou se agradecia a santa por tanta amolação. Mesmo o marido a chamando de louca por estar desmiolada inventando estória, ela estava feliz até que o marido fez gracejo para o filho e ali esta a motivo do pavor, nos dentes do marido um monte de fiapos da cor da roupa do bebe...