1 - O Corvo

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Capitulo 1. A Felicidade Perdida.

A lua brilha alto no céu escuro. A sua luz brilha e reflete na superfície da água do mar.

Um casal, abraçados, anda sobre a areia da praia, deixando a água do mar molhar-lhe os pés. Eles riem muito. Amam-se. O carro deles está a uns trinta metros de onde estão. Dão um beijo gostoso. Olham-se apaixonadamente.

- Eu te amo muito Kelly.

- Eu também te amo, Jason. – responde Kelly com um sorriso.

Jason é um homem alto e atlético. Cabelos negros divididos no meio e olhos azuis. Kelly tem cabelos loiros com mechas pretas, lábios carnudos e um sorriso simpático e cativante.

- Grande idéia sua, Kelly, estarmos aqui na praia, nessa linda noite.

Ela dá um sorriso cativante, brilhando mais que a lua.

- É sempre bom estarmos com quem nos amamos... onde estamos se torna um lugar especial, pois estamos vivendo um momento especial. Haja o que for, Jason, eu nunca vou deixar de te amar.

Jason para e a olha nos olhos. Seus olhos azuis brilham de emoção.

- Eu também sempre vou te amar, Kelly. – ele tira uma caixinha preta do paletó. Abre-a e revela dois anéis de ouro. – quer se casar comigo?

Kelly chora de felicidade, olhando os dois anéis brilhando com a luz da lua. Sorri para seu amado e diz:

- Mas é claro que sim.

Eles se abraçam e se beijam. Um beijo revelando todo o sentimento que um sente pelo outro.

Escutam um ronco de motor. Forte e impotente, rasgando o barulho das ondas do mar.

O casal procura a origem do som. Encontra a silhueta de um carro negro encostado no astra vermelho de Jason. O carro mais parece uma presença maligna em meio a sombras e escuridão. Kelly e Jason sentem medo. O coração acelera.

- Vamos dar uma volta pela praia... – diz Jason, tentando esconder seu medo. – talvez quando voltarmos eles já tenham ido embora.

Kelly concorda com a cabeça. Eles andam rápido, se afastando.

A praia está completamente deserta. Rezam para encontrar ao menos um pé de alma vivo. Escutam-se ofegantes, caminhado, cada vez mais se desesperando por um terror desconhecido.

Eles andam e andam. Perderam a noção do tempo. Kelly olha para o seu amado e diz mostrando medo e cautela na voz:

- Querido... Não adianta nos afastarmos mais. Temos que voltar para casa antes que fique tarde demais.

Jason olha para ela, nervoso.

- Você tem razão. – ele olha para todos os lados. Nada e ninguém. – não podemos ficar por aqui por muito tempo mesmo.

Eles dão a volta e fazem o percurso contrario quase correndo, pela areia da praia. Sobem a pequena elevação onde está o carro. Olham em todas as direções. Apenas o estranho carro preto parado. Nervosos, abrem as portas do astra e entram. O casal esperimenta um pouco de alivio ao sentir o calor do interior do carro. Jason liga-o na hora. Ele dá um ronco leve. A marcha é ajustada para marcha-ré. Acelera, o carro força, mas não responde.

Um calafrio percorre a espinha do casal. O medo reflete no coração e alma de ambos. Kelly olha para o namorado, apavorada e diz num grito controlado:

- Sai daqui! Sai daqui!

- Eu estou tentando... eu estou tentando.

- Droga! Sai logo, Jason.

- Merda, Kelly, você acha que eu não estou tentando?

Jason abre a porta e olha para os pneus. A cor do seu rosto desaparece. Os dois pneus do lado do motorista estão furados. E provavelmente, os outros dois também.

Ele olha para a namorada frustrado e com uma tremenda angustia. Apavorada, Kelly pergunta:

- O que foi?

- Os quatro pneus... – engole em seco, como se provasse um licor ruim. – os quatro pneus estão furados.

Kelly entra em pânico. Grita incontrolavelmente. Chora e lamenta. Jason a segura e a abraça. A garota repousa a testa no ombro do namorado chorando e dizendo, baixinho:

- Eu quero ir para casa... eu quero ir para casa.

Sons de passos se aproximando. Jason fecha a porta, pega o seu celular e disca 911. Aguarda ser atendido atentamente, olhando para todas as direções como um paranóico. A única coisa que conseguem ver bem é o mar e a lua logo acima, iluminando-a.

- Ora... que vadia bonita é essa daí. – a voz é rouca de desejo, e parece rasgar o silêncio como uma navalha.

- Meu Deus, não por favor. – implora Jason. – nós já estávamos de saída. Por favor, deixem-nos ir.

Kelly se apavora com a voz estranha. Seu coração fraqueja e chora em silêncio.

- Vamos... por que querem ir agora? – diz uma outra voz sarcástica. – a festinha vai começar agora.

- É isso ai. E vocês são os pratos principais. – uma outra voz, mais lunática e perversa.

Rompe-se em gargalhadas. Quatro vultos fortes e músculos se aproximam do carro. Um dos vultos está com um taco de beisebol. Ele arremessa o taco contra os vidros do carro, arrebentando-os. Os cacos de vidro se espatifam e caem sobre os passageiros.

Kelly grita incontrolavelmente. Jason chora, implorando pelas suas vidas. Os outros três vultos aproximam-se e balançam o astra de um canto a outro, como um navio em uma tempestade.

As gargalhadas ainda imperam, junto com o medo, o barulho do carro sendo sacolejado, o taco de beisebol espatifando os faróis do carro e Kelly gritando rouca de pavor.

Uma das sombras – um indígena com o cabelo estilo moicano – agarra os cabelos de Jason e o puxa para fora do carro. Com uma voz rouca e sinistra, diz :

- Este garoto aqui é meu.

- Ora... mas eu também quero experimentar. – Grita o homem de voz lunática de apelido Sr. do Medo.

- Mas eu vou ser o primeiro. – diz o moicano, sério e impassível.

- Desgraçado. – responde o comparsa entre dentes, com raiva.

Jason grita de pavor, esperneando, chutando para todos os lados.

- Por favor... não! Eu dou dinheiro para vocês, mas nos deixem livres. Eu imploro!!!

Jason leva um soco no estômago, fazendo o ar de seus pulmões esvaírem-se. O moicano, de nome Clark, retira uma faca de caça da sua jaqueta de couro. Vira o corpo de sua vítima de bruços e rasga a calça dele.

Jason sente como se sua própria pele tivesse sido cortada. Clark tira a sua roupa, coloca sua genitália para fora e avança para cima de sua vitima, possuindo-a.

A porta do passageiro, onde Kelly está, é aberta. Ela é puxada por dois brutamontes para fora do carro e jogada contra a areia da praia. Leva chutes na cabeça e no estômago. Fica tonta. Rindo e apavorando a pobre garota, eles arrancam a roupa dela, jogando o tecido para o alto.

Ela é possuída, entre gritos e gemidos dos agressores.

Enquanto estuprada, Kelly nota no antebraço de um deles uma tatuagem de um “A” de anarquia. Em seguida, ela é coberta por golpes de faca, cortando-lhe por completa. Seu corpo se esvai. Não tem forças nem para gritar de dor.

Jason escuta os gemidos dos homens atrás de si, ejaculando dentro dele. Ele chora de dor, ódio e por desonra.

- Agora é minha vez! – grita S.M, com voz lunática cheia de prazer.

E mais uma vez, o pobre do rapaz é possuído de forma devassa e sem pudor. Em seguida, o moicano e S.M enchem ele de pancada. Pegam o taco de beisebol e cobrem-lhe de golpes maciços e fortes. Deixam-no ainda vivo.

Jason fica imóvel por alguns segundos, sujo de sangue, areia, suor e sêmen. Olha Kelly sem vida do outro lado, coberta por sangue e furos de faca.

Um som de ronco de motor rompe o ar – se afastando. Logo, nada mais é escutado.

Chorando com a cara coberta de hematomas, Jason se aproxima da namorada, morta. Com grande esforço, chega até ela. Olha-a, ela ainda de olhos abertos, olhando o vazio do céu escuro e infindo. O rapaz deposita sua cabeça no peito dela e grita de ódio, chorando terrivelmente pela perda de sua amada.

Pela dor do corpo e da perda, Jason desmaia.

As horas se passam. O sol começa a despontar no horizonte, sobre o mar calmo e límpido. Um dia lindo, se não fosse pelo ocorrido na noite anterior. A praia continua serena. O carro vermelho ligado, com os quatro pneus furados.

O sol quente lança sua luz sobre dois corpos caídos no chão. Um casal. Brutalmente assassinados. Mortos de forma covarde.

davifmayer
Enviado por davifmayer em 17/11/2006
Código do texto: T294226