Um assassinato no recanto das letras ( texto 200) Agradeço a todos que me leêm e que constroem belíssimos textos neste admirável recanto.

Lá estava ele em frente ao computador redigindo seu conto como de praxe. Ele sempre postava um conto por dia, nem mais nem menos. Dividia seu tempo entre família, profissão e, é claro, aquele maravilhoso recanto das letras. De repente aquele bip no computador. Era seu melhor amigo virtual no msn.

- Oi Sargento, você está aí?

Ele sorriu como se estivesse frente a frente com seu amigo... sempre conversavam pelo Messenger, e mesmo odiando conversar enquanto escrevia, interrompeu sua atividade e o respondeu.

* Sim amigo, é claro que estou aqui. Como vai você?

- Estou em perigo!

* Pare de brincar Sid. KKKKKKK...

- É sério Marcos.

Poucos no recanto o chamavam pelo nome. Todos o conheciam por sargento. Mas aquela amizade já os unia há 28 anos. E eles acabaram por se tornar confidentes Amigos de longas prosas...

- Tem alguém me ameaçando, acho que é do recanto, ameaças de morte. Estou com muito medo!

* Não deve ser nada, só alguém querendo lhe passar um trote.

- Eu recebi uma carta aqui em casa, hoje cedo, ele sabe onde eu moro, sabe tudo de mim, não posso confiar em mais ninguém.

* Do que está falando? É impossível!

- Claro que não, o meu nome está lá, e parece que foi muito fácil me achar.

* E o que dizia a carta?

- Dizia que eu morrerei amanhã. O que faço Marcos?

Marcos coçou seu bigode, era uma de suas manias.

* Bem!... Saia da sua casa. Saia agora e vá para um lugar seguro.

- Você está louco! Não posso fugir também... ele sabe tudo que eu faço...

* Fuja logo!

- Já disse, não posso! Ele ameaçou matar cada pessoa próxima a mim. Uma a uma. Parentes, melhores amigos, todos.

- Sei que a lista não é grande após meu divórcio. Meus filhos, já não vejo há muito tempo, depois que se mudaram para Europa

- Minha ex já se casou novamente. Já é até viúva, e dona de um hotel ridículo.

- E ele me passou até uma lista dos endereços das pessoas.

* Ele é um psicopata, amigo! Tem que sair logo daí.

O sargento estava nervoso, começava a fazer algo realmente fora do comum, digitava palavras erradas enquanto conversava. O que era realmente incomum, visto que seu Português era perfeito.

- Ele me disse que se eu chamar a polícia, a primeira vitima iria aparecer degolada.

- Me tornei um solitário por todos estes anos. Já não escrevo tanto depois das inúmeras críticas que recebi, após aquele conto idiota. Mas por que eu. Não tenho nem contato com as pessoas. Fico aqui isolado neste quarto.

* Bem, você acha que ele pode ser alguém do recanto?

- Sim, acho! Tenho amigos por aí, mas também fiz alguns desafetos.

- Seu modo de escrever é muito típico de uma pessoa culta. Palavras... ele citou textos e datas de publicações na carta.

* O que você vai fazer?

- Eu comprei uma arma!

* O quê? Está louco!

- Tenho que me defender, apenas não tinha a quem contar. E nossa amizade vem durante longos anos amigo.

* Eu sei e dou muito valor a ela. O que quer que eu faça por você?

- Meu Deus! Tem alguém lá fora. Me ajude amigo!

* Que isso amigo?

* Sidney... isto é uma brincadeira né?

* Oiiiiiiii...

* Sidney???

Ele não voltou mais aquele dia. A cabeça do sargento estava cheia de pensamentos... “Será que a internet havia caído!?”,” Ele estava brincando comigo?”, “Não. Alguma coisa aconteceu!”... passou a noite em claro depois daquela conversa, andou pela casa a madrugada inteira. Esperou o dia amanhecer e se conectou novamente, mas nada do Sidney estar conectado. Ele não sabia o que fazer. Mais um dia se passou, tentou novamente contato e nada. O que fazer, ele precisava descobrir por si mesmo, era seu amigo, precisava de sua ajuda. Ele pegou sua arma, sua farda, se aprontou e saiu em seu Cadillac azul de colecionador rumo à cidade que seu amigo tanto mencionava. Ele iria pra lá e procuraria por Sidney. Não deveria ser tão difícil. Viajou por kilômetros, sempre conectando-se no msn pelo celular. Mas seu amigo não estava on line. Depois de atravessar o estado, ele chegou àquela pequena cidade, parou num posto e saiu do carro.

- Bom dia!

A frentista era uma moça gorda de seus 22 anos por aí, usava um batom ridículo, e um chapéu pra se proteger do sol, um horrível chapéu de praia.

-Bom dia.__disse ela com uma voz que realmente combinava com sua beleza. Um azar tremendo pra ela.

- Procuro por um homem. Seu nome é Sidney. Ele mora na cidade há muitos anos.

- Sidney? Conheço não senhor.

- Ele tem 57 anos, cabelo crespo, 1,73 altura...

Ela apenas balançou negativamente a cabeça e perguntou se ele queria que enchesse o tanque.

- Pode sim! Acho que vou ter que rodar muito mais do que imaginei. Disse, enquanto olhava ao redor observando a imagem de uma cidade dominada por indústrias, entre elas uma fábrica de bebida, e ao longe uma serra que até deveria ter sido bonita um dia, mas agora era totalmente povoada por um aglomerado de casas mal acabadas. Pagou a mulher com seu cartão de crédito e seguiu para o pequeno centro da cidade.

Procurou informação por toda parte, mas ninguém conhecia o homem com a descrição que ele relatava. Seguia em busca de seu amigo, que parecia ser mais desconhecido que ele próprio naquele lugar. Por fim já ao anoitecer decidiu que deveria procurar um lugar pra dormir.

- Senhor, boa noite. Poderia me informar onde há um hotel onde eu possa repousar.

- Sim meu filho, o Hotel da Dona Ana. É o único nesta pacata cidade.

- Dona Ana. É claro! Obrigado senhor.

Ele seguiu para o hotel, que ficava num bairro não tão afastado do centro, era um lugar sem muito luxo, mas adequado para um bom descanso. Entrou e se deparou com uma mulher por volta de 60 anos.

- Boa noite, amigo. Em que posso ajudá-lo?

- Procuro um quarto, senhora.

- Um quarto, sim é claro. Aqui sempre procuram quartos. Siga-me por favor.

Era um hotel velho, mas bem cuidado, paredes todas de tijolos a vista laminados. E um enorme corredor que dividia os quartos como uma rua, números pares de um lado e ímpares de outro. Eram oito quartos.

- Belo hotel, senhora.

- Nem tanto amigo. Aqui, nesta cidade nada é belo.

- Posso cometer uma indiscrição?

- Diga logo. Não me deixe curiosa.

- Você por acaso conhece ou conheceu algum Sidney Muniz?

A mulher deixou cair as chaves que carregava em suas mãos e com um rosto pálido voltou-se para o sargento.

- Quem é você?

- Eu sou um amigo dele. Meu nome é Marcos. E o seu deve ser Ana Lucia. A ex-mulher dele.

- Sim. Sou. Ela parecia assustada.

- Mas diga-me, por que ninguém o conhece por aqui?

- Há quinze anos ele se isolou de todos. De mim de meus filhos. De todo mundo da cidade. Não sai daquela miserável fazenda pra nada. Um motoqueiro leva pra ele tudo o que precisa. Paga pra ele por debaixo da porta. Ele é conhecido apenas como poeta. Mas por pouquíssimas pessoas.

- Olha ele corre perigo. Alguma coisa aconteceu com ele.

- Não seja tolo. O que iria acontecer com ele? É apenas um velho gagá.

- Você pode me levar até a fazenda amanhã? Eu te trago de volta.

- Está louco! Eu não vou lá a 14 anos. Acha que vou agora só por que um policial de não sei onde está me pedindo?

- Ele foi ameaçado de morte, Ana! E só não saiu de lá por você. Para proteger sua vida.

- Ah sei! Eu te ensino o caminho e você não me enche, certo?

- Ok!

A noite passou lentamente enquanto o sargento escrevia em seu computador que carregava pra onde ia. Passou boa parte da noite tentando formulara algo, mas não conseguiu terminar seu conto. Era a primeira vez que isto acontecia em anos. Visitou a página de seu amigo e leu alguns contos. Novamente tentou encontrá-lo conectado, mas sem sucesso. Por fim ele dormiu. Acordou às seis horas e lá estava ela de pé.

- Pode, por favor, me mostrar onde é?

- Sim. Mas mudei de idéia. Vou com você.

Um sorriso escapou dos lábios do sargento que entrou no seu carro e saiu dirigindo orientado por Ana.

Depois de 40 minutos eles chegaram a uma porteira velha. Era a entrada da fazenda.

- É aqui?

- É sim! Quanto tempo desde a última vez.__ ela pensou alto.

Eles entraram e seguiram por mais dois quilômetros até a casa. Não havia animais, nada. Era um lugar praticamente deserto. A não ser pelos pássaros que voavam livres por ali.

- Sidney! Você está aí?

Chamaram por diversas vezes. Mas nada. Até que o sargento resolveu entrar. Chegou até a porta e girou a maçaneta, mas a porta não estava sequer trancada. Quando ele encostou nela, ela simplesmente rangeu e se abriu. À sua frente o que ele viu foi uma tamanha desordem que se assustou. Dezenas de livros rasgados no chão, uma velha máquina de datilografia e um computador de última geração todo quebrado sobre uma mesa de sucupira, feita especialmente par suportá-lo. Ele pegou sua arma e a segurou olhando pela mira. Andava a passos lentos, e se assustou quando viu uma mancha de sangue sobre o teclado do computador.

- Meu Deus! O que aconteceu por aqui?

- Isso é sangue!?

- Sim senhora. Alguém o atacou.

- Mas por quê?

- Ainda não sei.

- Devemos chamar a policia. E rápido.

O capitão lembrou-se da conversa. Ele o havia dito que se chamasse a polícia o psicopata mataria um de seus próximos. E se o Sidney estivesse vivo?

- Não, ainda não. Me dê mais um tempo.

- Eu preciso pegar a memória deste computador. Acho que o Sidney não está morto. Tem algo de errado por aqui. Vou dar uma volta pelos arredores da fazenda. Você vem?

- É claro que sim. Não vou ficar aqui sozinha!

Assim os dois saíram em busca de pistas ou de um corpo jogado, ou terra mexida em algum canto daquele lugar deserto, mas não encontraram nada.

- Isto é loucura! Já estamos andando há quatro horas e nada. Andamos pela fazenda inteira. Devemos ir.

- Nós vamos Ana.

- Mas e a polícia?

- Eu sei o que estou fazendo. Ainda não é hora de chamar a polícia!

Assim eles saíram da cabana e voltaram para o hotel.

- Coisa de amador Ana. Se fosse um profissional não deixaria essa memória desse jeito... a menos... Ah... meu Deus!

- O que foi? Sargento me diga logo. Vamos?

- Acho que pode ser uma mensagem.

- Como?

- Vou coletar os dados aqui. Você tem um computador por aqui? Esta memória não vai servir no meu.

- Sim eu tenho. Fica no meu quarto! Vou buscar.

- Eu te ajudo!

- No meu quarto só entro eu. Coisa de mulher. Eu trago pra você.

- Entendo. Pego no corredor então.

- Tudo bem!

Depois do computador instalado o Sargento conectou a memória no computador e depois de muito procurar, seus ombros baixaram.

- Não sei como achar. É quase impossível.

- Mas se você acha que é uma mensagem...

- Sim eu acho que ele deve ter deixado algo, mas não há nada nesta memória. É como se nunca tivesse sido usada.

- Como assim?

- Não sei Ana. Estou deixando escapar algo.

O dia passou. Ana o deixou ali pensativo e foi cuidar dos afazeres. Ele estava lá parado em frente à porta do hotel, assistindo o tempo passar, recapitulando cada passo dado, mas não conseguia enxergar nada diferente... mas sabia que havia algo errado ali. Resolveu voltar ao quarto e avaliar a memória novamente, precisava encontrar alguma coisa, qualquer coisa. Entrou no seu quarto, fechou a porta e ligou o computador. Novamente não encontrou nada.

- Droga!__disse angustiado pela situação.

Lá estava ele a coçar seu vasto bigode, dirigindo-se ao quarto de Ana para falar com ela. Chegando lá, bateu, mas ninguém atendeu. Foi quando ele viu que a porta estava entreaberta.

- Ana? Você está aí?__ ela não respondeu.

- Ana? __ele chamou novamente. Por fim, pegou sua arma e decidiu entrar. Lá dentro viu um cenário completamente desorganizado. Papéis pelo chão, um computador sobre uma mesinha velha e uma cama de solteira. Mas o que mais chamou a atenção é que Ana estava caída no chão e sangue escorria pelo piso, próximo a seu pescoço.

- Meu Deus! __ele se ajoelhou, e quando ia verificar seu pulso...

- Socorro!!!___Ana acordava de seu desmaio, seu pescoço havia sido apenas arranhado por uma faca, mas ela estava repleta de pânico. Também tinha marcas de dedos pelo pescoço. A pessoa tentou enforcá-la. Ou apenas assustá-la.

- O que aconteceu?

- Ele chegou e tentou me enforcar... mas disse que não iria me matar àquela hora... ele disse que eu vou morrer ainda esta noite... se...

- Se o quê Ana?

- Se o Sidney não aparecer...

- Então ele está vivo. Mas por que ele não nos procurou? Você pode descrevê-lo Ana?

- Não, ele usava uma máscara. Uma máscara branca era um rosto sem vida, olhos com lágrimas negras escorrendo pela face.

- A sua altura? Idade? Cabelos brancos? Não conseguiu ver nada?

- Nada, foi rápido demais sargento. Só me lembro da máscara.

- Espera aí. Máscara Branca! É claro!

- Do que está falando?

- O conto do Sidney. Ele fez um conto há um ano e meio, um conto de terror, era um padre que havia abdicado da batina por uma linda mulher, e que com o passar dos tempos ficou louco e começou a matar as pessoas usando uma máscara como esta. Muitas pessoas o criticaram por este conto. Eu nunca senti ele tão abatido como naquela época. Alguns começaram a persegui-lo. E desde então ele não publicou mais contos, apenas poesias, sonetos e poetrix... ele apenas queria continuar no recanto.

- Você faz idéia de quem pode ser?

- Não. Mas e o pescoço, como está?

- Vai ficar bem. Ele apenas me riscou.

Foi quando de repente a luz se apagou no hotel.

- Ele ainda está aqui!

- Não entre em pânico, Ana. Vai ficar tudo bem.

- Do que você está falando, não vai ficar nada bem.

Eles começaram a ouvir passos em sua direção.

- Quem está aí. Diga ou eu atiro!

- Você atira! Ha. Ha...Ha... Essa foi boa!

- Não duvide de mim seu imbecil, eu falo sério!

- Esta sua arma de brinquedo não mata ninguém Marcos. Deixe de ser tolo.

- Sidney?

- Não! O seu amigo Sidney não existe mais.

- Mas quem é você então?

- Pergunte pra Ana!

A voz continuava rindo o tempo todo. Um riso desafiador, que causava pânico em Ana.

- Deu tudo errado amigo! Ela disse enquanto corriam.

- O que está acontecendo? E como ele sabe meu nome?

- Precisamos correr sargento! Te explico depois!

Eles seguiam em disparada corredor afora, seguidos pela sombra de uma máscara com lágrimas negras.

- Me explique o que está havendo!___eles corriam pelo corredor até a porta dos fundos.

- Quem é ele, Ana?___a porta dos fundos estava próxima, Ana queria apenas fugir daquela voz. Marcos continuava e quando chegou até a porta ele parou em frente a ela interrompendo a passagem.

- Você vai me dizer agora! Quem está nos perseguindo? Onde está o Sidney?

Enquanto ele falava, ambos ouviam o barulho de metal riscando a parede, quem quer que seja que os estava perseguindo tinha algum tipo de arma.

- Este é Borges, meu ex marido!

- Mas ele não estava morto?

- Não! Internado num manicômio. Ele fugiu há dois anos e nunca mais o encontraram. Até agora...

- Cuidado!!!___gritou o sargento, ao mesmo tempo em que puxou Ana desviando-se da lâmina cortante de um enorme machado. Eles abriram a porta e saíram pelos fundos do hotel. Continuaram correndo em direção do Cadillac.

- Meu Deus! Essa foi por pouco. Por que o Sidney não me contou nada disso?

Eles entraram no carro, e Marcos deu partida, mas o carro não ligava.

- Droga!!! Ele... ___o machado interrompeu sua conversa, e partiu o para brisa ao meio. Por sorte Borges acertou o machado entre os dois. Pela primeira vez o sargento pode ver o psicopata frente a frente, foi aí que ele se assustou ainda mais.

- O quê é isto?___era uma máscara fria, mórbida, aterrorizante.

Foi quando o grito de Ana interferiu seus pensamentos...

– Corraaaa!!!

Eles saíram correndo pela porta do passageiro enquanto o louco os perseguia.

- Onde está o Sidney?

- Ele está na casa de uma amiga minha. Mas... ____eles correndo, já cansados, deram a volta e entraram novamente no hotel, trancafiando as portas e seguindo para a cozinha.

- Mas o quê?Diga!

- Ele é meu filho.

- Como? Está louca! O que está havendo aqui? Vocês são loucos. Os dois. Onde está o Sidney?___ o sargento pegou uma faca e andou na direção de Ana.

- Onde ele está? Vocês estão juntos nisso. O Sidney sempre me falou que você não o amava. Que o deixou. O que você fez com ele?___ele a segurou contra a parede.

- Todos mentem amigo. Não é? __era o assassino entrando na cozinha. Ele tirou sua máscara e isto deixou Marcos ainda mais perplexo.

- Mas você...

- Sei... eu sou o Sidney... ha. ha...ha...

Foi quando o sargento largou Ana. Enquanto sua mente unia os fragmentos, o amigo do recanto, a cabana, os filhos, Ana, o padre louco assassino.

- Não você não é ele. É a descrição dele. Você é o padre. E você... Ele agora olhava para Ana.

O assassino continuou feroz...

- Então você enfim compreendeu! É isto mesmo. O Sidney não existia meu amigo, até que esta vagabunda resolveu engravidar e colocar este nome ridículo no seu filho.

- Você é o Sidney Ana. Você!

- Sim sou, eu entrei no recanto com um pseudônimo, como muitos. Era uma brincadeira apenas, algo para servir de inspiração. Com o tempo o Borges ficou louco de ciúmes.

- Do recanto?

- Não. De você. Ele viu o quanto eu estava gostando de você. E de repente ficou louco. Começou a me dar surras e me trancar no quarto por dias. Deixava-me presa ali. Até que um dia ele matou uma de nossas babas e foi preso. Alegou insanidade mental e foi transferido para um manicômio.

- E seu filho?

- É filho dele, mas ele não acredita em mim, ele é louco, diz que o filho é seu. Meu filho tem 15 anos, está escondido como eu já te disse.

- Mas vou achá-lo... e depois vou cortar cada um de seus membros... isto depois de matar vocês é claro. Mas vou começar com você sargento, que não é policial coisa alguma.

- Do que está falando?

- Você como a grande maioria, é um mentiroso. Não é da polícia. E esta sua farda barata, comprou onde numa loja de fantasias?

- Então foi você quem me chamou até aqui. Era com você que eu conversava no msn na última vez.

- Sim, era eu. Sabia que iria vir proteger seu amiguinho. Você e seu coração mole. Seus contos são tão amáveis, cheios de mensagens, você se julga especial. Mas não é nada. E Ana, nem pra mudar sua senha do msn, como ela é previsível. Foi tão fácil te trazer até aqui. Deixar aquele sangue no teclado, sangue de animal, fazer uma bagunça na cabana... a memória do computador foi só para te prender mais aqui... para que eu tentasse encontrar o Sidney.

- Desculpe-me! ___disse Ana desesperada.

Foi quando Borges veio avançando em sua direção.

- Você vai morrer agora. Ele passando o machado de mão em mão, com um sorriso psicótico, e olhos de maníaco.

- Não faça isso.___implorou Marcos enquanto Ana se encolhia.

- Vai fazer o quê?___sua voz ainda mais perturbadora.

Borges ergueu o machado e partiu para cima de Marcos que jogou a faca nele. Acertou seu ombro esquerdo. Borges perdeu o equilíbrio, mas ainda assim o machado passou a dois centímetros de Marcos. Bem do lado de sua orelha. Ana chorava em pânico. Estava paralisada.

- Levante Ana, fuja daqui!!!

Borges arrancou a faca de seu ombro, um jato de sangue espirrou em Marcos, que agora segurava a arma em sua mão, apontando-a para Borges.

- Vai me matar?___o assassino ria... ele pegou o machado novamente e investiu contra Marcos.

- Nem todos mentem Borges! ___enquanto puxava o gatilho, anos de sua vida passaram por seus olhos. Aquela era a primeira vez, em muito tempo que fora necessário atirar em alguém em anos na polícia. A bala atravessou o olho esquerdo de Borges que caiu aos pés de Ana.

- Meu Deus você é mesmo policial.

- Sim sou. Você está bem?

- Sim. Desculpe-me por isso, por todos estes anos te enganando. Não podia te envolver nisto. Nem mesmo tive a coragem de me declarar, ou de te dizer quem realmente sou. Eu sinto muito.___Ana ainda chorava assustada, arrependida, triste e ao mesmo tempo feliz por estar liberta daquele martírio.

- Ana... como é estranho te chamar assim. Eu te perdôo amiga. Entendo sua situação. Fique calma. Precisamos chamar a polícia agora. Você está livre, você e o Sidney estão seguros agora. Isto é o que importa... Mas e a cabana?

- É minha. É onde eu escrevia os contos. Um refúgio. Aquele era meu recanto.

Dois anos se passaram. O sargento nunca mais usou sua arma. Ana e seu filho eram felizes juntos, sem medo. Ela voltou a publicar seus contos e o pseudônimo ainda continua o mesmo. Sidney Muniz.

O sargento estava lá como sempre redigindo seu conto para publicar quando o bip tocou.

- Oiiii...

* Oi amiga. Como vai.

- Tudo bem, e você?

* Terminando meu conto.

- Qual título você colocou?

* Um assassinato no recanto das letras. Gostou?

- Eu sempre gosto! Você sabe disso.

* E o Sidney?

- Está ótimo. E sua família?

* Idem.

- Vai lá... publique logo pra que eu possa te ler...

* Xau Sidney!

* rsrsrrsrs

* Te adoro!

- Xau Marcos!

- Te amo!

Fim!

Agradeço de coração a todos que estão me lendo e principalmente a minha irmã querida "Cristiane Muniz" que me corrige tanto... o que me motiva, me deixa cada vez mais ciente de que "sim", tenho talento, mas que decerto tenho que progredir ainda mais, buscar mais, ousar mais, ouvir mais, ler mais e assim sempre aprenderei mais... E no fim quem sabe eu não realize meu sonho...

Valeu Maninha! Te amo incomensurávelmente!

Obrigado!!!

Sidney Muniz
Enviado por Sidney Muniz em 10/01/2011
Reeditado em 15/01/2011
Código do texto: T2720354
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