SONHO OU REALIDADE (março/1973)

SONHO OU REALIDADE (março/1973)

São exatamente 24:00 h (vinte e quatro) horas de ontem e 00:00 h (zero) hora de hoje. Lá fora o vento uiva ao castigar o matagal, a coruja que piava silenciou-se, não dá mais sinal de vida; no céu escuro nenhuma estrela, até parece que a lua está atrasada.

Como lá fora, aqui dentro está escuro como breu. Sinto um frio no espinhaço, os cabelos eriçam, minha voz morre na garganta quando o cachorro late forte e rouco lá fora, ele está anunciando a aproximação de algo ou alguém.

Neste momento os grilos que faziam algazarra silenciaram, os sapos que coaxavam na lagoa um pouco além, emudeceram, tudo isto indica a aproximação de alguma coisa, mas o que?

Abro a porta, mas não vejo nada, apenas ouço o som do matagal se mexendo. O cão agora está latindo ferozmente, porém sem coragem de ir em frente; um frio gelado que vem do vento bate no meu rosto, logo sou obrigado a fechar a porta e voltar para dentro.

Olho por uma fresta da porta, mas nada vejo além da escuridão aterradora. De repente um clarão risca o céu, alguns segundos depois o trovão, relâmpago e trovão são indicadores de tempestade, mas mesmo assim o fantasma lá fora continua a rondar a casa, o cachorro cada vez mais feroz e mais perto da porta, e eu o que devo fazer?

Subitamente o cachorro chia de dor e sai gritando como se tivesse levado uma paulada; e neste instante o medo aumenta tanto que sinto as mãos e os pés gelarem, quero gritar, mas não consigo, pois o que está lá fora continua se aproximando, uma vez que já não existe o som de roçar de mato, e sim pisadas fortes agora bem junto à porta.

Encosto-me a um canto da sala, pois pressinto o fim, sala esta que está na mais absoluta escuridão.

Silencio.

Mais silencio.

Os minutos se transformaram em horas, os segundos parecem que não passam, e nunca que amanhece. Nem a lua sai; pelo menos para clarear um pouco. E eu aqui sozinho no escuro a rezar.

O medo me fez cochilar, porém sou sobressaltado por pingos de chuva no telhado.

Bem, agora o monstro lá de fora vai embora, assim pensei, mas minhas esperanças se foram quando sem mais nem menos a porta se abre de supetão, estava eu neste momento de joelho e de costas para a porta, mas me virei e ao mesmo tempo acordei..

Aleixenko
Enviado por Aleixenko em 14/01/2011
Código do texto: T2728238
Classificação de conteúdo: seguro