O LOBISOMEM DE AMPARO - PARTE 06 – A REUNIÃO

PARTE 06 – A REUNIÃO

No outro dia lá estava às três reunidas. Três velhotas, três terços, três galhinhos de arruda atrás de orelha, cada qual com o seu patuá e não se sabe por que cada qual com a sua colher de pau.

A mulher do Seu Armando chegou logo falando que tinha mentido para o marido e que falara que tinha que benzer o menino outra vez e que na noite anterior o menino tinha dormido como um anjo.

Primeira coisa que as velhas perguntaram:

Quantos irmãos e irmãs e o seu marido tem, vivos e mortos?

Seu Armando era o sétimo filho. Sua mãe deu a luz a oito homens seguidos e depois duas mulheres e mais dois homens. Nem todos estavam vivos. Mas o marido tinha certeza disso.

Ai estava à resposta, pois só é lobisomem de três maneiras:

Sendo mordido por outro lobisomem e sobrevivendo ao ataque

Fazendo um ritual na sexta feira maior numa encruzilhada a meia noite e pedindo para “cão” morar nele em troca de riqueza ou outra coisa que queira

Por ultimo sendo o sétimo filho de uma seqüência do mesmo sexo. Para evitar que ele seja lobisomem bastava o irmão mais velho ter batizado antes da primeira lua cheia após o nascimento do menino

No primeiro caso tem que matar o lobisomem que transformou a pessoa que queremos salvar a alma, mas isso fica difícil, pois às vezes pode ser um lobisomem errante.

No segundo caso temos que convencer a pessoa a querer Jesus no coração.

No terceiro caso, cada velhota tinha a sua receita.

Dona Rosa foi certeira, quando ele sair na lua cheia siga-o e quando ele tirar a roupa para se transformar marque bem onde ele a colocou, quando ele sair de perto a pegue e vá para solo santo e queime-a, mas assim que você tocar na roupa ele saberá e tentara te matar. Ele ira tentar impedir que você chegue ao solo santo, mas caso você chegue você estará segura, mas isso ela não tinha certeza, pois ninguém tinha sobrevivido nessa tentativa.

Dona Alice também foi certeira, faça setas e na ponta coloque uma massa de cera de vela de três missas do galo, essa cera tem que ser pega durante a missa e exatamente a meia-noite, misture com as cinzas de São Elóquio ou com cinzas recolhidas de três quartas feiras de cinza, sal bento e uma hóstia consagrada. Tem que fazer sete setas em cada seta um pouquinho desta mistura e acertar as setas no Lobisomem sem matá-lo.

Dona Palmira também deu sua receita perfurar a pele do lobisomem durante a transformação dele de humano para fera com sete espinhos recolhidos de uma laranjeira que esteja plantada em solo santo, assim que perfurar a pele com o sétimo espinho da laranjeira, a transformação parara, para que nunca mais ocorra à transformação, os ferimentos serão tratados com chá de flor da laranjeira e na Sexta feira santa o ex-lobisomem terá que plantar sete mudas de laranja em sete lugares sagrados.

Bem, todas as três concordaram que o melhor mesmo seria ela contratar alguém que durante a transformação desse um bom tiro no coração do lobo, mas a bala teria que ser de prata, e esta prata teria que vir de um objeto santo.

Outro ponto em comum na “cura” que as três deram foi que se ela não amasse realmente o Seu Armando ela não teria coragem e nem conseguiria fazer o necessário para a cura.

Por mais que a mulher chorasse a decisão estava nas mãos dela e antes desta ir embora, casa velha senhora fez uma oração e deu a mulher um objeto de proteção. E por incrível que pareça nunca fiquei sabendo que objetos eram e olha que esta narração foi contada par mim mais do que uma centena de vezes.

E a duvida da mulher do pipoqueiro continuava: O que fazer então?