O EXTRATERRESTRE

O extraterreste

Eram menos de cinco da manhã. As duas amigas acabavam de sair do baile de Carnaval. Estavam muito cansadas. Pularam, dançaram, sambaram até ouvirem “Cidade Maravilhosa”, que marcava o fim de mais um Carnaval. Caminhavam lentamente pelas ruas do bairro que moravam como se tivessem vontade de eternizar àquelas horas felizes. As ruas estavam completamente desertas, podiam-se ver as folhas das árvores cobertas de orvalho e a lua cheia se despedindo através do horizonte.

Passaram por muitas ruas sem pavimentação, ao longa podiam ouvir o barulho da cachoeira que começava lá no final da rua. Sueli teve vontade de fumar, tirou um cigarro da bolsa, e verificou que sua caixa de fósforos estava vazia. Olhou para a amiga Solange e perguntou: - Sobrou algum fósforo? Solange virou o rosto para o outro lado, e Sueli acompanhou seu olhar. No final da rua em que caminhavam podiam ver uma pequena fumaça. Talvez alguém passando, estivesse fumando. Esperaram, o desconhecido foi se aproximando, quando já estava bem perto, elas ficaram presas no chão e não puderam dar palavra. Aquilo não poderia ser real, não era um ser humano, trazendo um cigarro nas mãos, era uma criatura horrorosa. Não tinha cabeça, tinha uma espécie de bola de vidro redonda, no meio um buraco, iluminado por uma chama vermelha, de onde subia uma fumaça. O que deveria ser braços e pernas era uma espécie de mecanismo de metal polido cinzento. Um horror, algo extraordinário. A criatura passou por elas, como se não as visse, foi caminhando com passos barulhentos. Até que chegou a um terreno baldio, embrenhou-se pelo mato e depois elas viram uma espécie de nave metálica sumir num giro rápido demais como se fosse movido por uma força desconhecia.

Sueli jogou o cigarro no chão, segurou a mão de Solange e começou a correr. Acho que só pararam quando chegaram ao portão do sítio onde moravam. Foram recebidas pelos cachorros da tia de Solange, entraram com os corações aos pulos e sentaram-se na grande varanda da casa, até tomarem coragem para entrar em casa.

Dias depois se encheram de coragem, e ainda de madrugada, resolveram voltar ao mesmo lugar, onde tinham visto a estranha criatura. Desta vez, tinham certeza que tudo não passava de uma alucinação, pois durante o baile tinham ingerido muita droga, e tomado muita vodca.

Tudo estava tranquilo, e as duas resolveram entrar no terreno baldio, não chegaram a dar três passos, e viram a estranha criatura acompanhada de mais dois visitantes estranhos. Parece que eles discutiam. Quando perceberam, que na verdade, eles estavam falando sobre elas. Estavam cercadas, o que seria delas. Os primeiros raios de sol invadiam o amanhecer. Eles entraram na nave e desapareceram num giro mágico.

Elas voltaram a si, voltaram para casa. E tiveram certeza de que tinham visto algo sobrenatural. Extraterrestres? Comentaram o caso com alguns familiares e amigos que zombam delas até hoje. O acontecido serviu apenas para uma coisa, as duas, juraram de pés juntos, que jamais voltariam a se drogar e a beber daquela maneira. Alguns anos depois, já casadas e mães de família, com os filhos na adolescência, começaram a escutar relatos dos próprios filhos que tinham amigos que presenciaram estranhas criaturas. O pai de um deles mais ousado, tentou segura-lhes o rastro, com filmadora e máquina fotográfica, sofreu um desmaio, ataque, sabe-se lá o que, os médicos diagnosticaram como AVC, e ele ficou paraplégico, e cego. Quando tentava contar o que lhe tinha acontecido, entrava numa espécie de furor, que todos achavam que ele ficara louco e não acreditavam em uma palavra do que ele contava.

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 27/12/2011
Código do texto: T3408236
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