Tempo perdido

Ana acabara de tomar seu banho. O corpo quente ainda exalando a loção após banho que ela havia espalhado em si. Apenas o robe sob sua carne nova, aquilo a deixava mais sensual do que de costume, isto porque ela já era um bom pedaço de mau caminho vestindo seus trajes normais.

Seus pais haviam saído para um jantar na casa de amigos e ela se encontrava quase só em casa, se não fosse a presença de seu namorado, à sua espera na sala, assim ela imaginava. Ela teve de o enxotar da porta do banheiro pelo menos duas vezes. Ele batia insistentemente para que abrisse a porta e tomassem banho juntos, ele sabia que iriam ficar sozinhos tempo o bastante para que eles tivessem sua primeira transa, e ainda daria tempo de ir na festa da Claudinha depois, a insistência sempre era uma recurso para este tipo de problema, assim pensava ele.

Ela espreitou o corredor a procura do namorado, e nenhum sinal dele, foi então para o seu quarto.

Na verdade ela achava que finalmente chegara a sua hora, mas ela não queria que fosse em sua casa, não pelo menos aquele dia. Havia combinado com sua amiga Claudia, e ela já estava com a chave de um dos quartos da casa, tinha deixado tudo preparado para a sua grande noite. A noite em que ela voltaria para casa não como a menininha que sempre foi, mas sim transformada em mulher. E seria perfeito, porque ela sabia que aquele era o cara, ela o amava e sentia reciprocidade naquilo.

Ao entrar no quarto encontrou seu namorado deitado na cama, os olhos cravados nela, desejando-a. O robe um pouco aberto mostrava a curva do seio, a perna grossa também chamava a atenção.

- Tudo isso é pra mim? – disse ele em tom lascivo.

- Cai fora Lauro! Já disse que ainda não – ela dizia isso meio que a contra gosto, porque na verdade ela gostou de o ver ali - acho que vou cortar aquela surpresa que estava preparando para você sabe.

Ele se levantou conformado, já desistindo deste round. A noite era grande e ele podia ter mais um pouco de paciência. Porém, antes de sair ele lhe deu beijo e se aproximou mais de seu corpo, enquanto uma mão a puxava um pouco para si, colocando-a em contato com seu corpo rijo, fazendo-a sentir que ela o excitava, a outra ele colocou sobre sua barriga e foi subindo pelo robe até encontrar o seio que se mostrava pela abertura.

Dando-lhe um leve empurrão, mas que o fazia desgrudar dela, apontou para a porta e em tom imperativo disse:

- Agora!!!

Ele saiu, com um sorriso safado no rosto e a sensação de que aquela noite prometia.

Assim que pisou para fora de seu quarto ela bateu a porta e se trancou.

Uma grande confusão se formara em sua cabeça, ela ficara excitada com a ação repentina dele, e o sentiu excitado também, ficou com vontade de jogar tudo para o ar e cair na cama com ele, fazendo amor até acabar o fôlego. Porém, também estava furiosa, como poderia ter tal audácia, e se...

Apenas esqueceu e foi terminar de se arrumar. Vestindo o que tinha de mais abusado em seu guarda-roupa.

Lauro se sentia vitorioso, conseguira exatamente o que queria, aguçar a vontade da namorada. Foi ao banheiro aliviar um pouco daquela tensão e depois decidiu que precisava de um pouco de água. No corredor por onde passava também ficava o quarto dos pais de Ana, olhou casualmente para dentro e a grande janela do outro lado mostrava o quintal pouco iluminado. Ele parou o próximo passo e olhou mais fixamente para o lado de fora, havia alguém ali olhando para ele, os olhos esbugalhados como um demente. Um arrepio lhe desceu pelas costas, mas antes que se emudecesse de medo ele disse:

- Ei, o que está fazendo aí?

Ana escutou achando que era com ela e nem respondeu ao tom grosseiro do namorado.

Do lado de fora a coisa se moveu e Lauro achando-se amedrontador correu para fora parar expulsar quem quer que seja.

De dentro do quarto Ana escutou o que seria uma corrida, um grito e um estrondo, e começou a se preocupar.

- Lauro!

Nenhuma resposta.

- Lauro, o que está aprontando hein?

Continuava sem resposta.

Não havia terminado de se aprontar, estava com um vestido preto curto e a maquiagem feita. Ela saiu do quarto e foi em direção do barulho, os fundos da cozinha. Ela ouviu alguns estalos, mas não quis chamá-lo de novo, o coração parecia querer sair pela boca.

A porta estava aberta, acendeu a luz dos fundos e olhou lá para fora.

Havia umas coisas derrubadas na área, e de onde estava só podia ver uma perna de Lauro largada no chão. Ela arriscou ir um pouco para fora para ter mais visão. Forçou um pouco mais a vista e havia algo ou alguém em cima do namorado, e era dali que vinha aquele som de estalos.

- O que houve aqui?

O som parou, o que quer que seja se levantou devagar e virou o rosto para ela.

O que pode distinguir era que aquele ser tinha mãos grandes, a ponta dos dedos eram mais finas, parecendo com garras, tinha a forma um pouco curva, as pernas grossas e trêmulas, cabelos compridos bagunçados, não haveria pente no mundo que desembaraçasse aquilo, a barba grande e molhada. Ele deu um salto muito rápido na direção dela. Ana deu um passo para trás. Ao chão atrás “daquilo” estava Lauro, o peito e a barriga abertos, as vísceras a mostra. A criatura ofegava, o sangue de Lauro pingando de suas garras e boca, mas o pior era o olhar. Havia desespero neles. Ela não teve tempo de gritar, só conseguia pensar em uma coisa enquanto a criatura se alimentava, devia ter cedido aos encantos de Lauro, não ter perdido mais tempo e ter sido feliz.

Juliano Rossin
Enviado por Juliano Rossin em 14/12/2006
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