Um diário diferente....parte 1

“Caro D, hoje foi um dia muito produtivo e incrível. Lembra-se daquela garota que eu havia lhe contado? Então, eu a vi novamente, ela passou perto de mim hoje e notei que seus olhos verdes caíram sobre mim. Quando senti que me olhava, levantei meu rosto e a observei, pareceram longas horas, mas os poucos segundos valeram tudo. Voltei a vê-la, na saída da aula de biologia. Descobri que se chama Gabi e é nova na cidade e, é claro, na escola.”

“Mudou-se há pouco mais de dois meses. Como eu sei? Oras, já não lhe disse que minha intuição sempre me apontou para o lado correto, sempre? Enfim, como estava lhe dizendo, quando os olhos verdes, eram tão verdes e brilhantes que me lembraram aqueles bosques verdes como aquelas imagens que todo computador de escola de informática tem, pararam sobre mim, senti meu coração disparar. Seu nome caiu sobre meu colo quando, acidentalmente, enquanto passava perto dela e de algumas amigas delas, seu nome flutuou pelos lábios de uma garota qualquer e ela acenou com a cabeça, confirmando ser esta sua graça. Ainda falarei com ela”

“Mas não pense que fiquei agraciado apenas com seu olhar sedutor, ou que apenas meu coração foi a mil significa mais do que parece. Não. Não, não e não. Pouco depois que acabou a aula, por coincidência, percebi que a Gabi, que não se importou nenhum pouco de chamá-la assim, mora bem perto da minha casa. E como eu sei? Simples, ela faz um caminho meio diferente do que estava habituado, mas a considero como sendo minha vizinha.”

“Aliás, sua casa é muito bonita, foi recentemente pintada com um azul claro que faz lembrar o céu quando não está total ou parcialmente nublado. Isto é, no dia de hoje, não deu pra contemplá-la perfeitamente. O portão da casa, que a cerca, é bem pequeno e por isso, julguei que seria interessante dizer a ela e futuramente à sua mãe que não é muito seguro ter um portão tão pequeno nesta vizinhança, muito violenta. Acho que ela não deve saber muito sobre isso.”

“Acredito que ela tivesse algum compromisso marcado, pois não se demorou em casa. Entrou de uniforme da escola – uma calça daquelas de elástico e a camiseta branca - e saiu com um daqueles ‘vestis” curto e florido e uma calça jeans. Ficou mais linda do que já era. O cabelo longo e negro, solto, realçava seu corpo bem definido. É, D., beleza é pra poucas e poucas são as que existem.”

“A Gabi, D., deve ser bem extrovertida e curiosa em conhecer lugares novos. Não se demorou na casa, pois deveria estar atrasada, e logo foi ao shopping que fica por perto. Claro que não poderia deixá-la andar sozinha por aí, afinal, qualquer um sabe do perigo que é ter alguém seguindo.”

“Fui logo à sua frente, pra garantir sua segurança, uma vez que pus em minha cabeça que garantir sua integridade seria meu objetivo de vida, a partir daquele momento. Naquele horário, é claro, ela não deveria saber, mas o shopping estaria bem menos movimentado. Ele não era lá grande coisa e não existiam muitas lojas de grife ou aquela frescura toda que existe em grandes centros comerciais, mas havia uma praça de alimentação e algumas lojas que eram atrativas para as pessoas que moravam naquela região.”

“Como apressei o passo, cheguei com uma larga vantagem sobre a Gabi e, vasculhando bem o pequeno shopping, notei que havia um rapaz, não muito maior que eu e tão pouco mais bonito, mas que olhava para o relógio constantemente, da mesma forma, o fazia com a cabeça, olhando em volta, como se estivesse esperando alguém”

“Pela segurança dela, cheguei perto desse rapaz e o questionei, se esperava por alguém, o que, mesmo tendo sido pego de surpresa, respondeu-me que sim. Na lata, mandei: Pela Gabi? Até então, nunca tinha visto olhos saltarem daquela forma no rosto de alguém. Não obtive a resposta falada, mas sua feição respondeu que sim. Acidentalmente, meu braço esbarrou no copo de refrigerante que havia em sua mesa, derrubando em cima de sua roupa. D., nunca tinha ouvido tantas tão estranhas como aquelas. Não deixaria que aquele cara despejasse tais palavras aos ouvidos da minha Gabi, O rapaz saiu esbravejando e foi em direção ao banheiro, queria me desculpar, por isso o segui até lá.”

“Confesso que até então, aquele desejo que me pulsava não havia se manifestado tão intensamente como naquela hora. Segui-o. Ao entrar no banheiro, estava se enxugando e tentando tirar a mancha, em vão, de sua roupa. Ao me notar, ali, continuo a saraiva de palavras ruins sobre mim. Tentei impedir tais ofensas. D, papai sempre me dava tapas na boca quando deixava escapar qualquer palavra que ele mesmo desaprovasse, mesmo sabendo que a maior parte delas havia aprendido com ele. Eu apenas fui fazer isso, para com o rapaz. Quando notei, meus punhos estavam em movimento constante em direção ao rosto dele e pouco segundos depois, mergulhavam-se num vermelho vivido e quente, que derramava de sua face. Pelo visto, todas as vezes que papai me dava uma nova lição, tornaram-me capaz o suficiente pra ensinar aos outros que não se deve lançar tão cruéis e vis palavras ao vento, como aquele rapaz. E ele aprendeu rápido, mas, escorregou de minhas mãos tão facilmente que ao deitar-se no chão, achei que queria dormir pra descansar mesmo, nem reparei que seu rosto inchado e ensangüentado.”

“Bom, como ele queria ficar por ali mesmo, lavei-me e fui ao encontro da Gabi e avisá-la que seu compromisso não viria, provavelmente. Não era o tipo de cara que morreria por ela. Já eu, mataria, por ela”...

Eber Miom
Enviado por Eber Miom em 17/12/2011
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