VIDEL 08
O encontro entre Videl e os gêmeos causou um racha entre a sociedade, em todo o planeta.
No dia seguinte ao “duelo”, só se falava naquilo. A humanidade nunca esteve antes tão dividida, tão bipolarizada. Brigas, discussões, embates, confrontos e até guerras, pipocavam em todo o planeta.
Poucos tinham noção, mas o homem viveria a grande e definitiva guerra.
De qualquer forma seria a última guerra.
Ou rumaríamos para a completa extinção da raça humana, como a concebemos hoje, ou transcenderíamos a animalesca condição, e alçaríamos o vôo da elevação espiritual e da união entre os povos.
O futuro do homem estava nas mãos de três crianças...
A Terra viveu esse caos por um mês.
Foi o mês do isolamento total de Videl. Ele encasulou-se num canto do quarto, no chão mesmo, encapsulando de tal maneira, que criou-se até uma pequena teia, escura e fétida.
Durante um mês não comeu, não bebeu água, não acordou.
Os gêmeos cantavam e oravam dia e noite. Salmos e cânticos em línguas estranhas e desconhecidas.
Numa manhã ensolarada, sem nuvens e ar muito parado, quente como nunca se viu, Videl acordou. Tinha apenas sete anos de idade, mas quando se ergueu, viu-se com 1,90m de altura, a força de um Hércules, a barba cerrada, os dentes afiados e a pele ligeiramente avermelhada e cascuda.
Ele olhou-se demoradamente no espelho, enquanto uma indescritível onda de força, energia e poder invadiu-lhe as entranhas, as células, a alma...
Ele acordou faminto e sedento.
Mas não era de carne nem água...
Naquele dia Rafael e Gabriel pararam de cantar. Deram-se as mãos, sentaram no chão em posição de meditação, fecharam seus olhinhos e rezaram fervorosamente.
A segunda batalha estava para começar.
Rafael e Gabriel sentiam que o que os esperava tinha sede de vingança.
E que não só o futuro deles estava em jogo...
A responsabilidade pesava sobre os pequenos ombros daqueles dois anjinhos.
Mas havia um olho que olhava por eles... E por todos nós...