O LOBISOMEM DE AMPARO - PARTE 05 – O QUE FAZER?

PARTE 05 – O QUE FAZER?

Esta parte da estória veio da Dona Alice, de minha mãe, Dona Palmira e da Dona Rosa.

No dia do incidente foi o pior dia da vida da esposa do Seu Armando, seu filho não parava de chorar, dormia e acordava aos berros, ela com medo do marido e cheia de interrogações. Entre elas se ele fosse lobisomem por que não sumia todas as luas cheias? Teria cura? O que fazer? Voltar para Minas para a casa dos pais?

E o filho não parava de chorar, até que uma amiga próxima aconselhou de levar a criança para uma benzedeira, ela recomendava duas: Dona Rosa e Dona Palmira eram benzedeiras de mão cheia, afinal, o menino podia esta sofrendo de “susto”.

Isso mesmo, sofrendo de susto coisa comum naquela época e na minha infância. Alem disso também tinha quebranto, cobreiro, sapeiro, ramo de ar, simioto e mais um monte de doenças que sumirão, ou mudaram de nome? Não sei, mas as orações das duas benzedeiras me curaram muitas e muitas vezes na minha infância.

A mulher do seu Armando procurou a benzedeira Dona Rosa, esta logo acomodou a senhora que esta com olheiras profundas na frente do fogão de lenha. A senhora deu um gole de café para mulher e falou que ia benzer o menino.

Pegou um copo de água e um pano branco. O pano branco ela cobriu a cabeça da criança e com o copo ela fazia o sinal da cruz enquanto rezava um credo e pediu para Nosso Senhor e Nossa Senhora interceder para que o menino pudesse dormisse, e falando o nome da criança em voz alta pegou três tições com uma colher e jogou no copo na hora os tições se apagaram e o carvão foi ao fundo.

Realmente o menino estava muito assustado e não era manha e nem dor, era susto mesmo, pois se não fosse susto o carvão flutuaria. Desta água eram tiradas três colherzinhas e dada para a criança beber. O que restou no copo foi jogado em três cantos, mas não no canto de onde saiu à brasa. Sei como foi feito, pois Dona Rosa fez muito isso para mim.

Já que estava ali a Dona Rosa se propôs a fazer uma benzedura na mãe também e não é que a mulher estava também assustada? Foi só cobrir a cabeça da mulher ela desatou a chorar e a chorar.

Depois que se acalmou ela contou o fato para a Dona Rosa.

A velha senhora na sua sabedoria que estava no sangue afirmou:

- É Lobisomem, o seu marido é lobisomem, temos que saber como ele ficou com o mal para podermos curar, mas vamos marcar um café amanhã cá em casa, vou chamar a Palmira e a Alice para discuti, que eu saiba tem só como afastá-lo da sua casa e tem que batiza logo a criança, pois Lobisomem adora come criançinha não consagrada.

Ai a benzedeira ensinou uma oração contra o mal para ser feita as sexta feiras, queimando palma benta, incenso e mirra e sempre começando do quintal para fora:

Em louvor do Santíssimo Sacramento do altar, Esta minha casa eu estou a defumar, Para que todos os espíritos maus, Inveja, praga, mau-olhado E artes diabólicas se hão de afastar. E a paz de Jesus nos venha abençoar. (abrir a porta da rua e dizer três vezes) Em louvor de São Bento Sai o mal para fora que entre o Bem para dentro.

E assim a reunião das três velhas senhoras estava marcada.