IRMÃ EGLÉ

O silêncio naquela humilde capela foi cortado subitamente pela entrada de uma pessoa totalmente alheia ao ambiente. Irmã Eglé sabia que não era nenhuma das suas irmãs de ordem e sim aquela alma atormentada que vinha quase todos os dias procurá-la no convento. As suas preces foram  bruscamente interrompidas pela mão pesada de Oto no seu ombro. Ela virou-se e contemplou um rosto angustiado e cheio de aflições. Sentiu muita pena dele, só não podia ajudá-lo, não da maneira como ele queria.
- O que deseja Oto? Quantas vezes vou ter que repetir para me esquecer e não voltar mais aqui. A madre superiora já está me olhando com outros olhos, por favor não queira estragar isso que tanto custei a achar. Neste lugar tenho paz e vivo minha vida longe desses sentimentos horríveis e mesquinhos que infernizam as pessoas. Nunca mais quero sentir o que sentia quando estava do seu lado. Pelo amor de Deus vá embora e se você me ama como diz, vai perceber que eu sou feliz desse modo e irá conformar-se.
Irmã Eglé vira o rosto e reinicia suas ora ções convicta que fizera a escolha certa. Oto se vai, porém ao atravessar a porta da capela, ele volta e encontra Eglé chorando. Os olhos de ambos fixam-se e Irmã Eglé tira o capuz da cabeça e corre pros braços de Oto chorando beijando-o apaixonadamente. Aquilo fora apenas sonho e nada mais, ao voltar-se encontra Eglé rezando fervorosamente e com clareza uma ave-maria, que soava por toda a capela. Ele encara os rostos dos santos e sente que era um intruso, um anjo mau tentando um anjo bom. Oto sai correndo da capela e esbarra numa freira que ia entrando. Ele a ajuda a levantar-se, pede desculpas e segue seu caminho. A freira também segue o seu e se senta ao lado de Irma Eglé.
- Era ele de novo irmã? Pergunta a outra curiosa.
- Sim irmã Maria Clara! Era ele e parece que nunca desistirá de vir aqui procurar-me e com isso trazer lembranças que queria e quero tanto esquecer.
- A madre superiora quer vê-la imediatamente na sala dela irmã.
Irmã Eglé dirige-se ao encontro com a madre superiora e ao entrar a encontra lendo um livro. Assim que a vê madre Bernardete a manda sentar e ela o faz lentamente.
- Irmã Eglé, sinto em dizer, mas terá que deixar o convento.
- Por que madre? O que fiz de errado?
- Desde que esse rapaz veio vê-la, a irmã ficou perturbada e se tornara relapsa com as suas obrigações aqui no convento.
- Por favor madre, me dê um castigo, uma penitencia, só me deixe ficar.
- Vá e descubra sua verdadeira identidade irmã, e se chegar a conclusão que essa vida aqui é a melhor pra você, estaremos lhe esperando de braços abertos, eu e suas irmãs. Sempre desconfiei que isso só era uma fuga pro seu fracasso como pessoa lá fora. Hoje tenho quase certeza, por isso você deve ir, e voltar a ser Alessandra, a esposa e mãe transtornada pela perda do filho num acidente de carro e também resolver sua história com esse homem que vem visitá-la sempre. Existe algo de mal resolvido entre vocês que ainda a prende no seu passado.
- Não, por favor, tudo menos isso. Grita irmã Eglé chorando e desesperada.
No dia seguinte Irmã Eglé sai do convento com a mesma roupa que chegara. Estava sozinha, abalada emocionalmente e deprimida e isso era super perigoso para alguém tão fraco.
Irmã Maria Clara preocupada com a sua amiga a quem dedica um carinho especial resolve avisar o ex-marido de Eglé.
A primeira coisa que vem a cabeça de Eglé foi visitar sua amiga Polyana. E foi o que fez, dirigiu-se para lá rapidamente. No caminho ela é tomada por um branco metal, esquece tudo, para onde ia e quem era. Aquele seu momento de fraqueza foi o suficiente para um carro atropelá-la. Quando acorda, Eglé se ver diante de um casal totalmente desconhecido. Ela não se lembrava de nada, esquecera quem era, de quem vinha e para onde ia, até seu nome não conseguia lembrar.
A casa onde o casal residia era modesta e aconchegante. Ambos se mostravam  bastante gentis, principalmente a mulher, que sempre estampava um sorriso amável a todo momento. Fora isso eles pareciam viver em absoluta harmonia conjugal. 
- Meu nome é Flávia e este é meu marido Conrado. Nós te atropelamos e isso fez você perder a memória, você ficará conosco enquanto não ficar boa, não encontramos nenhum documento com você, nada que a identificasse. O medico disse que sua memória poderá vir de uma hora para outra. Como não sabemos o seu nome chamaremos você de Amaralina, nome que botarei no meu neném caso seja menina.
- Obrigado por tudo, falou ela recolhendo-se na cama, feito um coelhinho assustado.
Conrado tinha achado a moça meio esquisita, em particular a maneira como fora atropelada. Parecia que não se dava conta que estava no meio de uma autoestrada, coisa esquisita dizia ele a mulher.
Os dias foram passando e Amaralina conquistou a confiança de Conrado. Os dois tornaram-se grandes amigos. Morava junto com o casal o irmão de Conrado, Zózimo. Ele era absolutamente o oposto do irmão e de vez em quando Alessandra o flagrava trocando olhares com a cunhada. Tanto Conrado quando Zózimo eram taxistas. Conrado era o dono dos dois carros e o irmão trabalhava para ele.
Periodicamente Conrado ou Flávia levavam Eglé ao médico. Em uma dessas consultas que faz a um médico levada por Conrado, ele recebe o diagnóstico que a jovem está com amnésia. O médico frisa que não dava para prever a hora em que Eglé se lembraria do seu passado. O doutor pedia que ela forçasse um pouco a memória, Eglé reclama que ao fazer isso sentia fortes dores de cabeça. E assim foram passando-os meses. Nisso Elgé adquiriu uma personalidade nova e contraditória a de Irmã Elgé e Alessandra. Ela ficara sensual, sexy, provocante e coquete, talvez pelo fato de conversar com Flávia que queria ser dessa forma. Paralelamente a isso surge uma paixão avassaladora que toma conta de Amaralina pelo marido Flávia. A noite ela sonhava com Conrado, amando-o, tramando a morte de Flávia que estava no quinto mês de gravidez.
Certo dia Conrado e Amaralina foram ao médico, estava perto do natal e ele resolveu fazer compras. Como Amaralina estava meio indisposta resolveu voltar e pegou um táxi, por insistência de Conrado. A entrar em casa ela nota um estranho silêncio. Pensando está sozinha ela vai direto pro quarto, na ida ela passa em frente ao quarto de Flávia Ouvindo sussurros Amaralina decide averiguar a aproxima-se com cautela e sorrateiramente da porta que está mal fechada exibia uma fresta. Ela olha e depara com uma cena que choca seus olhos. Flávia e Zózimo estavam no maior beijo. O primeiro pensamento de Amaralina foi sair correndo atrás de Conrado e contar tudo, não obstante preferiu não intrometer-se naquilo. Deu meia volta e caminhou pé ante pé na direção oposta, mas ao ouvir precisamos matá-lo, retornou cuidadosamente e pode presenciar um plano sórdido dos dois para matarem Conrado. E ainda pode ouvir entre gargalhadas que o filho que esperava que não de Conrado e sim do amante e cunhado. Amaralina fica perplexa e apavorada com aquilo que acabara de ouvir. Como eles podiam tramar daquela forma tão fria a morte de uma pessoa. Amaralina sai devagar rumo a porta da rua. Ela tinha que avisar Conrado. Era duas da tarde quando este chega em casa. O clima que pairava no ar era de tensão. Conrado já chegara há horas e quando perguntara a esposa sobre Amaralina e esta informara que ela ainda não havia chegado. Ele ficou louco, culpando-se caso algo pudesse ter acontecido a ela.
Assim que entra Amaralina é abraçada por Flávia e Conrado. Ambos a cercam de mil e uma perguntas. Ela fica aturdida com tantas perguntas e só conseguia pensar nas coisas que descobrira e na forma como conduziria as coisas dali pra frente.
- Vagando por ai! Talvez eu visse alguma coisa familiar e minha memória voltasse.
- Porque não falou comigo querida, eu teria ido com você. Falou Flávia sorrindo.
- Com tudo esse imprevisto, nem lembrei de dizer a vocês.
- Dizer o que querido, pergunta Flávia.
- Andando pela rua eu encontrei o Válber, aquele meu amigo que trabalha no jornal Afinação. Conversamos muito e eu mencionei o caso de Amaralina e ele disse que poderia me ajudar a descobrir tudo sobre ela. Bastava por um anúncio no jornal com uma foto em destaque. Daí eu dei aquela foto que tiramos no parque domingo retrasado. A reportagem vai sair amanhã e ai ficaremos conhecendo que é “Amaralina”.
- Que bom! Exclama Flávia abraçando Amaralina.
Como alguém poderia ser tão fria, calculista, falsa e dissimulada. Amaralina fica em silêncio por alguns segundos pensando que atitude tomar. Teria que ficar a sós com Conrado para lhe falar das intenções de Flávia e Zózimo.
O almoço fora agitadíssimo, pois Flávia e Conrado discutiam o nome do bebê, batizado, escolha de padrinhos. Se fosse homem era a grande dúvida, ambos concordavam na escolha de um nome que não fosse comum e sim diferente.
- Que tal Otonie! Sugere Amaralina.
- De onde você tirou esse nome Amaralina?
- Era o nome do meu filho?
- Você já teve filho? Prosseguiu Conrado tentando ajudá-la a lembrar-se.
- Tive sim e ele era lindo, entretanto eu o matei...
Ao falar aquilo Amaralina tem uma vertigem e desaba na mesa inconsciente. Conrado foi ao seu socorro e a levou pro quarto colocando-a na cama. A noite foi se aproximando e uma febre alta tomou conta de Amaralina. Eles chamaram o médico, este nada pode fazer, já que tudo era conseqüência de fatores psicológicos.
O mal estar de Amaralina fez Flávia e Zózimo adiarem a morte de Conrado. No dia posterior todos ali foram acordados pelo soar do telefone tocando. Conrado ficar ano quarto de Amaralina lhe fazendo companhia. Ele atende ao telefone e uma voz do outro lado do aparelho insistia num alô.
- Quem fala? Quer saber a misteriosa voz.
- José Conrado Correia! E você quem é?
- Polyana Almada! É sobre o anuncio do jornal que fala sobre uma moça atropelada pelo senhor e sua esposa. Ela é minha melhor amiga, somo como irmãs na verdade, eu poderia ir até ai vê-la?
- É lógico que sim, por favor, anote o endereço! Pede Conrado apreensivo do outro lado da linha.
Terminada a conversa com Polyana, Conrado conta a Flávia o que conversara ao telefone com a suposta amiga de Amaralina.
No outro dia bem cedinho Polyana aparece na casa de Conrado e Flávia. Eles a conduzem ao quarto de Amaralina e a moça não consegue conter a emoção ao rever a amiga, que não via há 5 anos. Completamente inconsciente Amaralina não pode compartilhar da emoção da amiga e levada por Flávia, Polyana resolve acalmar-se e fala que talvez a presença do ex-marido de Alessandra a faça recuperar a memória. Ela rapidamente resume a história de Alessandra para o casal que fica comovido com o sofrimento que ela já passara na vida.
Polyana manifesta a vontade de levar Alessandra para sua casa, porém ela prefere ficar com o casal. Alessandra sabia que não poderia ir sem antes tentar salvar a vida de Conrado e tentar saber o motivo pelo qual Flávia queria se livrar do marido. Ela não via motivos para assassinato, visto que bastava pedir separação e buscar a felicidade nos braços de quem amava. O conflito existiria visto que Zózimo e Conrado eram irmãos e o filho não era de quem deveria ser, contudo era melhor do que partir para violência e tirar a vida de alguém tão especial.
O tempo passa e a presença de Amaralina, agora Alessandra, impedia que Flávia seguisse em frente com seus planos, visto que olhos da hóspede pareciam acusá-la de algo e diante disso a presença de Alessandra passa a ser indesejável para a mulher de Conrado.
Flávia começa a implicar com Alessandra e Conrado começa a ficar confuso. Ela estaria com ciúmes da estranha proximidade que surgiu inexplicavelmente entre ele e Alessandra.
No tempo que ficava sozinha com Conrado, Alessandra procura descobrir algo que justificasse a intenção de Flávia. E então ela fica sabendo que Conrado fizera um seguro de vida em que a esposa era a única beneficiada, com essa informação ela fecha o quebra-cabeça das intenções de Flávia. Sem motivos para esconder mais a verdade, mesmo entre a cruz e a espada Alessandra conta tudo o que ouvira para Conrado, contudo ele se recusa a acreditar. Alessandra pede que ele confie nela, pois ela tem um plano. Conrado escuta atentamente e mesmo sem acreditar resolve dar um crédito para Alessandra. De uma maneira inexplicável ele sentia que aquela mulher meio desconhecida era confiável e sincera. Ele podia ler isso naqueles olhos melancólicos e cinzentos.
Certo dia em que está a sós com Flávia, Alessandra a encara nos fundos dos olhos e fala:
- Eu sei de tudo sobre você e seu cunhado... também sei da sua intenção...
- Do que fala? Eu não estou entendendo...
- Não tente ser falsa, mentir ou dissimular, escutei uma conversa sua com o Zózimo sobre a morte do Conrado e sei que vocês são amantes e que o filho que você espera é dele.
- Você deve está tendo uma alucinação por causa da amnésia. Estou começando a ficar com medo, acho que é a hora de você partir. Você não é mais benvinda aqui.
- Sendo ou não benvinda vou continuar aqui quer queira ou não, não vou deixar que você mate o Conrado.
- Hum... então é isso você está apaixonado por ele, está gostando do meu marido sua vaca. Agora é que não fica mesmo...
Após finalizar a frase Flávia começa a gritar pedindo socorro e Alessandra parte para cima dela e lhe dá duas bofetadas, ela cai no chão. Quando dá por si está sentindo fortes dores na barriga e percebe que está entrando em trabalho de parto.
- Olha o que você fez desgraçada, agora eu vou morrer, eu e meu filho – grita Flávia histérica.
- Eu posso salvar você e seu filho, desde que admita o que você está planejando e todas as suas verdades...
- Eu estou com muita dor, me ajuda por favor...
- Fala senão te deixo morrer. Grita Alessandra indo ao chão.
- Sim é verdade, eu amo o Zózimo e só mantenho o casamento pelo seguro, quero matar o Conrado e ficar rica para viver feliz com o pai do meu filho.
Nisso surge Zózimo que entra em pânico ao ver a cena e seguindo as instruções de Flávia ele imobiliza Alessandra deixando-a inconsciente. Em seguida coloca Flávia no carro juntamente com Alessandra e rumo pro hospital mais próximo. No carro aos gritos Flávia se contorce de dor, enquanto Zózimo pergunta:
- E agora o que faremos? Eu te falei que ela estava desconfiada, o que faremos...
- Me deixa no hospital e depois dá um sumiço nessa vaca louca, maldito dia que eu e o Conrado a atropelamos. Bem que eu queria ir embora e deixá-la lá, só que o palerma do seu irmão não deixou. Rápido essa dor está ficando insuportável...
Zózimo dirige com cuidado não percebendo que em um cruzamento surge o carro do irmão, que ouvia toda a conversa das duas mulheres pelo celular que estava ligado escondido no bolso de Alessandra. Quando percebe o carro do irmão na sua cola, Zózimo entro em desespero. Por sua vez após descobrir a verdade Conrado fica transtornado, ou melhor, completamente fora de si e apenas a vingança movia seus instintos mais primitivos. Nada mais importava para ele já que sua vida fora uma grande farsa, o amor da mulher não existia, o amor do irmão também não e nem o filho era seu. Cego de raiva ele começa a jogar o carro em cima do de Zózimo. Essa sequência de batidas tira os dois carros da estrada fazendo que os dois capotem ao mesmo tempo. A capotagem deixa Conrado inconsciente no seu carro que fica de cabeça para baixo. Já o do irmão durante a capotagem acaba jogando Alessandra e Flávia para fora do carro, que bate numa árvore e explode.
O barulho das batidas e os gritos acordam Alessandra que vê ao seu lado Flávia gritando e se contorcendo de dor. Ela se aproxima dela e em meio a tanto desespero ela ouve um pedido desesperado. Flávia pede que ela salve o seu filho e cuide dele caso aconteça algo a ela. E assim ali mesmo ela com a ajuda de Alessandra dá a luz ao filho para em seguida morrer.
O acontece depois Alessandra não sabe já que desmaia com a criança toda ensanguentada nos braços.
Quando acorda o primeiro rosto que vê é de Polyana, sua amiga querida e por qual tinha verdadeira adoração. Polyana pede que ela evite falar, já que teve fraturas e perdeu sangue. Em seguida relata que Zózimo e Flávia estão mortos e que Conrado está bem, apenas quebrara uma perna. O bebê estava em observação visto que nascera de 7 meses, portanto precisava ficar no hospital por mais algum tempo, porém seu estado de saúde não era grave.
Uma semana se passa e Conrado volta pra casa numa cadeira de rodas com a ajuda de Polyana e Alessandra. Quanto à criança ainda permanecia no hospital na incubadora ganhando peso. Nas conversas que tivera com Conrado, ela fica sabendo que de sua pretensão em dar a criança para adoção, já que não suportaria cuidar do fruto da traição. Nem mesmo o fato dele ser filho do irmão aplacava a sua decisão.
- Tenho pena dessa criança Polyana, ela não tem culpa de nada, é tão vitima quanto Conrado.
- Mas ele é humano, afinal foi traído pela mulher com o irmão. O mesmo que aconteceu com você e Oto, lembra...?
- Sim só que no acidente depois daquela briga em que descobri o caso dele com a sua colega de serviço, eu não consegui salvar meu filho. Eu me sinto culpada até hoje, jamais devia ter iniciado aquela briga no carro com o Thiago no banco de trás.
- Você é humana Alessandra, você não é culpada de nada, se tem um culpado é o Oto. Ele foi o único culpado de toda essa tragédia. Dessa vez foi tudo diferente você conseguiu salvar a criança, impedir um assassinato...
- Sim, acho que não foi a toa que sai do convento, que fui atropelada e vim parar aqui nessa casa, eu tinha que salvar duas vidas. Por isso se o Conrado não quiser mesmo o bebê eu vou adotá-lo, vou cuidar dele como se fosse meu filho.
- Que gesto bonito Alessandra, por isso eu gosto tanto de você, tem um coração de ouro. Antes de tudo eu sugiro que você faça um teste de DNA escondido do Conrado, quem sabe a Flávia que tanto mentiu não mentiu sobre isso também.
No dia que finalmente a criança recebe alta, Alessandra convida insistentemente Conrado para acompanhá-la. Ele vai resolvido já a levar a criança até um orfanato do qual já visitara previamente, ele fizera isso sem Alessandra saber. Na saída do hospital, após assinar a papelada Conrado pede que Alessandra lhe entregue a criança.
- Não. Eu vou ficar com ela, não vou deixar essa criança a sua própria sorte, isso é contra os princípios cristãos que acredito.
- Você percebe o que me pede, que crie essa criança fruto da maior traição da minha vida e que jamais vou conseguir esquecer. E com essa criança na minha frente, na minha casa e na minha vida será ainda mais difícil...
- Nem o fato dele ser sua sobrinha e dela não ter culpa de nada e também ser vitima como você?
- Não e se você insiste nisso, terá que criá-la bem longe de mim e sendo assim não nos veremos mais. Eu sinto muito...
- E soubesse que ela fosse sua filha, isso o faria mudar de ideia? Por sugestão de Polyana, eu resolvi fazer um teste de DNA, visto que nada vindo de alguém como Flávia podia ser confiável integralmente. Está aqui olhe e veja com seus próprios olhos, esta criança é sua. Talvez ela tenha dito ao seu irmão que era dele para que ele se sentisse mais motivado a ajudá-la no seu plano, pelo mesmo motivo de você agora não querer criar o filho que julgava ser de outro homem.
Conrado abre o envelope e constata que a criança é sua, até nisso Flávia mentira. Diante dessa verdade ele abraça Alessandra e a filha simultaneamente. Em seguida os três entram no carro que os levaria para uma nova vida que tinha perspectivas de muito amor e felicidade.

ZARONDY, Zaymond. VIZZÕES. São Paulo: Grupo Beco dos Poetas & Escritorees Ltda., 2017.
 ISBN 978-85-5610-013-9 
Zaymond Zarondy
Enviado por Zaymond Zarondy em 26/12/2010
Reeditado em 22/02/2019
Código do texto: T2692915
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