O ANJO CAÍDO

Já era de tardezinha. Cansada de dirigir por muitos quilômetros através de uma região desabitada ela resolveu parar em um Hotel e restaurante. O único que vira pelas últimas horas. Aliás todos naquela rodovia paravam por ali para fazerem suas refeições e normalmente pernoitavam, visto que num raio de quinhentos quilômetros não havia casas nem outro estabelecimento comercial. Havia várias pessoas no local. De repente ela viu entrar um senhor esquisito ao qual todos olharam com desprezo, ele olhou para ela e sorriu, ela por gentileza sorriu também. O homem pegou seu prato e meio que desajeitado diante daquelas pessoas bem vestidas resolveu sentar-se próximo dela, puxando conversa já que ela fora a única a lhe dispensar um amistoso sorriso. Para não ser deselegante ela respondeu educada e gentilmente a todas as perguntas do estranho, o mínimo que se espera de um ser humano.

Ao acabar de jantar ela aliviada despediu-se do indivíduo, pagou a conta e saiu. A noite já havia caído. Ela despistada observou que o sujeito a observara entrando em seu potente carro seminovo.

Ela funcionou o veículo acendeu os faróis e foi-se embora.

Havia comprado o carro seis meses atrás e ele funcionava como novo, além disso ela sempre o revisava preventivamente em uma afamada oficina mecânica.

Solitária ela dirigiu por algum tempo.

Não havia uma estrela no céu, a noite estava escura feito breu. De repente o automóvel sofre uma pane, todas as luzes se apagam e o motor emudece. Ela que nunca havia passado por aquela situação, em meio àquela apavorante escuridão, como não via passar nenhum outro carro no mesmo sentido ou em sentido contrário começou a apavorar. Amedrontada e sem recursos começou a rezar:

_Senhor, tenha piedade de mim, por favor envie um anjo pra me ajudar e alí parada no acostamento pôs- se a chorar, pois lembrou de ouvir na mesa ao lado no restaurante alguém comentando que naquela rodovia havia muitos assaltos e mortes, ela só não pernoitou no hotel pois confiava no carro e tinha que prestar um concurso na manhã seguinte, se fosse aprovada seria a realização dos seus sonhos.

Chorava muito quando uma luz apareceu no retrovisor, apenas uma luz bem longe.

Alguns minutos depois pode perceber pela aproximação que era o ruído de uma moto. Isso a amedrontou ainda mais. Normalmente os assaltos e mortes eram cometidos por motoqueiros, o que lhes facilitava a fuga, lembrou-se do final da conversa macabra dos vizinhos de mesa na hora do jantar.

Bateu o desespero, o motoqueiro parou do lado:

_Moça, posso ajudar?

Ela olhou em pânico mas viu que o motociclista era o cara esquisito do restaurante, no momento ele não era tão assustador assim, além de ser um rosto conhecido.

_ Se for parte elétrica posso consertar para você!

Lembrou-se então de na oração ter pedido um anjo, por certo Deus o havia colocado em seu caminho. Só mesmo um anjo àquela hora e naquele lugar.

Conversavam enquanto o rapaz utilizando-se da luz do farol da moto, com muito custo resolveu seu problema. Tendo feito, certificou-se de que o carro funcionava normalmente, despediu-se dela e foi-se embora. Ela agradecida quis recompensá-lo com pagamento ao que ele recusou-se a aceitar com toda gentileza e carisma, depois num instante desapareceu em alta velocidade.

Ela continuou seu percurso através da escuridão da noite, sempre se lembrando do fato de ter sido milagrosamente socorrida por um anjo. Rezou e mais uma vez agradeceu a Deus.

No dia seguinte, após prestar o concurso retornava para sua cidade com dia claro, percebeu estar nas proximidades de onde o carro dera defeito na noite passada. Lembrou-se de ter

visto por perto a mesma placa que viu antes do episódio do defeito do carro.

Parada para averiguação policiais a informaram que na noite anterior, na hora do jantar houve um assalto ao hotel e restaurante no qual o bandido matou todas as pessoas presentes, depois naquele trecho da estrada efetuou mais três assaltos seguidos de morte, e que em um deles o malfeitor havia matado toda uma família.

Nesse momento ela lembrou-se de não ter passado nenhum carro viajando no mesmo sentido que o dela na noite em questão. Assombrou-se ao ver o retrato do bandido. O cartaz exibia com perfeição o rosto do homem que tão gentilmente a ajudara na noite passada. O mesmo com quem conversara pouco antes na hora do jantar.

Em negrito estava escrito no cabeçalho: "Carlão, o Impiedoso. procurado vivo ou morto.

Saulo Campos

Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 22/05/2011
Reeditado em 28/02/2013
Código do texto: T2985477
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